Autoconhecimento

Ainda somos humanos?

Multidão em movimento.
Escrito por Luis Lemos

A sociedade contemporânea é marcada por um processo de exclusão do outro, sabidamente pela falência de instituições sociais, como a família, a escola e as igrejas. Instituições que deveriam ser exemplos de padrão moral, virtude e civilidade, mas que apresentam, cada uma ao seu modo, sentimentos opacos, relações inconstantes e, muitas delas, desapego aos valores, como amor, respeito, ética, solidariedade e justiça.

Dessa forma, o homem atual vive a pior crise de sua história: a crise de si mesmo. Contraditoriamente, no meio de tanto conhecimento técnico e tecnológico, o homem contemporâneo não sabe quem é ele e o que fazer com a sua vida, com os seus sentimentos. Em um tempo marcado pelo consumo alienado, pela produção em alta escala, pela inteligência artificial, pelo processo de robotização dos afazeres domésticos, etc., a pergunta que não quer calar é a seguinte: ainda somos humanos? 

Para mudar esse jogo, é necessário tornarmos as nossas relações pessoais e sociais mais objetivas, sinceras e verdadeiras. As horas que dedicamos à interação social com os nossos familiares, vizinhos, colegas e amigos que definirão se ainda somos humanos ou não. No fundo, tudo passa e a vida é um breve momento da existência na linha do tempo. Ou seja, teve um início e terá um fim. O que deixamos de nossas vidas são os dias, as horas e as lembranças que passamos junto às pessoas que amamos.

Multidão. Todos olham para a câmera. Cada um de uma etnia.Portanto, para ser um humano de verdade, não é preciso dominar as novas ferramentas de comunicação, sob o risco de ser julgado e colocado às margens de nossa sociedade. É preciso apenas saber “perder” tempo com o outro. Estar presente e saber ouvir são as duas categorias filosóficas mais importantes dos tempos atuais. Por outro lado, é preciso estar disposto para o outro. O encontro com o outro, do jeito que ele é, interpela à nossa existência. Assim, devemos evoluir e nos transformar em seres melhores, respeitando todas as diferenças dos outros, reconhecendo o outro em sua essência e criando empatia.

Não existe outro caminho: ou nós nos transformamos em seres melhores, ou seremos conduzidos como marionetes na mão de algum louco. Por isso, o ser humano já evoluiu bastante para voltar ao passado. É preciso olhar para frente! E nessa perspectiva, o homem sábio encontra na esperança e no amor os alicerces de uma vida feliz. Ou seja, somente o amor é a saída. Amor-próprio. Amor pelo outro. Amor pelos animais. Amor pelo meio ambiente. Portanto é como disse o poeta brasileiro Renato Russo (1960-1996): “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”.

Em suma, esse novo ser humano que queremos ser – não falo aqui somente da geração dos Millennials, mas também de todas as pessoas de maior idade, que muitas vezes são as mais receptivas ao novo – deve ser formado no respeito mútuo, na pluralidade e na diversidade de ideias e opiniões alheias, enfim, na vivência do amor. É nesse universo, na prática de valores humanos fundamentais, que o novo cidadão surgirá, que o ser humano não se renderá às máquinas. Mesmo com todos os desafios sociais e pessoais que isso implica, pensamos, ainda seremos melhores do que as melhores máquinas do mundo. Viva a inteligência humana! Viva o amor humano! Viva a esperança humana! Viva o ser humano!


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Sobre o autor

Luis Lemos

Luís Lemos é filósofo, professor, autor, entre outras obras, de “Jesus e Ajuricaba na Terra das Amazonas – Histórias do Universo Amazônico” e “Filhos da Quarentena – A esperança de viver novamente”.

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