Autoconhecimento

A arte da mandala e seus ensinamentos

Escrito por Bruna Rei Freitas

Em sânscrito a palavra Mandala¹ significa círculo e, embora seja uma tradição dos hindus, o uso da mesma não se restringiu a este povo. Inúmeras culturas utilizaram esta forma circular com estruturas simétricas e ornamentais como ferramenta de integração, uma vez que ela apresenta um  grande potencial criativo.

Cada Mandala possui seu significado particular, porém sempre retratará algo específico da vida de quem a cria ou simplesmente a colore. Representando aspectos de sua própria vida, seus dons, lutas, traumas, objetivos, caminhos a seguir, entre outros.

De acordo com Furth² os desenhos permitem uma interação de informações das várias áreas, manifestas ou reprimidas, da psique/alma de cada indivíduo.

Como seres humanos estamos sempre nos deparando com situações diferentes em nosso dia a dia, que nos parecem regras, imposições, pressões que abalam nosso físico, mental e emocional constantemente. Na maior parte das vezes estamos tentando combatê-las, porém há a possibilidade de aceitá-las, de reconhecê-las e de apropriar-se delas como suas, para que então finalmente possamos compreendê-las e perceber que a maior parte delas são “apenas” uma reprodução do que já foi, é e será. Este conhecimento e sensação pode inicialmente nos deprimir mas, vivenciado em toda sua profundidade, será um aprendizado apenas libertador.

Clique na imagem ao lado para fazer download das mandalas exclusivas do Eu Sem Fronteiras para colorir!

A Mandala³ em si representa cada um de nós, onde o centro nos mostra o reencontro com nós mesmos. Não conseguiremos chegar até ele apenas com a ajuda do nosso lado racional. Com nosso intelecto conseguiremos somente reconhecer o que queremos representar e onde queremos chegar, porém é com nossa sensibilidade e nossa subjetividade que conseguiremos aprofundarmos em nós mesmos e resgatar o que realmente precisamos trabalhar referente àquela situação identificada anteriormente por nosso intelecto.

A representação artística nos faz um convite a conhecer nosso passado bem como nosso desenvolvimento individual, mostrando o caminho e nos auxiliando a descobrirmos quem somos. Neste processo que chamamos de autoconhecimento, é quando nós tornamos o inconsciente consciente. Trazemos à tona aquilo que “aparentemente“ estava escondido para ser identificado e transmutado. Muitas vezes este processo é doloroso, pois o medo de conhecer a verdade, o medo de confrontarmos quem realmente somos ainda permanece em nosso inconsciente devido a bloqueios da sociedade em que vivemos.

O colorir de uma Mandala mostra a relação dinâmica que esta fica com relação ao indivíduo.
Quando este se permite a participar deste processo, permite que suas emoções e seus sentimentos dêem vazão, contando naquele momento uma parte de sua história, aquela que naquele instante a pessoa está precisando refletir e transformar.

Na verdade todas as pessoas buscam uma forma de compreender suas vidas, geralmente iniciando pelas situações em que estão vivenciando.  Por muitas vezes a Mandala nos ajuda a buscar sentimentos escondidos em nosso inconsciente e trazê-los à superfície para serem compreendidos, permitindo este resgate em busca da integração do EU.

De acordo com Dahlke4: “O homem necessita do mundo formas visíveis para ser capaz de reconhecer nele o invisível”. A Mandala é a materialização visível dos conteúdos invisíveis do inconsciente, ou seja,  ao se permitir entrar em contato com ela, seja através da criação ou da pintura, ela tem o potencial de acionar uma área do cérebro onde ficam registrados os sentimentos durante toda nossa vida e mostrar ao indivíduo uma situação que antes era invisível (inconsciente), e que automaticamente se tornará visível (consciente), que poderia estar afetando-o todos estes anos.

Você também pode gostar

A Mandala é um caminho que cada um deveria percorrer, é um modo de trabalhar sentimentos de forma lúdica, simples, porém eficaz. Ela aflora sentimentos que são traduzidos em pensamentos, e estes pensamentos são expressos em palavras. Ao serem expressos por palavras, vão se elaborando e dissipando seus conteúdos emocionais, ocorrendo, desta forma, o processo terapêutico4.

É bom lembrar que a Mandala em si não é um processo terapêutico. Ela serve de base para trabalhar conteúdos vindos do inconsciente, dentro das ferramentas que o Naturólogo possui para auxiliar no processo terapêutico.

Permita-se vivenciar esta experiência. Preparado? O que esta mandala desperta em você?

 Referências
  1. THOR, Tamina. TARÔ DAS MANDALAS TALISMÂNICAS – OS CÍRCULOS MÁGICOS DA SORTE E DO PODER. Editora Pallas.  Rio de Janeiro, 2002.
  2. FURTH, M. Gregg. O MUNDO SECRETO DOS DESENHOS: UMA ABORDAGEM JUNGUIANA DA CURA PELA ARTE. Editora Paulus. São Paulo, 2004.
  3. DAHLKE, Rudiger. MANDALAS – FORMAS QUE REPRESENTAM A HARMONIA DO COSMOS E A ENERGIA DIVINA. Editora Pensamento. São Paulo, 2007.
  4. CATARINA, S. Maida. MANDALA – O USO NA ARTETERAPIA. Editora Wak. Rio de Janeiro, 2009.

Sobre o autor

Bruna Rei Freitas

Com uma vasta experiência na área da saúde, é formada desde 2009 pela Universidade Anhembi Morumbi em Naturologia e graduação modulada em Fitoterapia. Possui pós graduação em Medicina Ayurvédica pelo Instituto Naradeva Shala, curso de extensão universitária em Avaliação e Tratamento Interdisciplinar em Dor pela USP, além de cursos de extensão universitária em Iridologia, Terapia Floral e Antroposofia.

E-mail: brunarei@uol.com.br
Telefone: 11 98307-0834
Site: www.espaconaturezahumana.com.br