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Bed Rotting: o fenômeno de apodrecer na cama como sintoma da nossa era

Na imagem, há um mulher deitada na cama e mexendo no celular antes de dormir.
Dimaberlinphotos / Canva
Escrito por Carla Marçal

O que significa passar horas na cama sem forças para sair dela? Preguiça, fadiga ou sintoma da nossa era hiperconectada? O fenômeno do bed rotting revela mais do que parece… Quer descobrir o que está por trás desse hábito? Continue lendo o artigo!

Fim de semana. Você acorda sem pressa, pega o celular e começa a rolar o feed. Horas depois, ainda está na mesma posição. Não tomou café, não escovou os dentes, não saiu da cama. O quarto está com as cortinas fechadas, a luz do celular ilumina seu rosto. Você não está exatamente descansando, mas também não consegue levantar.

Bem-vinda ao bed rotting, literalmente “apodrecer na cama”. O termo viralizou nas redes sociais para descrever o ato de passar horas ou dias inteiros na cama, sem fazer absolutamente nada além de navegar no celular, assistir séries, ou simplesmente existir em estado vegetativo sob os lençóis.

A princípio, pode parecer só preguiça de fim de semana. Mas o fenômeno revela algo mais complexo sobre como estamos lidando com o esgotamento da vida moderna. O bed rotting se tornou uma forma de protesto silencioso contra a cultura da produtividade, uma rendição temporária diante da exaustão física e mental que acumulamos durante a semana.

A cama como refúgio

O quarto sempre foi considerado um espaço de descanso e intimidade. Mas algo mudou. Com o trabalho remoto, a cama virou escritório. Com os streamings, virou cinema. Com as videochamadas, virou sala de estar. O limite entre descanso e atividade se dissolveu completamente.

Na imagem, há uma mulher fazendo home office. Ela coloca as mãos na testa, segura seu filho e está cansada.
Pixelshot / Canva

Quando tudo acontece no mesmo lugar, esse lugar perde sua função original. A cama deixa de ser apenas o local onde dormimos para se tornar o epicentro da nossa existência digital. Trabalhamos, comemos, nos relacionamos, consumimos entretenimento e tentamos descansar, tudo entre quatro paredes e sob os mesmos lençóis.

O bed rotting surge nesse contexto como uma tentativa desesperada de recuperar algum tipo de pausa. Mas em vez de ser um descanso restaurador, vira uma fuga anestesiante. Você não está realmente relaxando, está apenas evitando lidar com o mundo exterior.

Fadiga digital disfarçada de descanso

O paradoxo do bed rotting está no fato de que, embora pareça uma forma de descanso, você permanece conectado o tempo todo. Não há descanso real quando você passa seis horas rolando o feed do Instagram, comparando sua vida com a dos outros, consumindo notícias ruins, respondendo mensagens no automático.

Estudos recentes mostram que adolescentes e jovens adultos passam cada vez mais tempo deitados, conectados aos dispositivos móveis. A qualidade do sono piora, os níveis de ansiedade aumentam, mas a sensação de cansaço permanece constante. É um ciclo vicioso: quanto mais cansado você está, mais fica na cama. Quanto mais fica na cama conectado, mais cansado fica.

A fadiga que sentimos não é apenas física. É cognitiva, emocional, social. Vivemos em estado de alerta constante, processando informações sem parar, tomando micro decisões o dia inteiro, sendo bombardeados por estímulos visuais e sonoros. O cérebro não aguenta, mas em vez de desligar de verdade, continuamos alimentando essa sobrecarga mesmo durante o “descanso”.

Isolamento social na era da hiperconexão

O bed rotting também reflete como estamos nos relacionando com outras pessoas. É mais fácil mandar uma mensagem do que marcar um café. É menos desconfortável curtir um post do que ter uma conversa real. Podemos estar conectados com centenas de pessoas online e ainda assim nos sentirmos profundamente sozinhos.

Na imagem, há um homem deitado na cama e mexendo no celular antes de dormir.
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Ficar na cama vira uma forma de evitar o desconforto das interações sociais reais. Não precisa se arrumar, não precisa fazer esforço para manter uma conversa, não precisa lidar com imprevistos. Tudo é controlado, mediado pela tela, seguro dentro do seu quarto.

Mas essa segurança tem um preço. O isolamento gradual vai minando sua capacidade de se conectar genuinamente com outras pessoas. As habilidades sociais atrofiam quando não são exercitadas. A ansiedade social aumenta porque cada vez menos você pratica estar presente com outros seres humanos.

Quando o descanso vira fuga

Existe uma diferença clara entre descansar e fugir. Descansar envolve recuperação real: sono de qualidade, momentos de silêncio, atividades que recarregam suas energias. Fugir envolve evitar sentimentos, responsabilidades, conversas difíceis, decisões que precisam ser tomadas.

