Animais de Poder Espiritualidade

O amigo elemental

Árvore carvalho com folhas ao chão e luz do sol refletida
Escrito por Andrews Amoramar
Um ser fantástico certa vez encontrou-se comigo em uma tarde ensolarada. Era uma tarde de sol, porém uma chuva fina e refrescante resolveu aparecer para uma breve visita. Um dia de chuva com sol é sempre muito belo, e desde garoto mexeu sempre com meu coração. Naquela tarde não foi diferente.

Fazenda com grama verde e céu ao entardecer

O ser sentado no cravo ao meu lado concordava comigo. Fumava suas ervas doces em seu cachimbo engraçado, feito de alguma coisa que eu não soube identificar. A cor era amarela, era delgado e longo. O pequeno ser pitava com prazer esse cachimbo minúsculo, minúsculo para mim, ao menos, pois para ele era do tamanho perfeito.

Ele me contava, com sua boca pequena, estórias bastante interessantes sobre as árvores. Sobre como elas eram seres amáveis e de grande sabedoria. A maioria delas era como grandes mães ou talvez avós. Bastante acolhedoras, abraçando o mundo com suas raízes. Fiquei surpreso e encantado ao saber que o sonho de toda árvore é ser abraçada. Abracei uma delas naquele mesmo dia. As árvores são mais vivas do que imaginamos. Elas sentem, amam, conversam e sabem tudo o que acontece ao redor. Elas podem se comunicar a distância, pois se conectam umas às outras por meio da grande mãe terra, comunicando-se a grandes distâncias e sabendo o que ocorre em todo o mundo ou em boa parte dele. No mundo das árvores, as frutíferas são as que mais sofrem, pois têm muitas vezes seus galhos podados, e isso lhes machuca. Mesmo assim elas entendem que é necessário, porque para estas árvores o maior prazer é alimentar os seres da terra, principalmente nós. Outras que sofrem são as árvores da cidade. Sofrem por geralmente estarem sozinhas e cercadas de concreto, sofrem pelas podas e principalmente pelo que ouvem. Sim, as árvores ouvem e ficam muito tristes com certas coisas que escutam das pessoas que circulam ao seu redor. Elas conhecem muitos segredos e muitas vezes adoecem.

Campo com árvores e sol reluzindo

O ser me lembrou da amoreira que havia secado no parque próximo dali, me explicou que ele ouvira coisas muito tristes de homens que frequentavam o lugar à noite e que, por isso adoeceu, desistindo das pessoas. Porém no último outono esta resolveu dar algumas poucas frutas, todas no topo de seu galhos, longe do alcance dos homens, mas ao alcance dos pássaros.

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Ele continuou a falar por muito tempo. Quando parou, a chuva estava toda na terra e o sol já se retirara, deixando para trás uma débil luz. Eu bocejei depois que o pequeno ser deu uma pausa silenciosa. Ele me olhou segurando o cachimbo na frente da boca, me sorriu, não mostrou os dentes, mas fechou os olhos ao fazê-lo, o que tornou seu semblante bastante carinhoso. “É hora de eu ir”, disse ele, “já descansei por demais. Meu turno recomeça no próximo minuto”. Minha resposta foi uma leve expressão de desapontamento, como quando se come o último pedaço de pizza e ainda se tem fome. Ele sorriu de novo e disse:

“Em breve nos veremos de novo, afinal há verde brotando de qualquer rachadura”.

Sobre o autor

Andrews Amoramar

Anos atrás surgia por estas terras um pequeno garoto, um garoto que amou logo de cara o que viu. Um pequeno sonhador, explorador do quintal de casa, curioso pelas coisas afora. Esse pequeno amava desde cedo criar, e explorava sua criatividade com uma folha e lápis na mão, desenhando seus personagens preferidos.

Os anos passaram e o pequeno esticou em tamanho, porém a curiosidade e a ânsia em criar se mantiveram as mesmas. Hoje o garoto tem novas ferramentas e conhecimento para explorar mais e mais. Hoje o quintal é maior, relativamente maior. As experiências muito mais desafiadoras e às vezes assustadoras, mas o desafio maior é manter viva a alegria do garoto, mesmo em meio a tantos obstáculos.

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