Empoderamento Feminino

As mulheres brasileiras que mais influenciaram o nosso país

Ilustração das mãos de um povo com uma cor de pele diferente. Igualdade racial, feminismo, arte da tolerância em estilo minimalista.
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Escrito por Eu Sem Fronteiras

A história da mulher na sociedade é marcada por muita luta, desconstruções e verdadeiros renascimentos. Todos os dias, é preciso provar nosso valor e enfrentar o preconceito típico de uma sociedade machista que desvaloriza a mulher e desmerece suas conquistas.

As mulheres são fortes, sim! Mas é incrível como é necessário empenhar um esforço tremendo para se sobressair e conquistar seu espaço. Prova dessa força descomunal é a resiliência feminina, a persistência e a vontade de se manter firme lutando, não importam os obstáculos. O resultado disso é o que temos visto ao longo dos últimos anos e a visão sobre a mulher, que felizmente parece estar passando por uma mudança significativa.

Lugar de mulher…

Os papéis de homens e mulheres na sociedade sempre tiveram grandes distinções ao longo de grande parte da História. Ao homem, basicamente cabia o papel de provedor do lar, ao passo que, para a mulher, “sobrava” a função de cuidar da casa e dos filhos, mas sempre sendo subserviente ao marido, que era a “voz superior” da família.

Some-se a isso também a questão comportamental, em especial no aspecto sexual: enquanto ao homem era legitimado o poder de se relacionar intimamente com qualquer mulher — inclusive sendo incentivado a iniciar sua vida sexual com alguém mais “experiente”, a mulher deveria se “guardar” para o casamento. E aquela que se desviasse desse padrão ficava “marcada” aos olhos da sociedade.

Grupo de mulheres sorrindo
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O destino para o qual a mulher deveria se preparar era o casamento, que se tornava uma espécie de marco para as novas funções femininas. E o rito do matrimônio marca bem essa objetificação da mulher: das mãos do pai, ela era “entregue” ao noivo. Pode parecer um simples ato, mas se avaliarmos radicalmente, temos a impressão de que estamos transferindo a posse de um bem para outro “dono”.

Daí definia-se que a única incumbência possível para uma mulher seria a de cuidadora. Do lar, dos filhos, do marido e dos pais durante a velhice deles. Esse era o “lugar” reservado à mulher. Ainda hoje existem aqueles que herdaram esse pensamento e que enxergam a mulher como uma propriedade. Por essa razão, não raro ainda testemunhamos uma série de violências praticadas contra ela – desde psicológica até física, incluindo feminicídio. A mulher jamais pôde ser livre.

Mas os tempos mudam

Felizmente, e graças à insistência feminina de fazer valer seus direitos, à custa de muita luta, sangue e falta de apoio, esse cenário vem mudando. Tentativas de calar a voz feminina não foram poucas. Mas aqui estão elas, conquistando um espaço na sociedade ou mesmo criando esse espaço.

Nada nunca foi fácil para a mulher, mas ela não desiste e não esmorece. Não importa quão árduo seja o caminho. Ela já foi caçada como bruxa na Idade Média e ridicularizada no período renascentista; quando decidiu trabalhar (em condições precárias), sua inferioridade foi evidenciada inclusive na legislação. Não podia votar, não podia sequer entrar em uma universidade.

Como uma fênix

Diante dessa grande diferença de tratamento maciça entre homem e mulher, ela começa a se insurgir, contestando a desigualdade de gênero, em especial no que tange a oportunidades de trabalho e educação.

Uma figura muito significativa nessa luta foi a escritora francesa Olympe de Gouges, que, no período da Revolução Francesa, chegou a propor a Declaração dos Direitos da Mulher. Mas como a voz da mulher sempre foi abafada pela sociedade machista, Olympe acabou sendo levada à guilhotina, acusada de renegar os “direitos” reservados ao seu gênero e tentar ser um homem de Estado. Direitos esses, diga-se de passagem, não reivindicados pelas mulheres, e sim estabelecidos pelos homens. Ou seja: a mulher sendo “colocada no seu lugar de mulher”.

Os limites da Revolução examinados através da obra clássica de Eugène Delacroix
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Mas, ao contrário do que se esperava, as francesas não desistiram. Seguiram firmes batalhando por escolher seu próprio lugar, por não se contentarem com as migalhas escolhidas e distribuídas pela sociedade. Uma das conquistas mais relevantes foi o direito ao voto.

