Diante da fragilidade humana
Às margens da própria mortalidade
Somos levados a refletir
Nossa própria história
Somos criaturas amorosas
Por vezes, horrorosas
Seríamos, talvez
O resultado despretensioso da mãe natureza
De exceder a si mesma?
Ou seguimos sua ordem imperceptível?
Como nos enxergamos em tão importante momento da nossa existência?
Viver é instabilidade constante
Lançar-se numa viagem ao desconhecido
Sem rumo preciso
Sem velas, em naus
Na busca da felicidade
Que todos anseiam, sem exceção
Todas as pessoas que conhecemos
Possuem desejos em comum
Outras, bem mais complexos
Sede de amor e afeto
E, o mesmo vazio insondável
No peito
Que nada parece abrandar
O instinto em comum
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O medo da morte
Impreterível destino final
Que a sábia sensatez
Resolve ignorar
E nos remete ao apego
Com todo o amor
Que carregamos no coração
Esquecemos, saudavelmente
E, portanto, nos permitimos
Usufruir o bom da vida
Conforme as possibilidades
Tendo guardada a consciência
De que tudo pode acabar
Num piscar de olhos.
Umedecidos de lágrimas
Ao recordar essa realidade
Estes mesmos olhos
Sempre atentos a tudo
Despercebem-se aos encantosPerdendo-se ao contemplarem o azul do céu
Com aquele aperto no peito
De uma incompreensível saudade
E uma profunda respiração
Traz-nos alívio
E tudo isso passa
Cada vez mais
Nos vinculando a esta vida
Ahhh …
A vida tão frágil e fugaz
Abaixo desse infinito e hipnotizante azul
Enchendo de ar, meus pulmões
Percebo-me vivente
Atuante, pensante
Muito mais que deveria
Muito mais que, pensada
A vida há de ser degustada
No tempero da água salgada destes mares
Inspirada da maresia
Com gaivotas bailantes
Sob o Sol tocando o horizonte
Em fim de tarde
Onde todas as incertezas
Desaparecem diante de tal beleza
E nossas fragilidades
Perdem todo o sentido
Nesta doce contemplação
De que, por vezes, esquecemos
Fazer parte
Nessa incompletude
Na imperfeição
Na complexidade
Que é uma existência
Uma vida
Em suas infinitas formas.