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Como as redes sociais podem influenciar o narcisismo nas crianças e nos adolescentes?

Imagem de um menino usando o notebook
Johnce / Getty Images Signature / Canva
Escrito por Silvia Malamud

Narcisistas, geralmente, estão tão autocentrados em encantamento com as suas próprias imagens que não há espaço para o desenvolvimento do amor ao outro. Aliás, não existe a possibilidade desse tipo de olhar.

Freud desenvolveu a sua fantástica teoria sobre o narcisismo e postulou que, ainda quando somos bem pequeninos, ocorre a transição de um período maturacional em que o prazer está centrado nas sensações que temos em nosso próprio corpo, fase que inclui o autoerotismo.

Numa evolução normal, o direcionamento desse afeto caminha do próprio corpo e vai para outros objetos e pessoas diferentes de si mesmo. Essa é uma passagem que, se bem-feita, desenvolve a percepção de que existem outros fora de nós mesmos e que estes têm sentimentos e gostos independentes.

Essa dinâmica pode ser gerada de crises por volta dos 8 meses de vida, quando o nenê percebe que o outro não é extensão de si mesmo. Conforme o limite do outro se revela, para amar alguém fora de si mesmo é preciso lidar com questões que envolvem a alteridade. Amar e aceitar as diferenças entre o que sou eu e o que é o outro são tarefas a serem concluídas.

Narcisistas adoecidos não conseguem amar ninguém além de si próprios, pois se imaginam grandiosos de tal modo que esperam que todos ao seu redor se sintam obrigados a compactuar com seus delírios de magnanimidade e transformam a vida de quem estiver à sua volta um verdadeiro inferno. Como são eternos insatisfeitos em suas infinitas demandas, causam toda a sorte de acuamento, de terror, de manipulações e de iras.

Como o narcisismo se manifesta na criança e no adolescente?

Ilustração de um ovo imaginando ser um rei
SvetaZi / Getty Images / Canva

Crianças e adolescentes narcisistas sempre desejam que as atenções sejam voltadas para as próprias necessidades e próprios gostos. Além disso, há uma baixíssima tolerância às frustrações e dificilmente se contentam com algo.

Diante de dificuldades escolares, quando não vão bem em alguma disciplina, o que é comum, culpam professores por protegerem outros alunos e não lhes darem a atenção devida.

Por cultivarem uma grandiosidade e um senso de merecimento fora de contexto, muitos não conseguem seguir em frente com os estudos ou com o trabalho e encaminham-se para serem verdadeiros parasitas familiares.

Ademais, os narcisistas visam manipular tudo e todos e, se acharem necessário, não hesitarão em mentir na tentativa de gerar culpa por não serem suficientemente providos daquilo que imaginam que merecem e necessitam ter.

Tudo tem que girar em torno deles para satisfazê-los em suas demandas e, quando as coisas não ocorrem assim e devido à baixíssima tolerância que eles têm às frustrações, costumam ter ataques de fúria que, com o tempo e em casos mais graves, podem se transformar em violência física em quem estiver por perto, incluído os próprios pais.

Como as redes sociais podem influenciar o narcisismo nas crianças e nos adolescentes?

  • Vida de selfies, em que tudo o que se passa se refere ao que é supostamente belo no momento, promoção ininterrupta do marketing pessoal desenvolvendo excessos como a exacerbação do “culto ao eu” e busca frenética pelo sensacional, pelo status e pelo sucesso pessoal.
  • Vida voltada para fora e fuga do vazio interior. Pouco ou nenhum espaço para a construção da subjetividade, ausência de estrutura e aumento drástico da fragilidade em relação às frustrações. No universo on-line, a era do cancelamento chegou. O que incomoda e o que não se dá conta deixam rapidamente de existir sem a possiblidade de um desenvolvimento reflexivo anterior.
  • Cria-se o imaginário do êxito sem esforço.
  • A cultura do cancelamento já é o reflexo da ausência de vínculos estáveis ampliada pela volatilidade das inúmeras redes sociais, provocando aceleração massiva versus paralização da vida, além de incluir perturbadores sentimentos de desconexão.

Quais as consequências? Até que ponto é prejudicial? E o que pode ser considerado normal?

Menina sentada no sofá, mexendo no notebook
LuckyBusiness / Getty Images / Canva

Inúmeras consequências devido ao excesso das falsas vidas sociais pela internet podem ocorrer.

Jovens não ampliam determinadas redes neurológicas, perdem a noção de respeito para com os pais e regras simples, como comer, dormir e ir ao banheiro, começam a ser negligenciadas, o que significa que um perigo maior está no ar.

