Autoconhecimento Comportamento

A relação do perdão com o vitimismo

Mulher asiática com as mãos juntas, em sinal de perdão.
Sewupari Studio / Canva Pro
Escrito por Dhanista

Descubra o poder libertador do perdão. Abandone as correntes do ressentimento e encontre a verdadeira liberdade interior através da reflexão e do autoconhecimento. Transforme sua vida ao perdoar e deixe a paz guiar seus passos em direção à felicidade plena.

O perdão é uma das ações mais profundas do ser humano. Por isso, utilizo com muito cuidado as palavras para relacionar a esse tema. Quando há mágoa ou ressentimento de alguém, o que nos convoca ao perdão, subentende-se que a pessoa que feriu foi mal compreendida. Isso justifica todo o meu cuidado.

Porém, há uma convicção interna, que vem de muito longe e que vai além de mim, que diz o quanto as palavras aqui contidas e os passos propostos podem libertar você das algemas de aço (a falta do perdão) que impôs a si mesmo. 

A falta do perdão em nossa vida é como milhares de correntes que arrastamos dia após dia. Enquanto jovens, que estamos cheios de vitalidade, essas correntes não nos pesam. Com o tempo, fica difícil carregar até o ponto de tirar completamente nossa vontade de viver.

Então, pedimos ajuda ao outro, pedimos que carreguem nossas correntes. O outro nos vê com compaixão, mas nada pode fazer porque a única pessoa que tem as chaves de tantas correntes somos nós mesmos. O grande problema é que esquecemos “onde” colocamos as chaves. Então, começamos a grande busca.

Nessa busca, as correntes vão pesar mais porque a caminhada é cansativa. Queremos desistir, achamos que nada nem ninguém pode nos ajudar. Clamamos a um Deus que está no céu. Clamamos de dia, clamamos de noite. Ele simplesmente não responde. Paramos de acreditar na existência Dele. Se Ele realmente existisse, não estaríamos com tantos problemas na vida. Talvez nos sintamos como Jesus, que em seus momentos finais, disse: “Meu Deus, por que me abandonaste?”.

Mãos segurando corrente.
NoDerog / Getty Images Signature / Canva Pro

Então, é hora de contar com você, com sua consciência. Para algumas pessoas, isso é um alívio. Para outras, é bem difícil porque exige sair da zona de conforto. Acredito que você chegou aqui porque sua zona de conforto está insuportável. Você chegou ao fundo do poço e não conseguiu encontrar a saída. O que contém neste artigo é a corda, mas você vai precisar escalar até a boca do poço e se deparar novamente com a luz do dia, a luz da vida, o caminho que está aguardando você, o caminho de volta para casa.

Quem não perdoa é vítima.

Temos mania de culpar alguém lá fora por acontecimentos dolorosos da nossa vida. Para explicar como isso acontece de forma extremamente inconsciente, vou dar um exemplo que aconteceu entre mim e um amigo meu.

– Ah, Deus, por que não consigo ter dinheiro como essas pessoas que ganham tanto dinheiro que o mês acaba e ainda têm dinheiro na conta? – ele.
– Quer a resposta? – eu.
– Sim. – ele.
– Você recusa o dinheiro. – eu.
– Como? Estou aqui de braços abertos para ele! – ele.
– Você recusa o dinheiro quando critica alguém que tem dinheiro. – eu.
– Mas, tem gente que tem dinheiro e critica os outros. – ele.
– Será? Se você não tem dinheiro, você realmente não conhece alguém que tem dinheiro. As pessoas com quem convivo geralmente têm a mesma quantia, de uma forma ou de outra. – eu.
– E você, por que não tem tanto dinheiro e está me dizendo como fazer para ter dinheiro? – ele.
– Sim, eu não tenho o quanto gostaria porque ainda tenho algumas recusas. – eu.
– Então, por que fica me dizendo o que fazer? – ele.
– Porque você perguntou. – eu.
– Perguntei a Deus. – ele.
– Deus está falando através de mim. – eu.
– Mas, você não é Deus. – ele.
– Não, mas você continua recusando. E está aí porque não está rico.