É nesse período das lutas das mulheres francesas que o feminismo começa a ganhar contornos mais evidentes.

Mas a luta continua todos os dias

Estamos falando de séculos de opressão. Só a mulher pode entender esse sentimento, mesmo aquelas que não viveram num passado mais que normalizador da violência de todas as formas.

No século 19, a mulher começou a trabalhar no setor fabril, porém exercendo atividades similares às que executava no lar, em condições ultrajantes e com remuneração significativamente inferior à dos homens, sob a justificativa de que não precisavam ganhar mais, já que tinham um homem para sustentá-las.

Estamos em pleno século 21 e ainda testemunhamos muito do que aconteceu ao longo da História. São anos e anos de degradação e de depreciação. Algo que remonta até mesmo à época de grandes filósofos, séculos antes de Cristo, como Aristóteles e Platão, que consideravam a mulher um ser mais fraco, tratando a relação entre homens e mulheres como naturalmente uma relação de superior para inferior, de governante para governado.

E no Brasil não é diferente daquilo que vemos pelo mundo. Somos um país “jovem”, mas aprendemos rapidamente o conceito de machismo. Herdamos de forma eficiente a propagação de um comportamento que perdura até os dias de hoje.

Para celebrar essa árdua e lenta – porém constante – revolução feminina, fizemos uma lista com 10 mulheres que mais influenciaram o nosso país. Certamente essa quantidade é bem pouca, mas é bastante simbólica e altamente motivadora para todas as outras mulheres que atualmente ainda tentam encontrar uma brecha na sociedade para mostrar toda a sua relevância e poder.

Dandara

Muito além de ser a “esposa de Zumbi” – como a maioria dos artigos se refere a ela –, essa mulher também lutou pela libertação dos negros escravizados no Período Colonial.

Imagem aproximada de uma corrente em preto e branco
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Segundo historiadores, ela teria nascido no Brasil, tendo sido levada a Palmares – o maior quilombo daquele período –quando ainda era criança. Desde pequena, fez parte da frente de luta contra o sistema escravocrata adotado no país.

Ainda conta a história sobre seu papel no rompimento das relações de Zumbi e com o tio dele, Ganga Zumba, que defendia um acordo de paz com o governo pernambucano. Acordo que, segundo os mais resistentes, não acabaria definitivamente com a escravidão, apenas proveria liberdade para alguns.

Dandara chegou a liderar forças femininas e masculinas de defesa do quilombo, dominava as técnicas de capoeira e ainda tinha participação expressiva como estrategista na resistência. Preferiu a morte à prisão (o que significava voltar a ser escrava), tendo tirado a própria vida em 1694, quando foi presa.

Maria Quitéria

O Brasil é feito de guerreiros. E guerreiras, como a baiana Maria Quitéria de Jesus Medeiros, primeira mulher a fazer parte do Exército Brasileiro, no início do século 19. A heroína da Independência da Bahia e do Brasil precisou se passar por homem para poder ingressar nas Forças Armadas.

Seu interesse por combater pelo país veio quando Dom Pedro I havia declarado a Independência do Brasil. Em algumas cidades do país, houve relutância dos portugueses, que começaram por tomar Salvador.

Soldado no alto da montanha com a bandeira brasileira
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Com a resistência de Feira de Santana, que enviaria homens para lutar, Maria Quitéria quis aderir ao movimento, mas foi impedida pelo pai. Usando a farda do cunhado, Quitéria ingressou no regimento de artilharia e, posteriormente, foi enviada para o Batalhão dos Voluntários do Príncipe.

Quitéria – ou melhor, soldado Medeiros – foi descoberta pelo major José Antônio da Silva e Castro. Recusando o pedido do pai dela, para que fosse retirada do batalhão, ele a manteve, pois ela era uma combatente habilidosa, que sabia manejar bem as armas e era altamente disciplinada em campo.

Quando a Bahia finalmente declarou a independência de Portugal, em 1823, Quitéria marchou com o batalhão e foi aclamada pela população. Recebeu de Dom Pedro I o título de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro por sua bravura na linha de frente.

Leolinda Daltro

Baiana, nascida em 1859, Leolinda Figueiredo Daltro foi uma professora, sufragista e ativista da causa indígena. Entre seus grandes feitos está a criação de três jornais dedicados à mulher, a fundação do primeiro partido feminista do Brasil – o Partido Republicano Feminino (1917) – e uma passeata reivindicando que o direito ao voto fosse estendido às mulheres.

