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Você sabe o que é especismo?

Uma placa escrita "stop speciesism".
Andreia Agostinho / Shutterstock
Escrito por Eu Sem Fronteiras

O especismo é uma forma de discriminação daqueles que não pertencem a uma determinada espécie. Os seres humanos possuem comportamento especista em relação aos demais animais, colocando os seus interesses sempre acima dos interesses dos animais não-humanos.

Ideologicamente, os humanos se consideram seres superiores aos demais animais que vivem em nosso planeta. Dessa forma, os direitos dos animais são deixados de lado para atender aos anseios dos seres humanos.

Nesse artigo, vamos explicar o conceito de especismo, além de abordar também conceitos como antropocentrismo e antiespecismo.

O que é o especismo

Assim como o racismo, o sexismo e outros tipos de discriminação, o especismo se utiliza de argumentos sem base moral ou científica para legitimar a exploração e o sofrimento animal e o subjugamento de uma espécie sobre a outra.

À esquerda, uma fotografia de uma vaca. À direita, uma fotografia de um cachorro.
Whoistheroach, CC BY-SA 4.0 / Wikimedia Commons / Canva

O especismo se assemelha ao racismo e ao sexismo, pois desconsidera os interesses de um grupo específico com base em critérios arbitrários. Esse preconceito causa um grande impacto na vida daqueles que são discriminados.

O especismo não é apenas uma questão de ódio, mas sim de ignorar ou menosprezar os sentimentos dos animais. Renunciar ao especismo é defender a igualdade e o respeito por todos os seres que são capazes de sentir as emoções.

Principais argumentos especistas

Muitas vezes, sem pensar, recorremos a argumentos especistas para justificar a crueldade contra os animais. Afirmar que os demais animais não são dotados de inteligência como nós e que, portanto, não entendem o que os humanos fazem com eles, por exemplo, é uma dessas justificativas.

Porém, ao sustentar esse argumento, nos esquecemos de que nem todos os seres humanos possuem a mesma capacidade de raciocínio. Estaríamos assim justificando abusos contra crianças ou pessoas com alguma deficiência cognitiva, por exemplo? A inteligência não pode ser, de maneira alguma, base para qualquer discriminação.

Outro argumento bastante utilizado é o de que, se o mundo sempre foi assim, para quê mudar agora? Por muito tempo, seres humanos escravizaram outros seres humanos de etnias diferentes da sua. Não é por que isso ocorreu ao longo da história que se torna aceitável que escravizemos outros animais. Não é por eles serem diferentes de nós que não devemos ter empatia por eles.

Há aqueles que defendem também que os seres humanos possuem sentimentos, diferentemente dos animais. No entanto, já sabemos que os animais são seres sencientes, ou seja, experienciam sentimentos como dor e prazer.

Sendo assim, todos os animais devem ser respeitados de forma igualitária, pois todos têm a capacidade de sofrer, sentir dor, felicidade e outras emoções.

Por fim, um dos argumentos mais egoístas é o de que o ser humano precisa comer carne para sobreviver. Diversos estudos mostram que o homem pode viver com alimentos de origem vegetal, e que a proteína animal não é essencial para sua existência.

Felizmente, com o passar dos anos, o número de veganos vem aumentando pelo mundo todo, e cada vez mais pessoas entendem que não é preciso se alimentar do sofrimento animal. Pelo contrário, uma dieta à base de plantas tende a ser muito mais saudável e variada.

O antropocentrismo

Essa forma de especismo, que faz diferencia seres humanos dos demais animais, é conhecida também como especismo antropocêntrico. Sendo o antropocentrismo um pensamento filosófico que coloca o homem como figura central no funcionamento do universo, esse tipo de especismo rebaixa todos aqueles que não fazem parte da espécie humana.

