Convivendo Maternidade Consciente

Elena Ferrante e o discurso de A Filha Perdida

Cena do filme "A filha perdida" onde a atriz principal está na praia
Divulgação / Yannis Drakoulidis / Netflix / Adoro Cinema
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Se você é uma pessoa que adora maratonar filmes e séries na Netflix, já deve ter ouvido falar sobre um dos sucessos da plataforma: “A Filha Perdida”. O filme de 2021, dirigido por Maggie Gyllenhaal, é uma adaptação do livro homônimo de Elena Ferrante.

O enredo se desenvolve a partir da história de Lena, interpretada por Olivia Colman, uma professora universitária que viaja de férias para a Itália. Porém o que deveria ser um período relaxante se transforma em uma experiência dolorosa, quando Leda conhece uma mulher, vivida por Dakota Johnson, que tem uma filha pequena.

Ao longo da trama, recebemos a oportunidade de refletir sobre maternidade, envelhecimento e liberdade por meio da ótica de mulheres. A produção indicada ao Oscar, com um elenco de peso e uma direção sensível, representa muito bem a obra de Elena Ferrante. A seguir, aprenda mais sobre como a escritora traduziu a essência do que é ser mãe.

Quem é Elena Ferrante?

Elena Ferrante é o pseudônimo de uma escritora italiana, cuja verdadeira identidade é desconhecida. Ela é definida como uma das autoras contemporâneas mais relevantes da atualidade, por apresentar personagens complexas, bem construídas e complexas.

A escritora conquistou ainda mais sucesso quando lançou a tetralogia napolitana, formada por quatro livros que deram origem à série “A Amiga Genial”, da HBO. Assim, as obras “A Amiga Genial” (2011), “História do Novo Sobrenome” (2012), “História de Quem Foge e de Quem Fica” (2013) e “História da Menina Perdida” (2014) conquistaram a crítica e o público.

Além de “A Filha Perdida”, outras adaptações das obras de Elena Ferrante para os cinemas são “Dias de Abandono” (2005) e “Amor Molesto” (1995). Porém a mais recente chamou atenção por ser a primeira dirigida por uma mulher. A seguir, descubra por que esse fato é tão marcante!

A filha perdida: um filme sobre mulheres

Cena do filme "A filha perdida" onde a atriz principal abraça suas filhas
Yannis Drakoulidis / Netflix / Adoro Cinema

Quando pensamos em filmes que abordam a maternidade, imaginamos mulheres felizes, dedicadas, carinhosas e dispostas a fazer o que for preciso pelos filhos. Embora essa seja a imagem mais representada sobre se tornar mãe, ela não reflete, necessariamente, a complexidade dessa experiência.

Felizmente, “A Filha Perdida” traz uma abordagem inovadora para esta discussão, e isso se deve a alguns fatores. Em primeiro lugar, a história é escrita por uma mulher, e o filme também é dirigido por uma mulher. Logo, o que prevalece na trama, mesmo antes de ela se desenvolver, é o olhar feminino sobre uma questão feminina.

Talvez você pense que isso não faz tanta diferença assim. No entanto apenas uma mulher pode compreender verdadeiramente como outra mulher se sente. E essa compreensão transparece na narrativa, nas atuações de Colman e de Johnson e na condução de Gyllenhaal em cada cena, que são dramáticas e angustiantes na medida certa.

Em segundo lugar, observamos que o filme faz jus à profundidade das personagens de Ferrante. Nas obras da escritora, sempre acompanhamos pessoas que são sinceras sobre o que sentem, mesmo quando esses sentimentos não são tão aceitos pela sociedade. Ou seja, nós conhecemos a interioridade das personagens com facilidade, porque elas são transparentes sobre si.

Então, mesmo que a ideia de uma mulher cultivar sentimentos negativos em relação às filhas e ao marido, como é o caso de Leda, seja um absurdo para uma sociedade patriarcal, a produção lança luz sobre o tema. Assim, com coragem e honestidade, “A Filha Perdida” aborda essas emoções que tantas vezes são mantidas em segredo pelas mulheres.

Cena do filme "A filha perdida" onde a atriz principal está chorando
Yannis Drakoulidis / Netflix / Adoro Cinema

Além disso, o público consegue sentir empatia pelas dores de Leda e de Nina, a personagem de Dakota Johnson, apresentadas na tela. Elas se sentem exaustas, pressionadas, culpadas e ressentidas, porque existe uma expectativa de que elas abdiquem das próprias vidas quando se tornam mães. E vemos o quanto é difícil estar presente de corpo e alma o tempo todo.

Ao mesmo tempo em que as mulheres vivem angústias e tristezas, elas demonstram ousadia, autenticidade e verdade. Isso porque tanto Leda quanto Nina encontram maneiras de seguir os verdadeiros desejos, cuidar de si e ser quem são. Portanto temos a oportunidade de acessar as sombras dessas personagens, sem que elas sejam resumidas a essa escuridão.

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Finalmente, as últimas cenas do filme revelam que Leda ainda pode ser mulher, mãe, professora universitária e amante. Tendo revivido o próprio passado a partir da observação de Nina com a filha, é como se a personagem conseguisse superar o que já passou, abrindo-se para uma nova relação com as filhas.

A partir das informações apresentadas, é mais fácil entender por que “A Filha Perdida” fez tanto sucesso. Com uma nova perspectiva sobre a maternidade e sobre a essência feminina, a obra é a mais marcante entre as produções baseadas em livros de Elena Ferrante. Assista ao filme para formar a sua opinião!

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