Sustentabilidade

Bioenergia: Brasil terá a sua primeira usina a gerar energia por meio de esgoto e lixo

Plantação em volta de torre de energia em dia ensolarado.
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Só pelo título já dá para imaginar o quão boa é a bioenergia e quantos benefícios ela trará para a sociedade e para o meio ambiente, mas para entender melhor o assunto e saber como tudo isso vai funcionar, é preciso levar em conta algumas informações que vão desde o significado da bioenergia até suas vantagens. E as desvantagens, existem? É isso que vamos aprender a seguir!

Para adentrar o assunto de forma excepcional, vamos entender o conceito de bioenergia. O que esta palavra significa, afinal?

Planta produtora de bioenergia.

Saiba que “bioenergia” é o nome dado a toda energia obtida por meio da matéria orgânica que é produzida pelos seres vivos (ou seja, de origem animal ou vegetal), chamada biomassa, e esta energia pode ser usada na produção de calor, eletricidade e combustíveis; os principais produtos gerados pela biomassa são o etanol e o biodiesel. Apesar de as fontes de energia convencionais serem as que dominam a geração de energia mundial, a biomassa é uma das fontes de energia renovável – juntamente com as energias eólica, solar e hidrelétrica – que gera poucos poluentes, além de ser considerada limpa e de baixo custo.

São vários os elementos que podem ser usados para gerar a bioenergia, mas entre eles podem ser citados a madeira, dejetos orgânicos – como serragem e lixo orgânico –, produtos agrícolas – como milho e cereais –, bagaço da cana-de-açúcar e até mesmo frutas e vegetais. As fontes de energia para a biomassa – que pode ser sólida, líquida ou gasosa – podem ser classificadas em quatro categorias: culturas (produtos agrícolas cultivados para a produção de energia); resíduos agrícolas e florestais (resíduos produzidos durante a colheita e o corte de árvores); subprodutos orgânicos (resíduos orgânicos e da agropecuária); e resíduos orgânicos (resíduos domésticos, industriais e da produção alimentar).

Ilustração de lâmpada com árvore dentro.

Como dito anteriormente, por meio da biomassa é possível produzir bioetanol, a partir de resíduos agroindustriais, como milho e cana-de-açúcar; biodiesel, a partir de óleos vegetais; biogás, constituído principalmente por metano; e o biometano, por meio da limpeza e da purificação do biogás. No Brasil, nos últimos 40 anos já houve a substituição de 36% da gasolina por etanol de cana, mas nosso país não pretende parar por aí, uma vez que a biomassa possui a grande vantagem de poder ser armazenada para a produção de energia contínua em vez de intermitente.

De acordo com o relatório “Bioenergia e Sustentabilidade: América Latina e África”, publicado em 2018, a produção brasileira de etanol até 2045 poderá deslocar até 13,7% do consumo de petróleo bruto e 5,6% das emissões de dióxido de carbono (CO2) do mundo em relação a 2014, sem o uso de áreas de preservação de florestas ou de terras necessárias para sistemas de produção de alimentos no país. Além dos biocombustíveis, da bioenergia também pode surgir a bioeletricidade, uma fonte termelétrica renovável (produzida por meio da geração de calor ocasionada pela queima de qualquer combustível), obtida a partir da queima de resíduos de madeira, carvão vegetal, casca de arroz, entre outros. Atualmente, o bagaço e a palha da cana-de-açúcar são responsáveis por 80% de toda a produção de bioeletricidade brasileira.

Plug-in ligado a planeta Terra verde.

O uso da bioenergia pode reduzir significativamente o uso das fontes fósseis de energia, como petróleo, e aliviar as emissões de carbono e de outros gases relacionados ao efeito estufa e ao aquecimento global. Ademais, aproveitar materiais que geralmente são descartados, utilizando-os como fonte para a produção de bioenergia, tende a minimizar a demanda por aterros sanitários e a auxiliar de forma eficiente a questão ambiental do descarte de lixo e resíduos. A bioenergia parece perfeita, já que é uma fonte de energia renovável, gera poucos poluentes quando comparada à utilização de fontes não renováveis de energia, possui baixo custo e alta capacidade de reaproveitamento de resíduos, apresenta menor risco ambiental e, para completar, não colabora com a intensificação do efeito estufa.

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Contudo é importante saber que também existem desvantagens.

Mesmo que a bioenergia seja uma ótima solução para suprir boa parte da demanda mundial de energia, os processos para gerar este tipo de energia exigem uma quantidade considerável de matéria-prima. Ou seja, pode haver desmatamento de extensas áreas, resultando em perda de habitat, desequilíbrio ecológico e alterações climáticas, além da utilização de grande quantidade de água para a produção. Estes são fatores que se apresentam como desafios ainda na produção de bioenergia. Depois de produzida, a bioenergia pode se mostrar ineficaz em aspectos como apresentar menor poder calorífico, quando comparada a outros combustíveis, possuir maior dificuldade no transporte e no armazenamento da biomassa sólida, além da questão de que biocombustíveis líquidos podem provocar aumento das chuvas ácidas.

Ilustração de lâmpadas com plantas dentro.

O Brasil, hoje – em especial o Estado de São Paulo, na região sudeste do país – lidera a produção científica de bioenergia, principalmente aquela relacionada à cana-de-açúcar, sendo que a produção de bioenergia no Brasil está relacionada ao uso de fontes primárias, como bagaço da cana e madeira. A biomassa é também muito utilizada para produzir eletricidade no Brasil. Atualmente, cerca de 43% da energia produzida no país provém de fontes renováveis. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, o Brasil ocupa a segunda posição na produção de bioetanol no mundo, estando atrás apenas dos Estados Unidos.

Com inspiração da Europa, mais precisamente da Alemanha, onde mais de 14 mil plantas de geração de eletricidade já estão em andamento, o Estado do Paraná abrirá a primeira usina para a produção de biogás por meio de esgoto e lixo, e a eletricidade gerada abastecerá cerca de duas mil casas na região. A empresa CS Bioenergia já possui a licença para operação dada pelo Instituto Ambiental do Paraná e a previsão é de que a estação de geração de energia tenha capacidade para produzir 2,8 megawatts de eletricidade por meio de lixo. Por meio da iniciativa, o objetivo é que o Paraná deixe de descartar cerca de mil metros quadrados de esgoto todos os dias, além de 300 toneladas de lixo orgânico em aterros, pois estações de tratamento de esgoto e concessionárias de coleta de resíduos fornecerão matéria-prima para a geração de energia, produzindo biogás e também biofertilizantes.

Usina de bioenergia do Paraná.

A Europa é pioneira na produção de biogás a partir da biodigestão (nome dado para a produção de gás combustível e também de adubos, a partir de compostos orgânicos). Apesar de no Brasil o biogás ainda ter uma participação pequena na matriz energética, a criação desta usina é um grande passo para o avanço da bioenergia em terras brasileiras, que tanto tem sofrido com processos que degradam o meio ambiente.

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