Foto que representa igualdade de gêneros, metade da imagem há um homem e, em sua outra metade, uma mulher
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Leolinda foi ainda precursora do movimento sufragista no Brasil, criou escolas profissionais e fundou a primeira escola de enfermeiras no país. Além disso, ganhou notoriedade por exigir a garantia de direitos aos indígenas e por desenvolver um projeto de alfabetização de tribos indígenas fora do viés religioso. Todo esse ativismo lhe rendeu a alcunha de “a mulher do diabo”.

Para uma sociedade patriarcal e católica, a luta pela educação, pelo direito de voto à mulher e por uma melhor distribuição de justiça só podia ser algo diabólico. Mas a trajetória de Leolinda precisa ter o seu destaque na História, já que é graças a ela que hoje podemos desfrutar muitas das conquistas femininas.

Tarsila do Amaral

O quadro mais caro do Brasil é de autoria de uma mulher: Tarsila de Aguiar do Amaral – mais conhecida como Tarsila do Amaral –, uma das mais relevantes artistas modernistas da América Latina. O quadro é “A Capirinha”, que foi leiloado por nada menos que R$ 57,5 milhões.

Quadro O Abaporu da Tarsila do Amaral
Cesar Cardoso / Wikimedia

Sua obra mais reconhecida, nacional e internacionalmente, é “Abaporu”, que ela pintou em 1928, como um presente para seu marido, à época, o escritor Oswald de Andrade. Essa, que se tornou uma das pinturas mais valiosas do Brasil, foi a inspiração para o Manifesto Antropofágico, escrito por Oswald, além de ser o maior símbolo visual do Modernismo brasileiro.

Tarsila foi um dos pilares do Modernismo no país, tendo sido uma das pessoas que organizou a célebre Semana de Arte Moderna, ou simplesmente Semana de 22.

Além de “A Caipirinha”, outra obra de Tarsila já tinha atingido valores estratosféricos fora do Brasil: “A Lua”, vendida para o Museu de Arte Moderna de Nova York, em 2019, por 20 milhões de dólares, o que, em reais, chegou (na cotação da época de sua venda) a aproximadamente R$ 74 milhões.

Celebrada mundialmente, pioneira e inspiradora da arte no Brasil e no mundo, Tarsila mostrou que a mulher também tem protagonismo na arte.

Enedina Alves Marques

Ser mulher no Brasil já é uma grande dificuldade. Agora imagine ser mulher negra. Vamos aumentar o nível de dificuldade desse jogo que é a vida: mulher negra no Brasil, na década de 1940, em um curso superior de Engenharia. Um desafio que requer coragem e sangue frio.

Esse é o resumo de uma vida certamente cheia de obstáculos e dificuldades. Nascida em 1913, irmã de 5, família pobre. Essa é Enedina Alves Marques. Seu acesso a um ensino particular foi garantido pelo patrão de sua mãe, para que ela pudesse acompanhar a filha dele nos estudos.

Com isso, veio o sonho de ingressar na universidade de engenharia, em 1940. Sonho que bateu de frente com uma turma somente de homens brancos e toda sorte de preconceito e perseguição, algo que sua inteligência e determinação conseguiram refrear, fazendo com que um sonho se tornasse realidade 5 anos depois.

Mulher fazendo cálculos
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Após se formar, Enedina passou a trabalhar na Secretaria de Estado de Viação e Obras Públicas do Paraná. Também colocou sua experiência no desenvolvimento do Plano Hidrelétrico do Paraná, enquanto esteve trabalhando no Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica.

Enedina foi a responsável pela construção do Colégio Estadual do Paraná e da Casa do Estudante Universitário do Paraná. O Instituto de Mulheres Negras, em Maringá (PR), leva seu nome.

Teve uma carreira sólida, deixando um legado de vulto não só para a engenharia brasileira, como também, e principalmente, para a luta da mulher e para a luta do negro numa sociedade que abraça seus preconceitos e rechaça seus discriminados.

Nise da Silveira

Falar em saúde mental no Brasil precisa obrigatoriamente passar por Nise Magalhães da Silveira. Pioneira na terapia ocupacional, ela revolucionou o tratamento psiquiátrico no país. Dedicou sua vida a acabar com os manicômios brasileiros e as atrocidades cometidas nesses estabelecimentos.