Uma ilustração de um ser humano visto de perfil. Sobre o rosto do homem, uma rosa dos ventos.
Trifonov_Evgeniy de Getty Images Pro / Canva

Considerando-os como seres inferiores, os humanos tratam os animais como objetos, utilizando-os como matéria-prima para diversos produtos, como cobaias de testes de laboratórios, bem como para alimentação, transporte e entretenimento, sem levar em consideração o que essas ações provocam neles.

Dentro do especismo, os animais são classificados de diferentes formas, de acordo com a sua espécie. Ao mesmo tempo que alguns animais são amados e considerados de estimação, outros são explorados pelas grandes indústrias e pela agropecuária.

Mesmo cães e gatos, que muitas vezes são considerados parte da família e para os quais as pessoas dedicam tempo, cuidado e carinho, também eles são explorados por canis que são verdadeiras fábricas de filhotes, sendo vendidos como mercadoria.

Ao nos diferenciarmos dos seres “irracionais”, não levamos em consideração que os animais são dotados de sentimentos assim como nós, a exemplo dos bezerros, que sofrem ao serem separados das mães na indústria do leite. Até mesmo um peixe, dotado de um sistema nervoso sofisticado, sente dor ao ser retirado da água.

O antiespecismo

Vindo na contramão do especismo, o antiespecismo é um movimento ideológico, social e político contrário ao sofrimento e à exploração animal. O antiespecismo defende a igualdade entre todos os indivíduos sencientes, ou seja, aqueles capazes de sentir, sem qualquer distinção de espécie.

Todos os seres que habitam o nosso planeta possuem a mesma origem, portanto devem ser tratados com respeito. O antiespecismo enxerga a importância individual de cada espécie. Ou seja, todos os seres possuem interesses próprios que devem ser levados em consideração.

Além da exclusão do consumo de produtos de origem animal, o antiespecismo defende a abolição de qualquer prática nociva aos animais, como aquelas em que os animais sejam utilizados para lazer, testes ou qualquer outra ação que seria inadmissível se realizada com seres humanos.

A defesa dos direitos animais é apenas a ponta do iceberg desse movimento. O antiespecismo também aponta a exploração animal como principal causa da destruição ambiental, como é o caso da agropecuária. Além disso, também defende que o desequilíbrio entre o homem e a natureza é um dos motivos dos recentes desastres ambientais.

Como ser antiespecista

Embora nos dias de hoje os animais venham sendo explorados em larga escala, cada vez mais há grupos de pessoas clamando por seus direitos e informando as outras pessoas sobre as consequências do especismo.

Ademais, não é possível falar sobre o antiespecismo sem citar o veganismo, filosofia que busca excluir o consumo de carne, leite e seus derivados e qualquer outro produto de origem ou testado em animal.

Um homem utilizando uma camiseta do movimento antiespecista.
NeydtStock / Shutterstock / Canva

O antiespecismo, contudo, não é um movimento solitário. Cada um pode fazer a sua parte, mas os avanços devem ser levados também ao âmbito legislativo. Embora algumas leis já tenham sido adotadas no combate ao especismo, ainda há muito a ser feito.

Poucos países pelo mundo possuem legislações rígidas quanto à proibição de testes em animais para cosméticos. Já no Brasil, dos 26 estados do território nacional, apenas 12 proíbem animais como entretenimento em circos.

A maioria dos seres humanos aceita de maneira natural a exploração contra os outros animais. Isso acontece porque, desde muito cedo, somos incentivados culturalmente a consumir a carne, o leite, a pele e todas as outras partes de diversos animais.

Portanto, é conveniente para nós acreditarmos que os outros animais são inferiores e que, por isso, podem ser explorados. Mas, como animais racionais que somos, cabe à nós tomarmos a posição ética de não aceitarmos o especismo.

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O especismo é apenas uma ideologia. Ao renunciar esse pensamento discriminatório, estamos defendendo a igualdade entre todos os animais, humanos ou não-humanos. Isso não significa que os animais devam ter os mesmos direitos que nós, mas sim que respeitar todos os animais é a única saída para a preservação do meio ambiente e das diversas espécies que o habitam.

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