Autoconhecimento Comportamento

Aquilo que perdemos nos liberta!

Mulher de costas, na beira do mar, em um dia nublado.
Jonatán Becerra / Unsplash
Escrito por Paulo Tavarez

Ao longo da vida, todos nós perderemos uma coisa ou outra. Em alguns casos, vamos sofrer muito. Em outros, vamos agradecer por ter perdido o que parecia tão essencial. Mesmo que você demore um tempo para reconhecer a sua liberdade, uma perda pode ser gratificante. Conheça esse novo jeito de pensar.

Você só vai perder aquilo a que se apegar. A ligação excessiva é sempre contrária à ordem natural do universo, ou seja, o universo trabalha constantemente para remover aquilo que segura nossa atenção. Talvez você não perceba, mas torna-se escravo daquilo que possui, sejam pessoas, objetos ou conceitos. Tudo aquilo que você tentar segurar será arrancado de você pelas forças cósmicas. Essa é uma lei fundamental.

O universo está em constante movimento, e nós também devemos estar em movimento, sem nos prendermos a encantos efêmeros. Como fazemos parte do universo, devemos acompanhar seu fluxo. Sofremos perdas quando deveríamos aprender a soltar e liberar aquilo que perdemos e nos desapegar do que foi perdido. Cada coisa que acreditamos possuir se torna parte de nós, uma espécie de extensão do nosso ser. Quando perdemos algo, é como se perdêssemos um membro, e é aí que a dor e o sofrimento surgem. Vale ressaltar que esses efeitos são ilusórios, pois são resultado da ilusão da posse.

Não estamos no controle de nada, nem somos os criadores do nosso destino, mas ainda não entendemos profundamente isso. Acreditamos que somos responsáveis por nossa realização, que nossa felicidade depende de conquistas materiais ou de sucesso mundano. Estamos totalmente seduzidos pelo poder e buscamos algum tipo de destaque.

Marca de mão em uma janela molhada pela chuva.
Alex Dukhanov / Unsplash

Essa busca é ilustrada pela história de Zaqueu, um homem de baixa estatura e que procurou elevar-se artificialmente para alcançar a realização (representada por Jesus). No entanto, a verdadeira realização o fez descer da ilusão daquele sicômoro e voltar à realidade, encontrando assim sua verdadeira realização.

O ser humano ainda não percebeu que veio ao mundo para perder, e não para ganhar. Tudo o que ganhamos nos escraviza, enquanto tudo o que perdemos nos liberta.

É necessário perder importância, grandeza, relevância e notoriedade, pois essas características fazem parte de um falso eu que foi inflado por desejos e sonhos. Tudo o que perdemos nos torna mais leves, pois esses objetos externos, de certa forma, agiam como gaiolas para o nosso ser.

É preciso perder a descrença, para que a confiança possa surgir; perder a tristeza, para que a alma possa se alegrar; perder o orgulho, para que a humildade se manifeste; perder a inveja e o medo, para que a coragem possa se estabelecer; precisamos superar o desânimo e a preguiça, para que a perseverança possa surgir; precisamos perder a ansiedade, a preocupação e a insegurança, para que a alma encontre a serenidade. Por fim, é necessário perder o interesse por tudo, para que possamos transcender o mundo por meio da renúncia.

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Percebam que estamos aqui para perder, não para ganhar. Como Jesus mesmo disse: “Pois, que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?” (Marcos 8:36).

Lembro-me bem da letra de Arnaldo Antunes na música de Nando Reis: “Quando não tiver mais nada / Nem chão, nem escada / Escudo ou espada / O seu coração acordará”. Em contrapartida, a isso: “Quando estiver com tudo / Lã, cetim, veludo / Espada e escudo / Sua consciência / Adormecerá”.

Sobre o autor

Paulo Tavarez

Instrutor de yoga, pedagogo, escritor, palestrante, terapeuta holístico e compositor. Toda a minha vida tem sido dedicada à construção de um mundo melhor.

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