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Expressar a criatividade ou medicar a hiperatividade? Eis a questão!

hiperatividade
Shutterstock /Suzanne Tucker

Hoje gostaria de abordar um tema muito importante, o excesso de medicalização na área da saúde mental. Voltarei a falar sobre o tema em outros momentos, mas início aqui alguns questionamentos fundamentais.

É crescente o número de casos diagnosticados como TDAH (Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade), depressão, entre outros.

Vou começar falando sobre TDAH. Hoje, com as profundas mudanças sociais, com os avanços tecnológicos, e as transformações nas relações familiares, são muitos os casos de crianças e adolescentes diagnosticados precocemente, sem um olhar mais profundo para todas essas mudanças, e como elas podem estar afetando o desenvolvimento desses indivíduos.

Observamos famílias onde os pais estão correndo contra o tempo, nesse dia a dia tão atribulado, tendo que administrar seus trabalhos, trânsito, tarefas diárias, e tendo pouco tempo para passar com os filhos. Tempo para conversar, conhecer os interesses e habilidades dos filhos, compreendê-los em toda sua singularidade. Atividades como sentar para ajudar no dever de casa, jantares em família, atividades tão preciosas, são cada vez menos exploradas.

Então, temos as crianças, confinadas nos apartamentos, divididas entre escola, cursos de inglês, informática, aulas de esporte, e muita tecnologia. Elas estão o tempo todo direcionadas para atividades determinadas a elas, com um dia a dia as vezes tão atribulado quanto o dos pais. Onde fica o lugar para que essa criança possa se expressar livremente? Para que possa manifestar seu real desejo? Onde fica o espaço para trabalhar seus interesses, frustrações, sua energia? A criança não é como um adulto. Sei que a intenção dos pais é boa, muitas vezes colocam o filho no judô, pensando que é uma boa forma de extravasar essa energia, mas esse é o desejo do seu filho?

E como essas crianças estão interagindo entre si? Na maior parte das vezes, através de celulares, tablets, jogos, redes sociais.

É extremamente importante que se trabalhe a importância das regras na infância, ensinar responsabilidades, mas tudo através do diálogo. Mas também é muito importante que essa criança possa expressar sua criatividade, sua individualidade, e é imprescindível que tenha as figuras parentais que possam acompanhar esse processo, e não delegar essa responsabilidade para a escola.

Na ausência dessas possibilidades, todo esse potencial criativo fica aprisionado, e vai ter que se manifestar de alguma forma. A criança pode ficar agitada, agressiva, apática, pois não conhece outra forma de se expressar.

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É necessário entender as mudanças sociais, o contexto familiar, antes de rotular a criança dentro de um diagnostico e medicá-la. É necessário trabalhar o relacionamento dessa criança com sua família, trabalhar sua individualidade, seus desejos.

O tema relacionamento entre pais e filhos, educação das crianças é muito amplo e delicado, vou abordá-lo em outros momentos, mas é fundamental começarmos a refletir sobre a questão da medicalização precoce, pois nem sempre ela é a melhor solução. Buscar acompanhamento psicológico pode ser um primeiro passo importante nesse processo.

Sobre o autor

Danielle Navas Munoz

Graduada em Psicologia pela Universidade Metodista de São Paulo. Especialista em Psicopedagogia, pela mesma instituição. Especialista em Psicanálise pela Faculdade de Medicina do ABC. Oito anos de experiência em Psicologia Clínica, e seis anos atuando como Psicóloga Educacional.

Consultórios: Rua das Giestas, 1280 – Vila Bela, São Paulo/ Rua Francisco Pugliesi, 162A - Jd. Rizzo, São Paulo
Telefone: 11 99281 7514
E-mail: danielle.navas@yahoo.com.br

- Atendimento psicológico para crianças, adolescentes e adultos.