Formada na Faculdade de Medicina da Bahia em 1931, Nise foi a única mulher da turma. Após uma turbulenta história, incluindo 18 meses de reclusão como presa política durante o Estado Novo, ela foi contratada para trabalhar no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, em 1944.

É nesse ambiente que ela se revolta contra as técnicas de “tratamento” dispensadas aos internos com transtornos mentais – eletrochoques, confinamento, uso de camisa de força e lobotomia (cirurgia em que é removida uma parte do cérebro).

Terapeuta atendendo sua paciente
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Sofrendo retaliação por sua contestação, Nise é transferida para a seção de terapia ocupacional, considerada à época uma área totalmente desvalorizada e irrelevante, além de não contar nem com os recursos básicos para sua existência. É nesse momento que ela faz do limão uma limonada: retirou os pacientes do serviço de limpeza e das violências tão comuns no tratamento e ofereceu a eles telas, tintas e pincéis.

Como resultado de sua iniciativa, os pacientes não só demonstraram efeitos positivos em sua recuperação como se provaram excelentes artistas. Tanto é que as obras estão expostas no Museu de Imagens do Inconsciente e ganharam notoriedade internacional. Algumas obras foram levadas para o II Congresso Internacional de Psiquiatria, em 1957, em Zurique (Suíça), e a exposição foi apresentada por ninguém menos de Carl Jung, de quem Nise foi aluna.

Nise tem uma contribuição para a psiquiatria que ultrapassa essas linhas. E mais que isso: ela tem um grande papel na História do país, como médica e como mulher, sendo um símbolo de empatia e respeito às pessoas com transtornos mentais.

Maria da Penha

Uma verdadeira heroína, mas que, para revelar seu superpoder, precisou passar pelas maiores atrocidades vindas de quem mais deveria respeitá-la. Maria da Penha Maia Fernandes foi vítima de violência doméstica por anos seguidos, tendo sofrido duas tentativas de assassinato por parte de seu marido.

Foi durante o curso de mestrado na USP, em 1974, que Maria da Penha conheceu Marco Antonio, aquele que viria a ser seu marido e maior algoz. No início, tudo eram flores. Foi após o nascimento da terceira filha do casal que as agressões começaram.

A violência chegou a ponto de Marco Antonio atirar em Maria da Penha pelas costas enquanto ela dormia. Devido a lesões irreversíveis decorrentes do tiro, ela ficou paraplégica. Quatro meses depois, ao retornar para casa, Maria foi mantida pelo marido em cárcere privado por 15 dias, período em que ele tentou eletrocutá-la no banho.

Maria da Penha falando no microfone
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Com o apoio da família, Maria conseguiu apoio jurídico para sair de casa e não ser acusada de abandono de lar, o que a faria correr o risco de perder a guarda das filhas. Sua luta por justiça começou inglória, mas ela não perdeu as esperanças, até que o caso ganhou dimensão internacional, sendo denunciado para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos. Porém o Estado brasileiro nada fez a respeito e, diante desse silenciamento perante a organização, acabou sendo responsabilizado por “negligência, omissão e tolerância em relação à violência doméstica praticada contra as mulheres brasileiras”.

Diante da exposição, da luta incansável dessa mulher – vítima de agressão física e psicológica, além da violência moral provocada pela ausência do Estado –, em 2006 foi estabelecida a Lei Maria da Penha, que pune o agressor e impõe uma série de medidas protetivas para garantir a integridade física e emocional das mulheres que são vítimas deles.

Infelizmente, há muito que se trabalhar para a devida aplicação da lei, uma vez que o Estado deixa brechas que sempre beneficiam o agressor. E é lamentável que uma mulher tenha tido que passar por tudo isso para que se olhasse para a violência doméstica com mais seriedade e severidade.

Roberta Close

Um tema muito falado na atualidade é a transfobia, mais um item para o rol de preconceitos no país e no mundo. Mas essa luta não vem de agora. Vem do tempo em que ainda se falava em “cirurgia de mudança de sexo”, um termo equivocado e ofensivo para o que realmente é realizado na vida dessas pessoas: cirurgia de redesignação sexual.

