Autoconhecimento Psicologia

A influência dos pensamentos nas disfunções sexuais.

Imagem de um casal na cama
ESF no Canva/ alessandrobiascioli
Escrito por Daiana dos Santos

Durante a atividade sexual, no que você pensa? Se está difícil manter o clima ou ter a performance que você gostaria, é possível que os seus pensamentos estejam te prejudicando. Surpreenda-se com uma perspectiva sobre esse problema para entender o que pode estar se passando na sua mente, a seguir.

Um dos conceitos básicos da terapia cognitiva-comportamental (TCC), é de que os nossos pensamentos influenciam nosso humor e comportamentos e não as situações propriamente ditas. É sabido que situações adversas existem, porém a forma como avaliamos esses fatos influenciará o nosso humor e nossas ações.

Por exemplo, nas viagens de avião, algumas pessoas ficam tranquilas e outras com muito medo, tendo que recorrer algumas vezes a medicamentos que induzem ao sono para não verem a viagem lá de cima.

E porque algumas pessoas ficam calmas e outras não? se a situação (viajar de avião) é a mesma para todos? provavelmente pela avaliação que cada um faz da situação, algumas pessoas podem pensar “o avião é um dos meios de transporte mais seguro que existe” e consequentemente ficam calmas durante a viagem, se concentram na leitura de um livro, observam a paisagem pela janela do avião, ou conversam com o passageiro do lado, enfim, aproveitam a viagem de forma tranquila.

Já outras podem pensar ” e se o avião cair? e se eu passar mal lá dentro como vou sair?” e automaticamente ficam ansiosas e com medo, ativando assim, o instinto de luta e fuga, ocasionando um aumento da adrenalina, noradrelina e cortisol, substâncias que são disparadas em situações de emergência, por conta do nosso instinto de sobrevivência, adquiridos desde a antiguidade para a preservação e manutenção da nossa espécie.

Ao longo do dia temos vários pensamentos, porém nem todos nos afetam negativamente, e é ai que está o x da questão, alguns desses pensamentos podem ser distorcidos e não condizer com a realidade, ou seja, são pensamentos automáticos disfuncionais (PAD), termo utilizado pela TCC para especificar pensamentos que não são verdadeiros ou pelo menos não totalmente.

Obviamente que nem todos os pensamentos são disfuncionais, mesmo aqueles que não são “bons” às vezes podem ser verdadeiros e de fato condizer com a realidade do sujeito, nesses casos, é preciso trabalhar as habilidades de resolução de problemas para lidar com as situações difíceis. Mas, o que isso tudo tema ver com a sexualidade das pessoas e com as dificuldades sexuais que essas podem ter? Bom, como já dito, os pensamentos influenciam o humor e comportamentos e nas situações sexuais não é diferente.

Imagem de uma mulher com o semblante de preocupação
ESF no Canva/ dimaberlinphotos

Homens e mulheres podem apresentar dificuldades e até mesmo disfunções sexuais de ordem psicogênica, isto significa que o psiquismo está influenciando o organismo, a pessoa pode apresentar queixas sexuais que resultam de pensamentos negativos em relação ao próprio corpo, ao desempenho e performance sexual, antecipação de fracasso sexual e consequentemente ficam ansiosas, com medo, tristes, envergonhadas, frustradas, desencadeando a disfunção sexual.

Vale ressaltar que algumas disfunções sexuais são de ordem física, por isso é necessário que a pessoa consulte o médico urologista ou ginecologista para investigar, identificar ou descartar as possíveis causas físicas. Por exemplo, um homem com disfunção erétil pode ter diabetes e não ter conhecimento, essa doença afeta diretamente a ereção dos homens por que o diabetes causa estreitamento das artérias, dificultando a circulação sanguínea necessária para que o pênis tenha ereção.

No entanto, não é incomum que as causas das disfunções sexuais estejam relacionadas a fatores internos como cognições distorcidas, estresse acentuado, crenças que o sujeito tem do que é certo e errado na hora do sexo, mitos sexuais e baixa autoestima.

Um outro exemplo de que os pensamentos podem dificultar as experiências sexuais, é o caso de mulheres que não conseguem ter relação sexual com penetração, seja do pênis, vibrador, ou até mesmo o dedo, essa dificuldade é um dos sintomas do transtorno da dor gênito-pélvica, isso pode acontecer porque muitas podem pensar, por exemplo, que a penetração lhes causará muita dor.

A resposta emocional e fisiológica a esse pensamento é a mulher ficar extremamente ansiosa e com medo da possível dor, ocasionando a contração involuntária da musculatura pélvica, impossibilitando assim qualquer tipo de penetração.

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Nesses casos é de extrema importância que a pessoa trabalhe essas cognições maladaptativas (pensamentos errôneos) juntamente com um (a) psicólogo (a) clínico (a), que lhe auxiliará na reestruturação cognitiva dos pensamentos disfuncionais, que estão mantendo a disfunção, (substituindo por pensamentos realistas), no manejo clínico das emoções, pautando-se em recursos tanto da terapia cognitiva-comportamental quanto da terapia sexual.

E por fim, vale ressaltar que as disfunções sexuais sejam de ordem física ou psicológica, tem tratamento, portanto se você está com dificuldades relacionadas a sexualidade, busque ajuda de profissionais capacitados, pois a saúde sexual é um direito de todos.

Sobre o autor

Daiana dos Santos

Psicóloga I Psicoterapeuta cognitiva-comportamental e Terapeuta sexual.

Daiana atua na área clínica, realizando psicoterapia individual na abordagem cognitivo-comportamental, terapia de casal e terapia sexual.
É ativa nas redes sociais, compartilhando informações com o intuito de desmitificar mitos e tabus e descomplicar a sexualidade humana.
Participa mensalmente do programa Sex Relâmpago no perfil da Rede Relâmpago no Instagram e Youtube, sob direção do Jornalista Victor Corso.
Além de abordar temas sobre a sexualidade humana, produz conteúdos através de vídeos e textos educativos, sobre outros temas relacionados a psicologia como, estratégias para amenizar sintomas da depressão, ansiedade e fobias, autoestima, autoconhecimento, entre outros. Oferece palestras, workshops e é idealizadora do e-book Inteligência emocional: dicas de como desenvolvê-la.

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