Conselho para os pais:

Além de resgatarem o lugar de autoridade, precisam ser empáticos, mas sem deixarem de dar limites claros. A determinação de horários precisos para o uso da internet deve ser observada com bastante seriedade. Se os filhos insistirem em não fazer absolutamente nada ou tiverem ataques de birra no intuito de manipularem os pais para lhes devolverem a ‘alegria/internet’, os pais devem se manter firmes, oferecendo atividades alternativas e, em muitos casos, se puderem, participarem de algumas dessas atividades.

A ideia é descondicionar esses ritmos ao ponto de condicioná-los em outras atividades que também possam gerar prazer. Se os filhos já se encontrarem muito viciados nas redes sociais, é provável que essa mudança de costume seja mais trabalhosa, mas, de qualquer modo que seja, sempre valerá a pena todo o esforço que for dispendido.

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Observe o fato de que pais que reclamam de filhos com dificuldades para lidar com frustrações podem estar dando exatamente o mesmo exemplo a eles se acaso desistirem de fazer valer os seus limites devido às resistências e às dificuldades pelos filhos impostas.

Ninguém disse que ter filhos seria uma tarefa fácil…

Quanto mais despertos, melhor!

Sobre o autor

Silvia Malamud

- Psicologa
- Especialista em temas relacionados ao Abuso Emociona com narcisistas perversos em relacionamentos afetivos, familiares, mãe/pai filhos, escolares, sociais e de trabalho.
– Especialista em Terapia Individual, Casal e Família /Sedes
- Terapeuta Certificada em EMDR pelo EMDR Institute/EUA
- Terapeuta Certificada em Brainspotting - David Grand/ EUA
- Terapia de Abordagem Direta a Memórias do Inconsciente.

EMDR e Brainspotting são terapias de reprocessamento cerebral que visam libertar a pessoa do mal estar causado devido à experiências difíceis de vida, vícios, traumas, depressões, lutos e tudo o mais que é perturbador e que seja uma questão para que a pessoa queria mudar. Este processo terapêutico, por alterar ondas cerebrais viciadas num mesmo tipo de funcionamento, abre espaço para que a vida mude como um todo, de modo muito melhor, surpreendente e inimaginável anteriormente.

Mais sobre Silvia Malamud: Além de psicóloga Clínica, é também formada em Artes plásticas- Terapia Breve - Terapia de Casais e Família pelo Sedes Sapientiai. Terapeuta Certificada em EMDR pelo EMDR Institute/EUA e em Brainspotting David Grand/EUA. Desenvolveu-se em estudos e práticas em Xamanismo, Física Quântica, Bodymirror. Participou e se desenvolveu em metodologias de acesso direto ao inconsciente, Hipnose, Mindskape, Breakthrough e outras. Desenvolveu trabalho como psicóloga Assistente no Iasmpe, Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual, com pesquisa sobre o ambiente emocional de residentes durante o período de suas residências, de 2009 até 2013. Participou do grupo de atendimentos de casais do NAPC de 2007 à 2008. Autora dos Livros "Projeto Secreto Universos", uma visão que vai além da realidade comum e Sequestradores de Almas, sobre abuso emocional que podemos estar vivendo, sem ao menos saber, sobre como despertar e como se proteger.

· Conhecimento terapêutico: Cenários e imagens: Já presenciei diversos pacientes fazerem "viagens" às vidas anteriores, paralelas, sonhos e mesmo se reinventarem em cenas reais ocorridas ou não. Vi-os saindo do túnel do reprocessamento, totalmente mudados e transformados, inclusive em suas linhas de tempo. Para mim, fica uma pergunta de física quântica... O que acontece com a rede de memória da pessoa se a matriz do acontecimento muda totalmente não o afetando mais? A linha do tempo e todos os significados emocionais transformam-se simultaneamente. Todos os eventos difíceis que a pessoa teve em relação ao tema ao longo da vida perdem o sentido e até parece que nem existiram, embora se saiba. A pergunta que fica é: O que é o tempo quando podemos nos transformar e nos auto-superarmos nesta amplitude?

· Coexistimos em inúmeras camadas de realidades que são atemporais. Por exemplo, o seu “eu” criança pode estar existindo e atuando em você até hoje... Outros aspectos desconhecidos também podem estar, sem que você suspeite.

Silvia Malamud
Psicóloga clinica Especialista em Terapias Breves individual, casal e
família/Sedes - CRP: 06-66624
Terapeuta Certificada em EMDR pelo EMDR Institute/EUA
Terapeuta Certificada em Brainspotting – David Grand PhD/EUA.
Terapia de Abordagem Direta a Memórias do Inconsciente.
email.: malamud.silvia@gmail.com