Percebeu o que aconteceu durante a discussão?
A vítima clama para Deus ou algum poder superior;
A vítima questiona o que deve ser feito;
A vítima rebate, tentando diminuir o outro na ideia de se sentir melhor por sua desgraça;
A vítima é viciada em manter os mesmos hábitos.
Você se encaixa em alguns destes comportamentos?

Homem com as mãos para o alto, rezando e clamando por Deus, em fundo com céu azul.
undefined / undefined / Getty Images / Canva Pro

Quem não perdoa, não sabe o que fazer. Muitas vezes, nos mantemos estagnados em qualquer área da vida porque ainda aguardamos receber ordens. Afinal, foi assim desde sempre… Em casa, nossos pais nos diziam o que fazer, nos davam banho, comida, determinavam o horário de tudo. Quando fomos para a escola, era dito o que estudar, o que aprender, o dia da prova, fazer filas, … No meu caso, tinha que, toda quinta-feira, cantar o hino nacional e precisava ser feito de certa maneira. Diariamente, tínhamos que rezar antes da aula começar, por exemplo.

Depois, veio a faculdade. Lembro que, logo no primeiro dia, a coordenadora do curso foi à nossa sala e disse: “Se você quer ser jornalista, precisa estar bem informado. Precisa ler três jornais por dia”.

Esse foi o começo de eu começar a não querer fazer mais o que os outros queriam. Eu queria dar boas notícias, não o que estava nos jornais… É também o momento em que esses, aos quais as ordens são desobedecidas, começam a nos excluir, seja dizendo que, fazendo do nosso jeito, não vamos conseguir ou nos dizendo que somos fracos, não aguentamos a “realidade”.

Muitos chegam nesse estágio e voltam a fazer o que os outros mandam, desistem do que querem. Eu passei por esse estágio. Concluí o curso mesmo teimando em dar notícias ruins, trabalhei em um jornal e em TV, batendo de frente com isso, querendo “mudar o mundo”. Passei todo esse tempo dedicado ao jornalismo porque não sabia que outra coisa poderia fazer. Eu sabia que podia escrever muito bem desde criança, sabia que queria me comunicar melhor e ali fui ficando. Fiquei até o dia em que a dor foi maior que o benefício.

Mesmo sem saber o que fazer, saí do jornalismo e aguardei, com ansiedade, o que faria da vida. Logo, apareceu um mundo completamente diferente, do marketing multinível, onde comecei a aprender outras coisas. Foi em um dos treinamentos que ouvi falar pela primeira vez de Programação Neurolinguística. Até ali, acreditava que eu seria a mesma pessoa a vida inteira porque tinha ouvido, um dia na adolescência, um psicólogo falar que formávamos toda a nossa vida dos zero aos sete anos. Depois, agimos de acordo com o que tínhamos aprendido naquele período.

Mais uma vez, eu não sabia que podia mudar, ou seja, não sabia o que fazer. Procurei o curso de PNL em Natal, RN, durante quatro anos. Até que finalmente encontrei uma excelente escola que existia há oito anos. Não havia encontrado por quê? Porque ainda estava na vitimização, ainda não estava tão disposta a mudar porque carregava a crença de que era impossível mudar.

Lembra do meu amigo do exemplo que citei há algumas linhas?

Ele pediu ajuda, quando recebeu uma resposta, automaticamente reagiu. Posso afirmar que 99% das reatividades são negativas e combativas. Naquele momento, ele não queria uma resposta. Ele queria se lamentar. A lamentação atrai alguém para consolar. As vítimas consolam-se umas às outras.

Assim, podem permanecer para sempre nessa condição de não perdoar porque não precisam sair da zona de conforto, mesmo que esteja totalmente desagradável e de conforto não tenha nada. Isso é característica de desequilíbrio da Lei da Inclusão, ensinada na Constelação Medial.

