Convivendo

Jovens barulhentos ou velhos rabugentos

Escrito por Márcia Leite

A postura dos jovens de hoje é bem diferente daqueles que outrora eram chamados de garotos em décadas passadas. Ao ler um estudo de Gabriela Arzabe, onde cita o medo do jovem enfrentar o silêncio, nota-se que há dificuldade de calar para pensar e ouvir. Mostra-se um tanto complicado e amedrontador “sentir” o silêncio. Assim, fala-se cada vez mais alto, muitas vezes sem mesmo perceber que os decibéis suportáveis já tenham sido ultrapassados.

Talvez esta constatação nos permita entender porque muitos estudantes não conseguem ficar sem falar em uma sala de aula, sem que o docente não seja forçado a interromper seu desenvolvimento do assunto para pedir silêncio. Diversas publicações indicam que as conversas paralelas, a não realização de tarefas solicitadas, respostas mal educadas e hostilização dos professores podem ser consideradas posturas de pessoas indisciplinadas.

Muitos destes jovens não são capazes de lidar com as suas deficiências relacionadas à dificuldade de compreensão de textos na língua pátria ou outros idiomas, problemas no convívio social e incompreensão de manifestações culturais e artísticas, proporcionando uma falta de compromisso e indisciplina.

A tecnologia mais avançada promove a utilização de equipamentos ainda mais potentes, com volume de som muito elevado, até ensurdecedor, impedindo a prática do momento silencioso. Além disso, o grande e veloz fluxo de informações via internet os deixa bastante ansiosos, com necessidade de comunicar alguns fatos, mesmo que irrelevantes, no ato em que acontece. E então, falam ainda mais alto.

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A prática de momentos de meditação e interiorização na espiritualidade não está inserida na rotina da juventude, e, assim, ouvir o silêncio, colocar as ideias no lugar organizando os pensamentos, a rotina, os acontecimentos são atividades que não existem na vida corrida daqueles que, em um futuro muito próximo, precisarão assumir posições de responsabilidade e de liderança na sociedade.

Será que podemos ajudá-los? Será que eles querem nossa ajuda? Somos tolerantes ou apenas os “velhos rabugentos”? Vale a pena a reflexão, para que possamos dar suporte a estes garotos, cujas vidas estão apenas se iniciando.

Sobre o autor

Márcia Leite

Graduada em Farmácia e atualmente estudante da área de Humanas, mostro interesse em diversos temas. Incomodada com questões sociais e que mexem com a convivência e a saúde das pessoas.