Uma mulher que abriu as portas para essa temática é Roberta Close, modelo e ícone de beleza dos anos 1980 e 1990. Roberta se descobriu transgênero bem no começo da adolescência, passando a adotar uma expressão de gênero feminina. A rejeição já vinha da própria família, em especial do pai, o que fez com que ela saísse de casa aos 14 anos para viver com os avós, fugindo das agressões por parte dos pais.

Em busca de uma carreira artística, começou a modelar. Também foi atriz, apresentadora e cantora. O auge da carreira veio com a capa da revista “Playboy” – como uma mulher trans e não cis. Um passo muito importante, ainda que o título da chamada hoje soe bastante preconceituoso (“Incrível: as fotos revelam por que Roberta Close confunde tanta gente”).

Bandeira Trans desenhada no asfalto com giz
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Em 1989, conseguiu realizar a tão sonhada cirurgia, depois de se preparar emocionalmente em consultas com psicólogos e psiquiatras. Na época, a cirurgia foi realizada em Londres. Em 1990, veio a luta pela documentação com seu nome feminino. Na primeira tentativa, o pedido foi recusado. Somente dois anos depois é que conseguiu, na Vara de Família, a autorização para trocar os documentos. Mas, mesmo assim, o pedido foi novamente negado, em segunda instância.

Em 1997, ela tentou entrar com outra ação, quando passou por várias perícias para ser reconhecida como mulher. Somente em 2005, 15 anos depois da primeira tentativa, é que Roberta Close gozou do direito de mudar o seu nome de Luíz Roberto Gambine Moreira para Roberta Gambine Moreira.

Raimunda Putani Yawanawá

Uma das primeiras mulheres indígenas a se voluntariarem ao árduo treinamento para se tornar pajé, desafiando o machismo patriarcal dentro de sua tribo, os yawanawás. Todo esse esforço e sacrifício fizeram de Raimunda Yawanawá a primeira pajé do Brasil, junto de sua irmã, Kátia. Ambas foram criadas tanto na sua própria cultura como na dos brancos.

Árvores altas na selva
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Os pajés são como sacerdotes e guias para cada povo indígena, e essa foi sempre uma função reservada aos homens. Não foi uma tarefa nada fácil para essa mulher, porque ela e a irmã passaram por uma verdadeira provação, vivenciando uma prova de resistência com direito a isolamento na mata, comendo apenas alimentos crus e ingerindo apenas uma bebida especial feita de milho (nem água era permitido). Saíram vitoriosas desse desafio e, em 2005, tornaram-se xamãs e líderes espirituais, uma missão para poucos.

Marta

A brasileira que colocou o Brasil no panteão do futebol feminino mundial, eleita a melhor do mundo por incríveis seis vezes! Nascida em 1986, a alagoana Marta Vieira da Silva é a maior jogadora de futebol feminino do país, uma referência do esporte no mundo e grande inspiração, que abriu caminho para outras meninas nesse que é – ou era – um esporte predominantemente masculino.

Foto de uma pessoa apoiando sua chuteira em uma bola
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Por tabela, esse feito de trazer um olhar mais atencioso para as mulheres do futebol também abriu caminho para que locutoras e comentaristas pudessem mostrar seus trabalhos narrando e comentando jogos de futebol tanto masculinos como femininos. Pode não parecer ter uma relação direta, mas com o crescente interesse no futebol feminino, nada mais justo do que ceder espaço às jornalistas esportivas.

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Entre os diversos prêmios que essa jogadora acima da média já recebeu, merecem destaque: Copa do Brasil, Libertadores, Copa América, Champions League, ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2003 e 2007, prata nos Jogos Olímpicos de Atenas e de Pequim. É a maior artilheira da Seleção Brasileira (superando até mesmo as marcas do time masculino), recorde que nem Pelé ou Ronaldo foram capazes de alcançar.

Com uma História inteira de humilhações e rebaixamento, ainda temos muito a mudar no mundo. Temos mais tempo reduzindo as mulheres do que as exaltando. Mas isso parece que está se encaminhando para um fim. Pode ser um caminho longo, mas ele é inevitável. Ele é necessário.

Vamos, então, celebrar todos os feitos que essas dez heroínas realizaram e todo o legado deixado por elas para todas as mulheres que as sucederam até os nossos dias atuais. Vai ser difícil desconstruir vários séculos de submissão e descrédito, mas depois de tudo que você acabou de ler aqui, ainda resta alguma dúvida de que as mulheres estão mais do que preparadas?

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