Autoconhecimento Energia em Equilíbrio

A criança interior

Mulher em frente ao espelho sorrindo
123RF | Lightfieldstudios
Escrito por Anne Moon

São Paulo, 20 de Setembro de 2020

Outubro, mês da criança. Andei tendo umas reflexões e quem me conhece, sabe que sempre tenho esses momentos reflexivos e recentemente me veio a ideia de falar sobre ela, a criança interior, quem é essa criança interior e por que ela é tão importante para que a movimentação em nossas vidas.

O nosso presente, o que as nossas vidas são agora, são as escolhas que fizemos no passado. Onde estamos hoje foi um caminho que percorremos com escolhas que fizemos ao longo e que nos levaram até aqui.

Mulher triste com braços em volta dos joelhos
Engin Akyurt / Pexels

Isso não quer dizer que você tenha que se martirizar, vitimizar pelas escolhas feitas no passado. Como já havia dito, vítima fica parada, indefesa, presas às circunstâncias. Quem você foi, as suas escolhas eram o melhor que pode fazer com que os recursos disponíveis na época e agora com todo conhecimento que tem, possui mais recursos e pode fazer mais e melhor, pode pegar tudo isso como um aprendizado que você leva a partir daquele momento… Enfim, autorresponsabilidade que eu sempre falo em meus artigos.

O que aconteceu no passado era para ser o que foi, o que aconteceu em sua vida até agora, era para ser assim, tudo tem uma razão para ser como é, a questão é que há coisas que nos acontecem que não sabemos o motivo de serem como são, seja por estar muito recentes em nossas mentes, estarmos abalados emocionalmente pelos acontecimentos, não conseguimos ter um raciocínio claro sobre a situação em si com um olhar mais realista e tomar decisões de forma mais inteligente.

Claro que o passado é muito importante para o presente, porque realmente influencia a nossa vida, tanto que esse artigo é sobre a criança interior.

A criança interior, quem somos em essência, quem seriamos na pureza, sem interferências de convenções sociais, traumas ou crenças limitantes, nenhuma marca.

Olho de criança visto de perto iluminado pelo sol
Skitterphoto / Pexels

Com o passar do tempo vamos nos distanciando dessa essência e com isso vem consequências. Muitas vezes carregamos consequências de escolhas que fizemos e nem temos noção de como chegamos a esse ponto. Ou temos certos tipos de atitudes, reação em situações e ficamos sem entender o porquê de agirmos de tal forma. Nós praticamente ficamos irreconhecíveis para nós mesmos, nos perdemos na vida, estamos dentro de uma bolha de inconsciência, dormindo espiritualmente, agindo automaticamente deixando a vida levar.

Crenças limitantes, traumas, padrões negativos repetitivos, sejam eles vindos de nós mesmos ou herdado de familiares, a forma como somos educados pelos nossos cuidadores, da sociedade e grupo ao qual vamos nos moldando para nos encaixar, nos sentirmos aceitos.

É nesse ponto em que nos afastamos da nossa essência, tanto que muitas vezes quando estamos naquele momento nostálgico de lembrar a infância e a adolescência, em nossa mente parece que estamos falando de outra pessoa, não é mesmo? Ou nos bate aquela frustração de, por exemplo, você na sua infância era alguém sem medos, inseguranças, era alguém que estava disposto a vários riscos e hoje em dia a situação está diferente, você tem medos, inseguranças, não se arrisca….

Costumamos contar uma historinha para nós mesmos e para os outros, de que é algo normal, já que há sim mudanças quando passamos da fase da infância para a adolescência e da adolescência para a fase adulta, muitas coisas acontecem nesse meio tempo que influenciam quem nos tornamos com o tempo.

Até mencionei em algum artigo meu sobre a problemática no discurso da autoaceitação, de sermos nós mesmos, porque se perdemos a nossa essência, essa coisa de “ter de se aceitar”, de “sermos nós mesmos” é inválido. Realmente, quando se fala em aceitar, traz implícito essa coisa de acomodar ao que não está bom, ao que não gostamos, o que só atrai mais insatisfação, frustração, angústia, uma vida miserável.

É muito comum até imitar uma outra pessoa e até tentar ser outra pessoa, o que não se sustenta por muito tempo, por que uma hora as “máscaras caem”, não dá para esconder por muito tempo quem somos de verdade. Acontecimentos na vida vão fazer com que aos poucos mostremos quem somos, seja quem formos nas sombras.

Sim. Quando projetamos algo que não tem nada a ver com quem somos, o nosso cérebro estranha, entra em parafusos. A imagem que estamos projetando, está muito dissociada a quem somos em essência, então começamos a projetar as nossas sombras, a parte que não é tão legal que existe dentro de nós, como um trem em alta velocidade sem freio.

