Consumo Consciente Sustentabilidade

Grandes marcas do setor alimentício investem em inteligência orgânica e embalagens renováveis

Homem segurando simbolo da sustentabilidade.
Escrito por Eu Sem Fronteiras
Produtos orgânicos são alimentos e roupas que não agridem o meio ambiente e a natureza em seus processos de fabricação. Isso significa que, no caso dos alimentos orgânicos, por exemplo, não há adição de agrotóxicos, fertilizantes ou produção de forma transgênica. É a fruta, a verdura ou o legume exatamente como a natureza os fez para ser.

Em um país como o Brasil, em que a agropecuária é um dos setores da economia responsáveis por uma grande parcela do PIB e do comércio internacional, os orgânicos podem ser uma fonte de renda em potencial. A definição de agricultura orgânica, perante a lei 10.831, de 2003, é:

“Considera-se sistema orgânico de produção agropecuária todo aquele em que se adotam técnicas específicas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo à sustentabilidade econômica e ecológica, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia não renovável, empregando sempre que possível métodos culturais, biológicos e mecânicos, em contraposição ao uso de materiais sintéticos, a eliminação do uso de organismos geneticamente modificados e radiações ionizantes, em qualquer fase do processo de produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização, e a proteção do meio ambiente. ”

Mulher comprando vegetais.

Seguindo as determinações que detalham a forma de produzir orgânicos, a venda destes alimentos inclui um processo ainda mais específico. A pessoa que produz orgânicos deve, primeiramente, se inscrever no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos. Para isso, ela deve ter o selo SisOrg (uma certificação por auditoria de que os alimentos seguem padrões de qualidade técnica) e integrar um Sistema Participativo de Garantia, no qual é emitido um Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade, que comprova, em segunda etapa, a qualidade dos produtos orgânicos.

É esta parte burocrática da produção de orgânicos que garante que a qualidade de todos alimentos, roupas ou cosméticos tenham a mesma qualidade em todo o país e que possam ser consumidos pelas pessoas. Sem agredir o meio ambiente e respeitando a natureza, essa forma de produzir é considerada ideal pela geração millennial.

Também conhecida como geração Y, os millennials são as pessoas nascidas entre a década de 80 e o início dos anos 2000. Algumas características comuns às pessoas desta geração é que, por terem nascido em um mundo já dominado pela internet, são capazes de encontrar informações sobre produtos, marcas, notícias e acontecimentos com facilidade.

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Questões como aquecimento global, exploração da natureza e esgotamento dos recursos naturais são avaliadas em sites de notícias, canais do Youtube ou em páginas do Facebook, do Instagram e do Twitter. Com a discussão crescente sobre os problemas do mundo, os millennials adquiriram consciência social mais rapidamente do que as gerações anteriores.

Em relação ao consumo, essa geração é caracterizada por desejar uma conexão com a marca que vende para ela. Os millennials querem conhecer os processos por trás dos produtos, os impactos que causam para a natureza e para os seres vivos e quais benefícios irão conseguir para si e para o mundo ao consumir determinado alimento, cosmético ou vestuário.

Sendo assim, para que um produto atraia a geração que tem potencial de compra, é preciso recorrer a conexões com o(a) comprador(a) por meio da internet, desenvolver um processo tecnológico e causar o menor impacto negativo possível para o meio ambiente.

Essa mudança nos hábitos de consumo e o crescimento do movimento vegano em todo o mundo trouxeram uma demanda por produtos naturais de alta qualidade. A partir disso, seria possível subverter o sistema capitalista com mercadorias menos massificadas e industrializadas, elaboradas de forma consciente.

Sendo assim, para obterem lucro, as empresas precisam seguir a tendência millennial de respeito ao meio ambiente, com investimento em inteligência orgânica e embalagens renováveis. 
O setor de orgânicos cresce cerca de 20% ao ano no Brasil, o que já fez algumas empresas adotarem novas políticas.

Em relação à alimentação, o Brasil figura até mesmo no mercado internacional. As marcas Soul Brasil (pimentas e geleias gourmet), CAAPIM (chá de hibisco), Tiiv (vodca) e Xingu Fruit (polpa de frutas) já são exportadoras de relevância para a economia.

No mercado nacional, a marca Legurmê Alimentos é um exemplo de transformação. Depois de três anos produzindo antepastos, a marca tornou-se inteiramente orgânica e vegana, com 25 antepastos, molhos e ervas que são vendidos até para grandes empresas e redes de supermercado.

Além disso, a marca Chokolah, que produz chocolates orgânicos, aumentou a produção de quatro tipos de chocolate, em 2009, para quarenta, em 2018. A fundadora da marca, Cláudia Schultz, em entrevista ao Estadão, afirmou que “o que impulsiona o crescimento dos orgânicos é a entrada de grandes marcas no mercado, elas irão puxar o crescimento de todo setor, isso desmistifica a imagem que a população tem, de que são produtos mirradinhos e feios, agora o orgânico parece ter um glamour, os artistas gostam de orgânico”.

Cacau orgânico.

A partir deste pensamento de Schultz, é possível compreender a mudança que diversas marcas adotaram: o público consumidor deseja que as embalagens e os produtos sejam respeitosos com o meio ambiente. Uma das formas de adotar essa política é por meio do uso de embalagens de plástico renováveis, o bioplástico.

A marca de pães Nutrella, por exemplo, já utiliza embalagens de polietileno verde, que são biodegradáveis. Além disso, o plástico é mais resistente e protege melhor os alimentos em caso de queda. Nutrella foi além e ainda seguiu o conceito de Clean Label: ingredientes comuns com nomes simples, que podem ser facilmente compreendidos e pronunciados.

Ainda no ramo de alimentos, uma marca suíça tradicional e mundialmente conhecida que entrou na onda dos orgânicos foi a Nestlé. Levando em conta que São Paulo é o estado que mais fornece leite no Brasil, a empresa assinou um protocolo de intenções com o governo estadual para aumentar a produção de leite orgânico, desenvolver projetos de inovação ligados ao cultivo de café e criar embalagens sustentáveis.

O investimento é de 680 milhões de reais e o resultado será, além de aumentar a produção de leite orgânico, a geração de 26 mil vagas de emprego para jovens. Também está nos planos da empresa a produção de papinhas orgânicas. Com essa iniciativa, a marca que fez parte da infância dos millennials, poderá fazer parte da infância dos filhos deles também.

Além dos alimentos, a Nestlé é mais uma marca que trabalha no desenvolvimento de embalagens sustentáveis. A primeira medida será abolir os canudos plásticos dos produtos da rede até 2020, para depois substituir o plástico não reciclável das embalagens até 2025.

Sacola sustentável ao lado de sacola de plástico.

No setor de cosméticos, há cinco marcas que trabalham com produtos orgânicos. São elas Ikove Organics (brasileira), Surya Brasil (que tem uma linha de esmaltes ideal para quem sofre de alergias), Alva (alemã, com óleos essenciais e argilas para todos os tipos de pele), Cativa Natureza (a primeira do Brasil) e Bioart (maquiagem e cuidados faciais).

Uma marca tradicional de cosméticos brasileira é a Natura. Esta empresa é considerada a mais sustentável pelos brasileiros, que, em 2014, também afirmaram (mais da metade) considerar o impacto ambiental de um cosmético antes de comprá-lo. A Boticário, também brasileira, desde 1990 faz parte de um projeto de proteção da Mata Atlântica.

Escrito por: Julia Gravalos Benini da equipe EuSemFronteiras

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