Comportamento

Esquisita para quem? – Uma visão sobre a Barbie Estranha

Barbie estranha
Reprodução / Youtube / Warner Bros
Escrito por Kelly Christi

Ao falar em Barbie, a maioria das pessoas imagina alguém como a Margot Robbie, que interpretou a personagem no live-action sobre a boneca. No entanto, o longa-metragem de 2023 apresenta outra forma de pensar sobre o brinquedo, por meio da Barbie Estranha. Enxergue o que ela pode te ensinar, a seguir.

Para aproveitar o sucesso de bilheteria do longa-metragem “Barbie”, dirigido por Greta Gerwig, a Mattel lançou recentemente a Barbie Estranha, com pré-venda disponível até 18 de agosto e pretende lançá-la no primeiro semestre de 2024.

Ainda não se sabe se esta versão da Barbie será vendida no Brasil, portanto quem tem interesse em adquirir a boneca precisa ficar de olho no site e nas redes oficiais da empresa. Mas hoje queremos trazer outra visão sobre a boneca.

Com roupas coloridas, olho contornado, testa rabiscada e um cabelo meio punk rock, a Barbie Estranha, interpretada por Kate McKinnon, escapa da versão original e perfeita das outras Barbies, que ocorre quando uma criança brinca muito com a boneca e a modifica como bem entende.

A Estranha é uma das Barbies que mais se aproximam do mundo real e das dores comuns de um humano. Afinal, quem nunca foi para algum lugar e se sentiu totalmente deslocado? Nunca quis ficar no seu mundo próprio, sem querer agradar as pessoas?

Inspiração da personagem e comportamento

Reprodução / Youtube / Warner Bros. Pictures Brasil

Em entrevista à Rolling Stone, Greta comentou que a Barbie Estranha foi inspirada no livro “The Giver”, de Lois Lowry. Na obra, toda a comunidade se livra das memórias e sentimentos do passado e as entrega a um doador que guarda todas essas lembranças. O doador muda em cada geração e seu papel é mostrar às pessoas da comunidade o que elas não enxergam.

No filme, a Estranha também tem a função de mostrar à Barbilândia algo que as outras barbies não conseguem ver. Ela tem um mundo só dela, dá conselho para a Barbie Estereotipada (Margot Robbie) em crise existencial, não faz questão de que seus dias sejam todos incríveis e não vê celulite como algo de outro planeta.

“Se observarmos a Barbilândia numa visão terapêutica, a Barbie Estranha foi aquela que despertou para a vida, porque ela esteve mais no mundo real e captou as memórias das crianças que brincavam com as Barbies perfeitas e dentro destas memórias há um acúmulo de sensações, experiências, emoções, que variam de acordo com o sistema familiar de cada ser humano.”, afirma Dra. Adriana Nepomucena, advogada, terapeuta e especialista em Direto Sistêmico.

O estranho existe?

Adriana ainda ressalta que, conforme as experiências sociais e familiares que cada criança teve, sua Barbie vai ter um jeito e isso traz a autenticidade. “Pode parecer contraditório, mas o belo do humano reside na imperfeição. Nos estudos sobre Direito Sistêmico aprendemos que a busca pela perfeição nada mais é que uma ânsia pela morte, para vivermos todas as belezas e desafios que a vida traz, precisamos acolher a imperfeição e o inacabado”, comenta.

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Talvez a Barbie Estranha nem seja esquisita. O problema é que o mundo a estereotipou dessa forma e pode ser que, na cabeça das crianças, esse estranhamento não exista, seja só uma boneca representando uma imaginação. É como se ela quisesse nos dizer: não estereotipe. Apenas brinque. Apenas seja.

Sobre o autor

Kelly Christi

Kelly Christi é jornalista, escritora e cientista social. É Mestre na linha de Comunicação, Cultura e Sociedade pela Universidade Federal do ABC (UFABC). É autora do livro literário “Quasi di Verdadi" (Litteral Ed.) e do livro de comportamento social "Amor sob Telas - insights sobre vivências afetivas na Era Digital" (Ed. Dialética).

No Eu Sem Fronteiras, Kelly compartilha reflexões sobre comportamentos que impactam nosso dia a dia e como podemos lidar com estas questões de forma mais saudável, produtiva e crescermos com elas.

Sua principal característica está na versatilidade de estilo e ideias. Você pode conhecer um pouco mais dos seus trabalhos e livros em

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