Convivendo

Eu amo você, mas…

Escrito por Bianca Vieira

Já defendia Caetano Veloso numa de suas canções que “quando a gente ama, é claro que a gente cuida” e concordo plenamente. Infelizmente, hoje em dia, do mesmo modo que o Instagram banalizou a fotografia, o Facebook a escrita e o Youtube a música/cinema, o amor foi transformado numa peça “vintage” que todos possuem no guarda-roupa, todavia, desconhecem o seu real significado.

Quantas vezes precisamos ouvir não somente direcionado a nós, mas entre as demais pessoas frases como “eu amo você, mas não posso fazer coisa alguma sobre isso”, “eu amo você, mas não desejo conhecê-lo(a) profundamente”, “… mas não possuo interesse em saber como se sente” e mesmo que eu tente repetir todas as contradições da vida humana, não terminaria sem a utilização de reticências. Até onde se pretende chegar numa relação dessas? Nas postagens de fotos juntos sorrindo nas redes sociais, apenas.

Penso que o amor é um sentimento vasto demais para se tornar assim, tão fácil de ser sentido o tempo inteiro. As pessoas pensam que conhecer o outro é vê-lo duas ou três vezes por semana, trabalhar ou estudar juntos e apenas isso é o suficiente para saber o que ele sente, vive ou admira. Confundem o ato de “simpatizar-se” com alguém por possuírem determinadas afinidades com o amar a pessoa, mas sinto muito em dizer: errou!

Acredito que apenas a convivência e o tédio do cotidiano são capazes de refletirem nossos reais sentimentos por outras pessoas. Quantos casais terminam por considerarem-se apaixonados após apenas um mês de namoro e se casam? Passados nem seis meses iniciam-se as crises, que nós sabemos, são apenas a definição do “cair das máscaras” da paixão e da falta do verdadeiro amor.

Para amar não é necessário prender-se aos olhos da sociedade de proximidade física. Ter um amor não significa estar de mãos dadas com alguém ou abraçar aqueles que chama de amigos, mas ele existe em si mesmo ao contemplar sua imagem no espelho e sentir apreço pelo que visualiza não fisicamente, mas interiormente. Porque por mais que seja sinônimo de amargura admitir, é apenas a si que poderá levar nas bagagens da sua própria existência e dedicar a vida buscando o amor nos outros só irá contribuir para a permanência do vazio em sua alma.

As relações humanas são pautadas nos interesses mútuos, e pela carência que nutrimos acreditamos na ilusão de que somos amados quando nos dizem isto, mas as palavras são como sementes que necessitam da ação para se tornarem frutos, e sempre que alguém lhe disser belas frases, é nos atos, responsáveis por comprovarem a existência da honestidade daquilo que foi declamado, que devemos centralizar toda a nossa atenção.

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Se alguém te ama, não irá dizer “mas” depois de declarar-se, porquanto aceitou a tortura e a delícia de contemplar todas as partes que compõem o seu ser. Logo, se contudo, porém, todavia, entretanto, no entanto, não obstante e qualquer conjunção coordenativa adversativa provoca aquela contradição entre o dito e o realizado, confie na mensagem que os seus próprios instintos transmitem e permita que o tempo demonstre a veracidade dos fatos, mostrando a verdadeira face existente através da encenação poética dum considerado amigo ou candidato ao amor. Jamais se esqueça de que só procuramos por aquilo que ainda nos falta.

Sobre o autor

Bianca Vieira

Nascida em 1998 em Muriaé, escreve desde que se conhece como gente e se sente filha da arte. Autora do livro "Me recordo dela" e deseja despertar o lado mais sensível das pessoas.

Instagram: @biancathewriter
Blog pessoal: merecordodela.blogspot.com.br
Youtube: Teor e Parnaso
Twitter: @biancapianist