O que explica a crise de identidade que muitos tem na fase adulta, a depressão, ansiedade e síndrome do pânico.

Quando a pessoa está em um processo de ansiedade, que pode vir um distúrbio, afetar a vida dela, até mesmo paralisar, ela se perde com a questão do passado e do presente, com quem ela é, com quem ela foi e com quem ela poderia ser. Daí evolui para a síndrome do pânico, quando tudo parece ser assustador e qualquer coisa pode ser um perigo.

Assim evoluindo para um processo depressivo. Chamo de processo depressivo porque a depressão é o estágio final de uma ansiedade. Friso isso por ser um assunto bem sério que muitas pessoas não dão a devida importância.

Claro que todos temos luz e sombras, como falei em mais de um artigo, inclusive em meu artigo sobre yin e yang. Mas quando estamos nas sombras, liberamos características nossas que precisamos trabalhar, causadas por questões a lidar que podem estar inconscientes.

Agora voltando a questão de ser você mesmo, de se aceitar. Essa coisa de aceitar dá a entender que é se acomodar com algo que não está bom, algo que não estamos satisfeitos. Claro que temos que ter o contentamento, no sentido de sentir gratidão para a vida fluir melhor, mas se tem coisas as quais não estão funcionando na sua vida, que você tem que repensar se vale realmente a pena, se faz sentido ainda manter na vida.

Claro que temos sempre que mudar alguns aspectos em nossas vidas para evoluirmos, trazer coisas positivas, mas é a partir do que somos em essência.

A criança interior é sua essência, que pode ter sido esquecida, machucada e com isso perdemos o rumo na vida, temos que fazer o exercício de fechar os olhos e lembrar da criança que éramos.

Trazer à nossa mente quem era essa criança. Como era essa criança? Era alegre? Era uma idealizadora? Uma executora? Alguém cheio de energia? Alguém com mais vitalidade? Era mais animado? Era mais otimista?

Mulher olhando para foto com lágrimas escorrendo pelo rosto
Karolina Grabowska / Pexels

O que te trazia mais alegria? O que você costumava fazer que te dava prazer (Prazer em um sentido amplo)? Escrever? Cantar? Dançar? desenhar? Viajar? Se produzir com a melhor roupa, o melhor sapato, se maquiar e usar seus melhores assessórios mesmo que não haja uma ocasião, uma razão específica? Você era uma pessoa mais espirituosa? Era mais paciente? Era mais alegre? Era mais confiante? Tinha uma autoestima melhor? Onde foi no meio do caminho que essa criança se perdeu? Quando e como foi que você deixou todas essas coisas de lado? Quando foi que você abandonou essa criança que já existiu dentro de si? Quando foi que você se perdeu no caminho e deixou de cuidar da criança interior? Há questões com ela que não foram resolvidas?

Lembrando aqui que uma terapia comportamental promovida por psicólogos e psicanalistas podem e são bem necessários nesse processo, principalmente no estado de amnésia causal, de depressão e ansiedade, realmente precisa de uma intervenção de um especialista. Tudo isso que eu falo em meus artigos é para facilitar esse processo, porque claro, um psicólogo vai te dar todas as ferramentas para trabalhar nesse ponto, aí você vai ter que se ajudar para o especialista te ajudar.

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Mas vamos lidar com as coisas que já podemos fazer que já é um caminho andado, que é olhar para essa criança interior, fazer o hooponopono para perdoar, fazer as pazes com ela, ser grata pela existência dela, por ser o que te trouxe onde você está e ser quem vai te dar uma direção de onde você deve ir, pois ela mostra quem você nasceu para ser, qual seria a sua missão nesse plano.

Quando fazemos as pazes com a criança interior, mostramos amor e compaixão, nós somos seres em grande potencial, somos seres completos, somos a melhor versão de nós mesmos, tudo o que precisamos ser e saber, está dentro de nós mesmos.

Reconhecer a nossa potencialidade, aceitar toda a história que veio com essa criança que fomos um dia, perdoar e amar tudo isso, proteger, cuidar e nos abrir para o novo maravilhoso que o universo quer trazer para nós.

Sobre o autor

Anne Moon

Anne Moon é uma escritora graduada em letras que nasceu e mora em São Paulo com seus pais e com o irmão mais velho. Desde criança adora escrever e contar histórias. Antes dos 10 anos já havia escrito duas histórias de ficção e uma biografia, e aos 14 anos começou a escrever o primeiro volume, “The Rise of the Fallen”, da série de livros “Dark Wings”

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