Espiritualidade

Psicopatologia da Religião

Religião
Escrito por Sandra Magrini

A fé não pode ser motivo de levar o indivíduo à morte ou à escravidão. Trata-se de uma lógica contrária aos princípios do verdadeiro objetivo da fé. A fé deve ser motivo de vida, evolução, saúde física e mental, liberdade e bem-estar.

Alguém poderia me responder o porquê uma massa de pessoas se apega à religião e se torna cruel, crítica e exclui seu semelhante em nome de Deus? Por que pessoas que se dizem tão religiosas – e muitas vezes o são – se apegam com os preceitos da religião para oprimir e submeter o outro ser humano com estigmas, preconceitos e discriminações excluindo e matando em vez de unir e juntar promovendo a paz?

Que hipocrisia é esta que se mata em nome de um Deus que gosta de punir e judiar?

Como teóloga protestante que sou, penso que não me atentarei a qualquer religião, seja do segmento do cristianismo, hinduísmo, islamismo, judaísmo etc.

O artigo Psicopatologia da Religião apenas tenta demonstrar o quando o ser humano pode adoecer em neuroses e psicoses por meio do apego excessivo aos preceitos religiosos sem contextualização do objetivo maior do sentido de se buscar a semântica da palavra religião que se refere ao latim “religare”, ou seja, o verdadeiro propósito da igreja é tentar religar a algo que já foi perdido. Quer dizer o contato da pessoa com Deus, não importa o nome que se dá a este Deus.

O problema da psicopatologia é demonstrar o adoecimento psíquico do ser humano em sua fundamentação. Ela precede a psicologia e psiquiatria. Analisa a topografia da mente, seja no adoecimento mental da neurose, psicose ou da própria perversão. E é incrível que uma das principais questões da psicopatologia refere-se a religião, sexo e dinheiro ou amor e poder, como o leitor julgar melhor.

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A religiosidade, quando mal utilizada, pode ser motivo de matanças, judiações, exclusões, discriminações, humilhações, submissões, dissensões, torturas e violências sexuais e de poder e no foco deste artigo de problemas físicos e psíquicos da pessoa.

Outro grande perigo, como no caso do líder religioso João de Deus, é o seguidor religioso e até politico se submeter cegamente ao que é mandado fazer. Sem nenhum critério. Visto que estes líderes falam em nome de Deus: seja para roubar o que se tem materialmente ou sexualmente, seja para cometer atos de horrores, como abuso sexual, financeiro, pedofila, genocídios, matanças físicas e roubo de identidade e exclusões por vezes dentro da própria família. Ou você se encaixa no perfil de trejeitos, vestes, comportamentos físicos e verbais do que se fala ou é excluído da própria família ou da igreja ou mesmo, se é um desgraçado, está fora do Reino de Deus!

O resultado de tudo isto é um adoecimento psicopatológico do ser humano. O outro sempre é superior. Existem os “escolhidos” para o Reino de Deus e os “desgraçados” estão fora do alcance e da graça divina e merecem padecer no fogo eterno do inferno!

Coitados destes adoecidos se ainda forem pobres, doentes ou de uma raça, cor e sexualidade não condizente com o que determina a religião ou mesmo o despretensioso pensamento e desejo do determinado líder religioso! Adoeceu, não tem condições financeiras, está desempregado, aconteceu algum acidente porque é um desgraçado que está fora da “vontade de Deus”. Pobre diabo. Só lhe resta o adoecimento físico e mental e depois a morte enquanto os verdadeiros “filhos de Deus” comemoram a felicidade tão merecia nesta terra e no Reino que está por vir!!!

E, neste adoecimento mental que este artigo se propõe a focar, a questão cega da falta de crítica, do niilismo barato e do saber sobre você que se atribui a um líder religioso ou a uma religião que faz com que os próprios rebanhos pareçam de uma anestesia mental diante do que se é falado. O amor, o cuidado com a espiritualidade e o medo da finitude e a própria transcendência trocam de lugar com uma prosperidade medíocre e relativa.

Psicanaliticamente falando, ocorre uma influência emburrecedora dos Mecanismos de Defesa do Ego

Freud escreveu sobre um juiz da suprema corte chamado Schreber que adoeceu em uma psicose na qual ele se achava mulher de Deus que ia salvar o mundo. Não me adentrarei a este caso clínico, apenas o cito para demonstrar o quanto nossa mente está sujeita ao adoecimento mental e grande parte dele se refere a assuntos religiosos. Imagina então o poder que se tem sobre as pessoas quem está a frente de uma determinada religião?

Todas as doenças mentais, neuroses, psicoses, perversões, depressões, psicopatias e tantas outras psicopatologias distribuídas em nomes modernos da nosografia psiquiátrica e neurológica, derivam de estarmos aprisionados a estes Mecanismos de Defesa do Ego contra as ameaças do mundo e da religião (superego) e em descompensados com os íntimos e desejos mais primitivos (id) lutam para estabelecer a descompensação psíquica culminando nas doenças físicas e mentais.

Podem acreditar que vários casos de doentes psiquiátricos e muitas vezes internados em manicômios clínicos e judiciais foram feitos de uma chamada Psicopatologia da Religião.

Termino observando que julgo ser de extrema importância para o ser humano o contato com o que chamamos de “DEUS”, seja em sua espiritualidade e transcendência para sua completude, fé e saúde mental a fim de combater a finitude da alma humana. Não sou ateia. Creio que Freud também não o era. Jung ansiava para sentir Deus. O “pneuma” que nos dá o ar que respiramos. O problema e a complexidade é que vejo que o ser humano é vulnerável e sem a devida imunidade ao adoecimento psíquico diante dos “loucos religiosos” a começar com quem está conduzindo o rebanho!

Texto de Sandra Magrini


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Sobre o autor

Sandra Magrini

Escreve sobre áreas da Psiquiatria, Psicologia, Psicanálise, doenças mentais, medicações, Teologia, Psicopatologia, abuso sexual infantil e questões relacionadas à homossexualidade.

E-mail: magrinisandra8@gmail.com

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