Espiritualidade

Tao, um guia para a vida

Templo com imagens de Budas vistas de perfil
Escrito por Tereza Gurgel

“O Insondável (Tao) que se pode sondar

Não é o verdadeiro Insondável…” – trecho do livro “Tao Te King”, de Lao-Tsé

“Tao” significa “caminho”, “via” ou princípio, ou seja, a fonte, a dinâmica e a força motriz por trás de tudo que existe.

O taoísmo está focado na sabedoria intuitiva, não no pensamento racional, que considera limitado e relativo. Suas raízes remontam a mais de cinco mil anos. É uma religião que combina elementos do folclore, ciências ocultas, cosmologia, poesia, filosofia e misticismo. O taoísmo, ao contrário do confucionismo (que é extremamente pragmático), enfatiza a integração do ser humano à realidade cósmica primordial, o Tao, por meio de uma existência natural, espontânea e serena. Viver em harmonia com a Natureza é respeitar nossa própria essência, pois somos parte dela.

Imagens de Budas em sequência de tamanhos diferentes vistos de frente
Foto de Céline Haeberly no Unsplash

Os grandes expoentes dessa doutrina – e por que não dizer dessa profunda filosofia milenar – foram Lao-Tsé (séc. VI a. C., escritor do livro “Tao-Te-King”) e Tchuang-Tsé. Lao-Tsé foi, segundo a tradição, contemporâneo de Confúcio, pensador e filósofo chinês.

As origens são envoltas em lendas, remontando ao período de um mítico primeiro imperador da China, Huang-Ti, o Imperador Amarelo (2697 – 2597 a. C.). Suas influências foram marcantes no pensamento e na cultura chinesa.

As tradições e a ética taoísta variam de acordo com a escola, porém, no geral, enfatizam a serenidade, a não ação, o vazio, a moderação dos desejos, a simplicidade, a espontaneidade, a contemplação da Natureza e os Três Tesouros: compaixão, moderação e humildade.

Uma pessoa que pratica o caminho do Tao busca a paz e a serenidade ao contemplar os movimentos da Natureza, reconhecendo que eles são adequados ao bom viver. Se a Natureza é nossa guia, tornamo-nos mais calmos e mais serenos, então não vemos necessidade para preocupações mesquinhas, pois deixamos a vida fluir sem esforço para nos contrapormos àquilo que não podemos mudar.

Mulher de olhos fechados e mãos em frente ao corpo com luz refletindo
Foto de madison lavern no Unsplash

Não há necessidade de reprimir as paixões, mas de transcendê-las pacificamente. A contemplação de todas as coisas, positivas ou não, basta para que a pessoa não se apegue a nenhuma delas.

“Só pode possuir o Reino

Quem está disposto a servir desinteressado,

A esse se pode confiar o reino” – Trecho do livro “Tao Te King”, de Lao-Tsé

A noção de “não ação” não significa adotar uma postura imóvel, mas evitar ações que não sejam espontâneas, além de atuar naquilo que esteja absolutamente de acordo com a necessidade presente e que tenha um bom e justo motivo. Após alcançar um objetivo, o sábio não se congratula com o êxito, mas simplesmente o afasta da mente – isso o ajuda a se manter sereno. A espontaneidade é o princípio ativo do Tao. Agir em harmonia com a Natureza equivale a agir espontaneamente e em consonância com a verdadeira Natureza de cada indivíduo, confiando em sua inteligência intuitiva.

“Aqueles que seguem a ordem natural fluem na corrente do Tao” – Huai Nan Tsé

Se deixarmos de tentar agir em oposição à Natureza, estaremos em harmonia com o Tao e, dessa forma, nossas ações serão bem-sucedidas.

“Por meio da não ação, tudo pode ser feito” – Lao-Tsé

Desde cedo, os taoístas compreenderam que a transmutação e a mudança são características essenciais da Natureza. Essas mudanças são manifestações da interação dinâmica entre polaridades, o Yin e o Yang. Dirigir-se para além de todos os opostos concebíveis é atitude essencial para poder chegar à iluminação. Assim, sempre que se deseja alcançar algo, devemos começar com seu oposto; sempre que desejamos reter alguma coisa, nela devemos admitir algo de seu oposto. Esse é o modo de vida do sábio que alcançou um ponto de vista superior, uma visão que reconhece a relatividade do bem e do mal. O sábio taoísta não se esforça para alcançar o bem, mas procura manter um equilíbrio dinâmico entre o bem e o mal.

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“Imperecível é o espírito da profundeza,

Como o seio profundo da maternidade.

Céus e terra radicam no seio da mãe.

São a origem de todos os vivos,

Que espontaneamente brotam da Vida.” – Trecho do livro “Tao Te King”, de Lao-Tsé

Referências

“Tao Te King” – Lao Tsé – Círculo do Livro, São Paulo

“Taoísmo, a Busca pela Imortalidade” – John Blofeld – Círculo do Livro, São Paulo

“O Tao da Física” – Fritjof Capra – Ed. Cultrix, São Paulo

Sobre o autor

Tereza Gurgel

Formada em Psicologia (F.F.C.L. São Marcos - SP). Filiada à ABRATH (Associação Brasileira dos Terapeutas Holísticos) sob o número CRTH-BR 0271. Atua na área Holística com Reiki, Terapia de Regressão e Florais de Bach. Mestrado em Reiki Essencial Metafísico e Bioenergético Usui Reiki Ryoho, Shiki, Tibetano e Celtic Reiki. Ministra cursos de Reiki e atende em São Paulo (SP).

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