O bed rotting geralmente se enquadra na segunda categoria. Você fica na cama porque ali não precisa lidar com o trabalho que está te estressando, o relacionamento que está complicado, as contas que precisam ser pagas, os objetivos que você ainda não alcançou. A cama vira esconderijo emocional.

O problema é que evitar não resolve. As questões continuam lá, esperando. E quanto mais você adia, mais pesadas elas ficam. O que começa como um fim de semana na cama pode virar um padrão recorrente, uma estratégia de enfrentamento que só funciona no curtíssimo prazo.

Sinais de que pode ser algo maior

Na imagem, há uma mulher sentada no chão do quarto. Ela coloca uma mão na testa, indicando estar triste ou abalada.
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Todo mundo merece um dia na cama de vez em quando. Mas quando isso vira rotina, vale prestar atenção. Se você percebe que está evitando compromissos sociais sistematicamente para ficar em casa, se não consegue encontrar energia para atividades que antes te davam prazer, se passa a maior parte do tempo livre apenas rolando feeds sem propósito, pode ser hora de investigar o que está acontecendo.

A falta de energia persistente, a dificuldade para sair da cama mesmo depois de horas deitado, o isolamento social progressivo, tudo isso pode indicar questões mais sérias como depressão, ansiedade ou burnout. O bed rotting pode ser um sintoma, um sinal de que seu sistema nervoso está pedindo socorro da forma que consegue.

Recuperando o equilíbrio

Romper com o padrão do bed rotting exige olhar para as causas, não apenas para o comportamento. O que está te deixando tão cansado que a única coisa que você quer é sumir sob os lençóis? Que parte da sua vida está pedindo mudanças?

Pequenos ajustes podem ajudar. Estabelecer horários para usar o celular, criar uma rotina de sono real, voltar a fazer atividades fora de casa, recuperar hobbies que não envolvem telas. Mas, principalmente, permitir-se sentir o que precisa ser sentido em vez de anestesiar tudo com entretenimento digital infinito.

A cama pode voltar a ser um lugar de descanso verdadeiro, não um esconderijo da vida. Mas isso exige reconhecer quando você está descansando e quando está apenas fugindo. E ter coragem para fazer diferente.

O bed rotting é um sintoma do nosso tempo. Reflete como estamos exaustos, desconectados, sobrecarregados. Mas também pode ser um ponto de virada, um momento de perceber que algo precisa mudar na forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. A pergunta é: você vai continuar apodrecendo ou vai levantar dessa cama? Vira uma fuga anestesiante. Você não está realmente relaxando, está apenas evitando lidar com o mundo exterior.

Sobre o autor

Carla Marçal

De uma carreira de destaque em grandes corporações à busca incansável por um propósito mais profundo, minha jornada de vida tem sido uma busca constante por significado e realização. Como psicóloga integrativa de formação, alcancei o sucesso profissional em níveis diretivos, acumulando todas as conquistas tradicionalmente associadas à felicidade.

No entanto, sempre senti que faltava algo, uma lacuna na minha busca pela plenitude. Paralelamente à minha carreira, mergulhei nos estudos do comportamento humano, obtendo formação como psicodramatista e aprofundando meu conhecimento em coaching, PNL, antroposofia e outras técnicas. Meu objetivo era claro: auxiliar indivíduos e organizações a prosperarem em processos de mudança, humanização e desenvolvimento pessoal e profissional. Mas ainda assim, algo essencial parecia escapar.

Em 2017, um diagnóstico de câncer de tireoide transformou minha vida de maneira profunda. Optei por um período sabático que se revelou um mergulho profundo em busca do meu verdadeiro propósito. Devorei livros, concluí cursos com diversos mentores e explorei todas as ferramentas disponíveis para desvendar meu destino. Foi nessa jornada de autoconhecimento que encontrei o ThetaHealing®, e minha vida deu um giro transcendental.

De cliente, me tornei terapeuta e instrutora oficial dessa incrível técnica. Além disso, obtive a certificação como operadora de mesa quântica estelar e mesa quântica estelar-pets, além de me tornar professora de MQE. Hoje, sou movida por uma paixão ardente pelo que faço, e vivo plenamente de acordo com meu verdadeiro propósito: espalhar luz, boas vibrações, alegria e energias positivas para ajudar pessoas e o planeta a desfrutar de uma vida plena e feliz.

Minha maior realização é auxiliar pessoas e animais a alcançarem a saúde mental, emocional e física que merecem. A transformação de vidas é a essência do meu trabalho, e estou dedicada a disseminar cura, amor e crescimento, proporcionando uma jornada de descoberta e renovação para todos aqueles que cruzam o meu caminho. Acredito que todos podem alcançar um estado de harmonia, e é isso que me impulsiona a continuar, cada dia, nessa incrível jornada de cura e evolução.

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