Empoderamento Feminino

Afinal, o que é o feminismo? – Um breve relato à luz de uma Sociedade Patriarcal

Garota deitada sobre cenário verde. Ela está com um dos braços erguidos e veste uma capa vermelha.
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Escrito por Denise Mantovani

De vez em quando, deparamo-nos com uma publicação nas redes sociais que consiste na imagem de um caminhão carregado de sacos de cimento com a seguinte frase: “É feminista? Descarregue este caminhão de cimento e prove que homem e mulher são iguais”. Sinceramente, eu me assusto ao ver esse tipo de comportamento e fico mais perplexa ao observar mulheres concordando com tal concepção. Infelizmente, nossa sociedade ainda é patriarcal, pois os homens têm um lugar primário e essencial, e as mulheres, secundário. Afinal, o que é o feminismo? O que é o machismo? Feminismo e feminilidade são sinônimos? Qual a consequência de uma sociedade patriarcal para os homens?

O feminismo é um movimento político, filosófico e social que defende unicamente a igualdade de direitos entre mulheres e homens. Preconiza o aprimoramento e a ampliação do papel e dos direitos das mulheres na sociedade. Não é, como muitos pensam, de forma equivocada, um movimento sexista, ou seja, que defende a figura do feminino sobre o masculino, mas sim uma luta pela igualdade de gêneros. O machismo, portanto, não é uma ideia contrária ao feminismo. O machismo é a suposição de que os homens são superiores, enquanto o feminismo é a crença de que homens e mulheres são iguais.

Entre tantas conquistas do movimento feminino brasileiro, podemos citar o direito ao voto das mulheres, o qual, inicialmente, foi concedido somente às assalariadas e às alfabetizadas, a lei Maria da Penha, a lei do feminicídio, as políticas públicas de educação infantil e o fato de as mulheres surgirem em posição de destaque e com poder econômico. Por causa do feminismo, as mulheres podem votar e comprar um bem sem a necessidade da assinatura ou da autorização de um homem. E as mães, obrigadas a se equilibrarem entre a vida profissional e os cuidados com os filhos, podem trabalhar, porque o acesso à escola em tempo integral é decorrente de uma mobilização feminina. Os homens jamais lutariam por isso.

Já a feminilidade é diferente do feminismo. É o conjunto de atributos, comportamentos e papéis geralmente associados às mulheres. Gentileza, empatia, carinho, doçura, tolerância, compaixão, bondade, ternura, sensibilidade e passividade são traços tradicionalmente ligados ao universo feminino, enquanto a força, a coragem, a agressividade e a independência são apontadas para os homens. Essas características, contudo, não são universalmente idênticas e variam conforme o local e o contexto social e cultural de criação. Ademais, homens e mulheres podem exibir traços e comportamentos masculinos e/ou feminismos.

Quatro mulheres vistas de trás. Elas se abraçam.
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Devemos fazer um importante questionamento: será que os homens não sofrem com uma sociedade patriarcal? A maioria de nós cresceu ouvindo que os meninos não choram, não podem demonstrar vulnerabilidades, tampouco agir de modo que pareçam femininos. Os homens são criados para galantear mulheres sempre que possível, sufocar o que sentem, não levar desaforo para casa, “aguentar o tranco” e “peitar a vida”, como machos. Acontece que esse modelo nocivo de criação prejudica a autoimagem dos homens e as relações com as mulheres. É uma educação pautada para a desigualdade de gêneros, contribuindo para permanência da cultura de violência que afeta homens e mulheres.

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Embora os conceitos de feminilidade e de masculinidade sejam construídos culturalmente, frutos de uma sociedade patriarcal, o fato é que existem diferenças biológicas inatas entre homens e mulheres. Os homens, via de regra, são mais fortes fisicamente, e as mulheres são programadas biologicamente para gerar e amamentar um bebê. O feminismo não prega a igualdade física entre os gêneros, não tem a pretensão de que os homens gerem os filhos e sintam as dores do parto e não defende que as mulheres carreguem sacos de cimento, ainda que elas possam sim o fazer caso queiram. Certas diferenças ainda devem ser respeitadas. Enquanto a nossa sociedade se mantiver patriarcal e machista, os homens silenciarão seus sentimentos, continuando a usar da violência como linguagem, e as mulheres seguirão oprimidas.

Sobre o autor

Denise Mantovani

36 anos, aquariana, formada em direito, servidora pública federal, mãe do adolescente Pedro. Tentando o equilíbrio nos papéis de mãe e de mulher. Romântica, prática, sonhadora, batalhadora, corajosa, brava, audaciosa e medrosa ao mesmo tempo. Sou amor, lágrimas e sorrisos, muitos risos. Sou amiga e companheira, mas de quem merece. Sou a soma de defeitos e qualidades. Vida saudável, e meia-maratonista.

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