Dois homens se abraçando. Um deles está chorando em seu ombro.
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Quando estava na posição de vítima, como AMAVA quando encontrava outra! Era tudo o que eu precisava para aliviar. Mas, o fato é que aliviar nunca resolveu! Tive a sorte de encontrar uma pessoa no marketing multinível que, quando eu começava o “discurso” da vítima, ela simplesmente saía como se ninguém estivesse ali. Eu ficava falando sozinha. Aos poucos, fui parando de falar quando percebi que ela tinha um gatilho anti-vítimas! Podia ser um jeito desrespeitoso de lidar, mas esse jeito me deu uma lição. Ninguém quer saber de suas mazelas. Ou melhor, contá-las para todo mundo não vai tirar do lugar.

Se olharmos as palavras a seguir de Bert Hellinger, criador da Constelação Medial, vemos que a reatividade, comum entre as vítimas, é uma atitude de criança:

“Frequentemente, o que se chama pecado é apenas o que resulta quando algo maior toma posse de mim e me arranca de algo menor que me puxava em outra direção. Em nossas imagens internas, o pecado se liga ao desejo sexual, à irreparável perda da inocência e à perda do paraíso da infância. Precisamos lavrar o solo com nossas mãos e desejar o que nos traz, simultaneamente, o prazer e a dor – e filhos.

Assim, se considerarmos os resultados, o pecado supera muito a inocência. Contrapondo-se a ela, é ele que realmente impele, produz, exige e cresce. Ele é poderoso, dinâmico, humilde e próximo da terra. O medo do pecado é um medo infantil e faz parte do próprio pecado, na medida em que esse envolve despedida e separação. Esse medo só dura enquanto olhamos para trás. Quem olha para frente assume o pecado e se torna livre e grande através dele.

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Todavia, desde o pecado original fantasiamos, muitas vezes, um novo paraíso, uma nova segurança – por exemplo, quando nos apaixonamos e sonhamos com uma felicidade nova e permanente, mas o sonho dura apenas até que um novo pecado destrua o paraíso, impondo a todos os envolvidos um novo começo.

Visto por esse ângulo, o que pode igualar o pecado em força e grandeza? Comparado à inocência, é ele que mais se aproxima do divino”. (HELLINGER, Bert. Pensamentos a Caminho, Editora Atmam).

Desejo que essas palavras ativem mais seu chacra cardíaco para finalmente sair do vitimismo e perdoar as pessoas que você deve perdoar.

Sobre o autor

Dhanista

Desde criança, meu maior desejo era que as pessoas agissem de acordo com o coração. O mundo racional me incomodava profundamente porque podia sentir quando estavam mentindo ou até mesmo fazendo mal ao outro, mesmo quando sentiam amor recíproco.

Essa minha dor fez com que estudasse muito porque eu mesma havia me transformado em alguém que tinha o amor sufocado, o peito a ponto de explodir, por não conseguir expressar todo o sentimento que corria por minhas células.

No decorrer de tantos estudos, me deparei com o amor incondicional e como ele enriquece nossa alma. Porém, para que ele flua, precisamos fazer algumas coisinhas que mapeei através dos sete chacras, que são nossos centros energéticos e um ótimo mapa para nos indicar para que área de nossa vida estamos precisando levar amor incondicional.

Meu nome espiritual é Dhanista Devi Dasi, mas também pode me chamar de Daniella de Medeiros.

Terapeuta holística desde 2001, escritora, jornalista, Consteladora Familiar Medial (treinada por Bert Hellinger / Alemanha, 2015, 2016 e 2017) desde 2012 e pós-master em Programação Mental (treinada por Tony Robbins) desde 2009.
Já realizou Constelação Medial na Alemanha, Índia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiânia, São Paulo e Rio Grande do Norte.

Autora de vários livros e e-books, dentre eles: Gurusofia, Manual das Chamas Gêmeas e Tudo sobre os Chacras.

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