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Os ciganos e a origem da espiritualidade

Mulher cigana segurando um incenso.
Zolotarevs / Shutterstock
Escrito por Priscila Sarmento

A cultura cigana sempre foi para mim algo místico, misterioso, mágico e sublime. Surgiram do nada, com culturas, língua e religião próprias. Muitas vezes marginalizados, tratados com desprezo e preconceito, sempre mantiveram sua fé e crença à frente de qualquer fardo. Na minha opinião, criaturas da natureza e amantes da liberdade. Ninguém sabe ao certo de onde vieram e, muito menos, para onde irão, pois estão espalhados pelo mundo. Não se trata o povo cigano de uma religião ou de grupo ocultista como eram vistos antigamente, muito menos de bruxos ou ladrões de crianças, mas de um povo que mantém sua forma e conteúdo definido há séculos. De maneira surpreendente, atravessam fronteiras e, a cada conquista, fincam sua bandeira, no entanto, não tomam posse da terra.

A cultura cigana é ágrafa, ou seja, é passada oralmente. Um povo fechado em seus mistérios de idioma próprio com origem romano que por obra da sua peculiaridade não possui grafia, a não ser aquela que é escrita da mesma forma que se fala. Devido a isso, a falta de material de pesquisa é enorme, deixando os pesquisadores aflitos, e seus trabalhos, inconclusivos. Mas alguns pesquisadores remontam a origem do povo cigano a dois ou três milênios antes de Cristo e acreditam no início de maior número na Índia. Outros atribuem ainda ao Egito e ramificações acontecidas pela Europa em geral. Depois de muitos estudos e pesquisa, chegou-se à conclusão não 100% de que nossos misteriosos ciganos são oriundos hindi, uma língua derivada do sânscrito, logo, indianos. Não se sabe em qual parte da Índia, mas acredita-se que seja do Paquistão por volta do ano 1000 da era Cristã.

Mantenedores de seus costumes e tradições, passadas oralmente seus conhecimentos, origens e mistérios dos mais velhos para os mais novos, que devem desde a infância familiarizar-se com suas raízes, amando, respeitando e mantendo em sigilo. Pois, ao longo dos séculos, foram vítimas de perseguições e preconceitos, confundidos com pessoas de má índole e até de enganadores e ladrões de crianças. Nunca cruzaram o mundo na intenção de conquistar terras. Sempre pacíficos e festeiros, seus hábitos de um modo geral sempre causaram admiração.

Os ciganos e a espiritualidade

Mulher e homem ciganos sentados olhando para a câmera.
cottonbro / Pexels

Mostra a história toda a magística que acompanha esse povo, bem como os dons de forte intuição, trazem experiências de todo o mundo, especialmente aquelas adquiridas junto ao povo Hindu, como a quirologia, outras mais exercidas pela sensibilidade nata que emanam, e desenvolvem em suas crianças, como a vidência, o copo com água, os rituais mágicos ligados à natureza, à leitura da sorte por meio do baralho e o Tarot. Bem como a experiência trazida pela genética espiritual, proporcionando esse exercício.

O povo cigano, tanto quanto outros povos detentores de egrégoras distintas e próprias, tem um passado no plano de serviço espiritual de muita relevância, sendo que, a respeito de suas conhecidas falanges, assim como muitos grupos e massas coletivas de espíritos, são colocados em várias dimensões galácticas e destinados ao encarne, dentro de um critério divino de avaliação e evolução. Os espíritos ciganos que hoje levam esse nome e que foram trazidos de outra galáxia para reencarne em massa em nosso planeta Terra, imigrando por ordem divina de outras dimensões planetárias, carregam consigo a sabedoria, os costumes e o conhecimento já alcançado até então e que, por milênios, vêm reencarnado seguindo a ordem natural da evolução, conseguindo conquistar seu espaço, produzindo seus próprios gráficos universais de força no plano espiritual.

Os ciganos na umbanda

Os ciganos são do Oriente, logo sua cultura difere da africana, trabalhando na vibração da direita, e aqueles que trabalham na vibração da esquerda não são ciganos, mas os exus da umbanda. Nessa linha de proteção, trabalham ciganas e ciganos chamados de Guardiões Ciganos, trabalham em pares e protegem todos os 9 Clãs Ciganos. Todos eles atuam na luz divina. Cada um tem um nome, como Pablo, Wladimir, Esmeralda, Sarita e tantos outros nomes, atuando em cada segmento da vida, como no amor, finanças, sorte, saúde etc. Alguns lugares chamam os Ciganos Guardiões de exus, como Cigana 7 Saias, da estrada e Padilha, mas isso não é verdade, pois são linhas distintas. Às vezes, isso ocorre como ordem da casa de umbanda, e, como eles também precisam fazer caridade, acabam acatando essa ordem. Os ciganos não afazem trabalhos como os exus, eles usam cores, especiarias, água, vela, incensos, flores, cristais, leques, instrumentos musicais e oráculos baralho, leitura das mãos, dados, moedas, medalhas e até culinária. Trabalham com os quatro elementos – Fogo, Terra, Ar e Água. Apenas o clã dos ciganos guardiões usa bebida alcoólica, pois trabalha com descarrego. Os demais clãs não, apenas água. O povo cigano não é religião, mas uma etnia, logo não existe a conversão cigana. Para ser cigano, só nascendo de pai e mãe ciganos.

Oráculos

Estamos diante de um dos instrumentos mais utilizados pelas ciganas e que deixou a marca registrada desse povo, uma vez que é o mais usado para ler a sorte, o baralho. Assim como a leitura das mãos, dados e a borra de café. Esse ensinamento é passado há séculos pelas tias, avós, mães e Puri Dei do clã cigano, conhecido como ciganas da sorte, para as ciganas meninas desde cedo. Sempre lembrando que a atividade em questão é característica das ciganas, o que não quer dizer que ciganos não pratiquem. Contudo é um costume antigo levado pelas ciganas.

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Os dados também são de uso milenar e seguem na tradição cigana sendo usado sempre para resolver questões internas ou de interesse do próprio clã, sendo usados também para consultas livres em determinadas regiões. Carregam um poder de resposta incomparável e ajudam bastante na vida diária das pessoas, principalmente em questões espirituais, podendo fazer perguntas desejadas, sempre de forma específica para obtenção de respostas claras e rápidas.

Todos os materiais de trabalho são consagrados pelos quatro elementos e oferecidos às ciganas e ciganos. Se tiver interesse em saber quem são seus ciganos, procure alguém de confiança para ensinar a montar seu altar e fazer suas dedicações.

Sobre o autor

Priscila Sarmento

Formada em publicidade pela Escola Técnica de Publicidade e Propaganda — ETEC, em 2000. Superior completo em jornalismo pela Faculdade Candido Mendes — UCAM, em 2005. Pós-graduada em marketing também pela Faculdade Candido Mendes — UCAM, em 2009. Especialização em marketing digital EAD na UCAM, em 2019.

Jornalista na empresa de RH Simetria, assessora de comunicação na Fiocruz — INI, desenvolvimento de cooperado na UNIMED.

Realizei alguns trabalhos com criação de materiais publicitário, diagramação e arte como freelancer.

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