Convivendo

Quando lhe desprezarem, talvez seja a hora de reconhecer que é grande demais para aquele lugar

Escrito por Bianca Vieira

O desejo de pertencer aos grupos é algo natural do ser humano, pois este precisa sentir-se importante e parte de algo maior do que o seu próprio ego. Porém, em muitos momentos, você tentará se encaixar em determinados grupos que não irão considerá-lo parte deles, por mais que se esforce para que isto aconteça. Como consequência, você se sentirá marginalizado pela sociedade e irá preferir a solidão, pois não compreende o porquê de o ser humano ser focado apenas em prazeres efêmeros e voltado aos relacionamentos pautados em interesses, seja este pessoal, financeiro, de status quo ou por simples questão de afinidade de valores pessoais.

Mas, afinal, “o que eu fiz de errado para que todos me desprezem desta forma?”. A resposta é simples: Você não fez absolutamente nada!

É tão simples e tão complexo ao mesmo tempo que é difícil aceitar que talvez você seja grande demais para pertencer àquele grupo. Um exemplo interessante, é tentar se imaginar dentro de um globo de neve que enfeita a estante de muitas pessoas. Você consegue entrar dentro de um? Não consegue porque é muito grande para ser capaz de adaptar-se a ele e sua vida perfeita, além de ironicamente monótona. É assim na vida real, com as pessoas. Agora é capaz de compreender?

Muitas vezes, tentar encontrar as respostas de nossos conflitos internos em grupos e amigos não é a melhor alternativa, pois talvez estes sejam mentalmente pequenos para nos aceitar como somos e podem nos atrapalhar a seguirmos os caminhos que são apenas os nossos, pois afetam a nossa autoestima com a sua ignorância. Pode parecer egoísta, mas possuir amor-próprio não o torna um indivíduo egoísta, apenas consciente de seu próprio valor, que se tentar esquecê-lo, ninguém irá encontrá-lo por você.

A nossa sociedade admira as aparências, e para ser parte dela, é preciso saber se comportar, não moralmente, mas aparentemente. Vivemos em um mundo em que admiram aquilo que mostramos, mas não se interessam pelo conhecimento daquilo que realmente somos e isto fere a alma dos puros de coração, daqueles que são verdadeiros, das “pessoas de alma”, pois estas são desprezadas e comparadas aos que apenas “mostram” possuir as virtudes que na verdade não possuem.

Já percebeu como quando se é desprezado, ao buscar a solidão acaba se descobrindo em vários aspectos? É um novo curso que surge e você resolve fazer, novos livros surgem em sua estante, seu gosto por música se aflora e seus filmes favoritos mudam, além de seus hábitos tornarem-se melhores, pois se não é mais necessário tentar firmar-se em um grupo, logo, não precisa se preocupar em cumprir a rotina deste.

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Para alguns, a solidão pode ser equiparada com uma prisão, mas na verdade, quando ela solicita que seja assumida (porque no fundo, todos somos solitários), é porque chegou o momento de parar um pouco e refletir… Questionar-se interiormente sobre qual foi a última vez em que fez algo para si, apenas porque amava e não porque o seu grupo fazia, questionar se é a favor da ética daquela pessoa que se diz amiga, mas que a sua intuição sempre lhe disse que tratava-se de um relacionamento efêmero, pensar sobre como é importante ter uma identidade própria e se você possui a sua, questionar a sua própria importância e passar a reconhecê-la, sem medo. Por fim, ao sentir-se moralmente assediado, diga para si mesmo: Talvez eu seja grande demais para pertencer a este lugar.

E afaste-se… Vá embora.

Sobre o autor

Bianca Vieira

Nascida em 1998 em Muriaé, escreve desde que se conhece como gente e se sente filha da arte. Autora do livro "Me recordo dela" e deseja despertar o lado mais sensível das pessoas.

Instagram: @biancathewriter
Blog pessoal: merecordodela.blogspot.com.br
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Twitter: @biancapianist