A primeira vez que vi o físico e ativista quântico Amit Goswami foi numa palestra de uma hora, num grande hospital, em São Paulo. Era outubro de 2015, e sua palestra, cujo tema era livre, se iniciou com uma breve fala. Segundo ele, por estar em um hospital, em outubro, quando se comemora a conscientização sobre o câncer de mama, este seria o seu tema.
Tranquilamente, como conheci Amit em todos os seus cursos de especialização no Brasil, ele começou discorrendo sobre a localização das mamas no corpo feminino, que ficam na altura do peito, onde se aloja o coração, órgão que em nossa cultura simboliza a emoção.
Quando alguém lhe pergunta “Quem é você?”, a primeira coisa que fazemos é colocar a mão na altura do coração e dizer “Eu?”
Sim, você! Quem é você? Então o coração está intimamente ligado com quem somos, nos define. Segundo essa visão, as mamas estariam ligadas à nossa autoimagem (quem eu sou), e no caso à autoimagem feminina. Afinal as mamas têm um grande simbolismo.
Os seios têm relação com o princípio feminino e em algumas culturas o seio direito está ligado ao Sol, enquanto o esquerdo, mais yin e acima do coração, está ligado à Lua.
Símbolo da maternidade e da nutrição, segurança e suavidade, dádiva e refúgio, de recursos. Ligado à fecundidade e ao leite, é oferenda, porque se dá, e receptáculo, porque recebe.
Esse simbolismo tão bonito pode ser questionado quando se recebe a notícia de um câncer. Na mais ingênua das traduções, o câncer está relacionado com um desequilíbrio na produção de células sadias, que de repente começam a se multiplicar de forma defeituosa ou errônea.
Esse desequilíbrio traz para a mulher uma reflexão profunda, um medo, culpa, angústia e uma série de emoções que parecem um carrossel em que se mistura sua autoimagem, o medo da dor física dos procedimentos, a decisão de contar ou não à família, a saída de sua rotina para ausentar-se em exames e tratamentos.
Segundo Amit, 70% das doenças têm fundo emocional. Se as mamas se localizam acima do coração, a pergunta é “O que emocionalmente preciso aprender nesse processo enquanto faço todos os procedimentos médicos? Onde, em mim, se localiza o centro regulador e desregulador das minhas emoções? Quais as emoções não venho trabalhando tão bem?”
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Lógico que enquanto isso a pessoa precisa estar preocupada com uma melhor alimentação e cuidados consigo mesma. E deve se fazer a pergunta “Eu tive essa noção de autocuidado ou ela nunca foi minha preocupação até agora?”
Outubro é o mês da conscientização sobre o câncer de mama. Que nós, mulheres, possamos entender o simbolismo que está envolvido. Nutrir é nutrir a si mesma antes de tudo, ser segura e suave é para o dia a dia, ser fecunda é ser criativa, oferecer, retribuir e ser grata é a única forma de ser feliz por aqui.