Convivendo Espiritualidade

“Eu só poderia crer em um Deus que gostasse de Carnaval”

Duas pessoas com máscaras e fantasias de carnaval
Couler / Pixabay / Canva
Escrito por Luis Lemos

Sobre o Carnaval, eu tenho dois grupos de amigos. Os do primeiro saem fantasiados, dançam, brincam e proclamam em alto e bom som: “Carnaval é bom demais. Sem carnaval a vida se torna triste e reprimida”.

Os participantes do segundo grupo dizem: “Carnaval é festa de perdição. Quantos acidentes acontecem nesse período? Quantas mortes? Quantos estupros? Quantas mulheres espancadas? Quantas famílias destruídas?”.

Certamente, o primeiro grupo dos meus amigos concorda com o filósofo alemão Friederich Nietzsche (1844-1900) quando diz: “Eu só poderia crer em um Deus que soubesse dançar”.

É isso mesmo. Os meus amigos que gostam de Carnaval amam a vida, vão à igreja, vivem sorrindo, parece que não há tempo difícil para eles, que ainda encontram tempo para praticar caridade.

Já o segundo grupo dos meus amigos, aqueles que não gostam de Carnaval, levam a vida muito a sério, com medo de tudo e de todos. Dizem cuidar da família e dos amigos, mas nunca estão com eles…

Os meus amigos que não gostam de Carnaval vivem em suas igrejas, orando, “aguardando a vinda do Senhor”, como eles dizem. Interessante que a maioria deles tem rostos amargos, cansados e reprimidos!

Mulher sorrindo com um mini guarda chuva colorido cobrindo metade do seu rosto
Pollyana Ventura / Getty Images Signature / Canva

Particularmente, penso e sempre digo para os meus amigos que o Carnaval é um período propício para o autocuidado, para a reflexão interior, seja dançando ou orando; tempo para praticar o reto agir e ser feliz.

Daí que surge a seguinte pergunta: é possível não gostar de Carnaval e ser feliz? Levar a vida mais alegre e menos reprimida? Acreditamos que sim! Que é plenamente possível não gostar de Carnaval e ser alegre, feliz, livre.

Talvez o símbolo maior do Carnaval seja mesmo a introspecção de tudo aquilo que é puramente humano em nós. Um momento de reflexão interior para descobrir o melhor de nós, para colocar a vida em perspectiva.

Mesmo sendo uma festa pagã, uma festa da carne, é possível brincar o Carnaval sem a intenção de fazer o mal, de machucar o outro; sem se embriagar de cachaça, de cerveja, de drogas; sem se prostituir.

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Contra todos aqueles e aquelas que defendem a vida reprimida, sofrida, infeliz; que acham que temos que ser sérios o tempo todo, que não podemos ir as festas, brincar, pular Carnaval, ser felizes. O apóstolo disse:

“Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos. Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor. Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças” (Filipenses 4, 4-11).

Por fim, eu me identifico com o primeiro grupo de amigos. Gosto de Carnaval e estou muito triste porque há dois anos não brinco de Carnaval. Mas assim que essa pandemia passar, vamos festejar como nunca o Carnaval. E plagiando o filósofo Nietzsche, termino esse artigo dizendo: “Eu só poderia crer em um Deus que gostasse de Carnaval”.

Sobre o autor

Luis Lemos

Luís Lemos é filósofo, professor, autor, entre outras obras, de “Jesus e Ajuricaba na Terra das Amazonas – Histórias do Universo Amazônico” e “Filhos da Quarentena – A esperança de viver novamente”.

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