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Minimalismo – opção estética ou grito silencioso?

As mãos de uma mulher digitando em um notebook estão em destaque na imagem. Há uma uma mesa minimalista com poucos objetos, a maioria na cor preta e branca.
SeventyFour / Getty Images / Canva

Minimalismo é só estética ou um pedido silencioso por socorro? E se o “menos é mais” escondesse algo que ninguém ousa dizer? Descubra o que pode estar por trás das paredes brancas e do silêncio absoluto. Continue lendo e surpreenda-se!

Outro dia, passando por uma vitrine que mais parecia um cenário de filme sueco — paredes brancas, um vaso, uma cadeira de madeira e silêncio — me peguei pensando: “Por que, afinal, o minimalismo virou moda?”

A resposta oficial é conhecida: menos consumo, mais consciência, vida mais leve. Mas desconfiado que sou, fui mais fundo. E quanto mais cavava, mais encontrava algo que ninguém diz: talvez o minimalismo não seja estilo, mas apenas… sintoma!

E se todo esse “menos é mais”, na verdade, se tratar de um escudo sensorial, uma trincheira contra a avalanche invisível que o mundo moderno despeja sobre nossos sentidos todos os dias? Luzes, ruídos, alertas, cheiros, telas, cores berrando, tecnologia derrubando anúncios sobre nossos cérebros. Um pandemônio sensorial que esgota até o mais equilibrado dos nossos neurônios.

Um homem está jogando em uma máquina de caça-níquel. Há luzes neon por todos os lados.
Negative Space / Pexels / Canva

A esta altura já conheço bem o Transtorno da Sobrecarga Sensorial — o tal TSS que ninguém menciona nos cafés descolados onde falam de “design escandinavo” como quem recita haikais. Eu sei o que é sentir o corpo encolher diante do excesso, o coração disparar por causa de uma lâmpada piscando, o cérebro apagar quando a página da Internet pisca em sete tons de neon. E sei, principalmente, o que é buscar desesperadamente por silêncio — mesmo onde outros não percebem ruído.

O minimalismo, para muitos, é uma moda bonita, para outros uma filosofia de vida… Mas para alguns de nós é a última tábua de salvação antes que a mente entre em colapso.

Esses que o veem assim ninguém nota. Vivem camuflados sob a estética do “clean”, mas por trás dessa aparente paixão pela estética estão lutando, todo santo dia, contra uma “invasão alienígena”. Eles não têm “bom gosto escandinavo”, mas um sistema nervoso em brasa.

E cada escolha – do sofá sem estampa ao guarda-roupa monocromático – é uma tentativa de respirar. Minimalistas por necessidade, não por capricho. Economistas da energia interna. Arquitetos da própria paz.

E eu fico aqui, olhando para essa vitrine “clean” e pensando com meus botões: quantas dessas casas brancas são, na verdade, zonas de segurança para quem nunca percebe, ao cair da tarde, o aconchego de que tanto precisa? E se o vazio das paredes for muito mais do que uma simples questão de estilo, mas um grito mudo, um pedido de trégua ao mundo?

Sobre o autor

Luiz Roberto Bodstein

Formado pela Universidade Federal Fluminense e pós-graduado em docência do ensino superior pela Universidade Cândido Mendes. Ocupou vários cargos executivos em empresas como Trimens Consultores, Boehringer do Brasil e Estaleiro Verolme. Consultor pelo Sebrae Nacional para planejamento estratégico e docente da Fundação Getúlio Vargas e do Instituto Brasileiro da Qualidade Nuclear (IBQN) para Sistemas de Gestão. Especializou-se em qualidade na educação (Penn State University, EUA) e desenvolvimento gerencial (London Human Resources Institute, Inglaterra). Atualmente é diretor da Ad Modum Soluções Corporativas, tendo publicado mais de 20 livros e desenvolvido inúmeros cursos organizacionais em suas diferentes áreas de atuação. Conferencista convidado por várias instituições de ensino superior, teve vários de seus artigos publicados em revistas especializadas e jornais de grande circulação, como “O Globo”, “Diário do Comércio” e “Jornal do Brasil”.

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