Psicanálise

Carl Jung e o conceito de Sombra

Ilustração de uma silhueta de pessoa tocando sua própria sombra.
Benjavisa Ruangvaree Art / Shutterstock
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Todas as pessoas possuem aspectos positivos e negativos em suas personalidades, mas como saber sobre isso mais a fundo? Neste artigo falaremos sobre o conceito do arquétipo sombra para Carl Jung. Porém, antes, vamos entender quem foi Carl Gustav Jung, o que é a psicologia analítica e o que é arquétipo, de acordo com a psicologia junguiana.

Quem foi Carl Jung?

Carl Gustav Jung, ou apenas Jung, era um psiquiatra suíço, fundador da psicologia analítica. Desde muito jovem, era ligado ao ser humano, à mitologia, à natureza e também às religiões, sendo que as questionava desde muito jovem. Ele entrou nessa área da psiquiatria e psicologia após ter experiências com alguns sonhos, assim como conta mais detalhadamente em “Sonhos, memórias e reflexões”, livro escrito em 1961.

Antes de criar a teoria junguiana, ele fez estudos com associação de palavras e estudava o inconsciente juntamente a Freud. Ambos se falavam por meio de cartas e estudaram muitos casos clínicos juntos. Freud tem uma importância significativa na vida de Jung, pois foi por intermédio da psicanálise que Jung começou a procurar entender e estudar mais sobre o inconsciente.

Ilustração de um homem idoso fumando cachimbo.
Sarawut Itsaranuwut / Shutterstock

Carl viajou muito durante a sua vida, para compreender outras culturas e entender como os seres humanos funcionavam em sua individualidade, mas principalmente como o coletivo poderia influenciar a vida de uma pessoa.

Sendo assim, Jung escreveu durante a sua vida um total de 18 livros, permaneceu estudando por muito tempo e, os seus últimos dias de vida, passou recluso em sua casa do lago, que foi onde pensou sobre a espiritualidade e o ser humano.

O que é a psicologia junguiana?

A psicologia junguina, também conhecida como psicologia analítica, foi criada por Jung logo após algumas divergências de pensamentos com Freud. Jung traz uma ideia mais profunda sobre inconsciente.

Para Jung, a psique é dividida em três partes:

  • Consciente: A parte que é possível ser acessada, como sentimentos, pensamentos, memórias e outras funções;
  • Inconsciente pessoal: Está ligado a todo o material inconsciente que o ser humano adquire durante a vida, como sentimentos reprimidos, e está uma camada cima do inconsciente coletivo, podendo ser acessado mais facilmente;
  • Inconsciente coletivo: É a camada mais profunda da psique, muito difícil de ser acessada por ser constituída de arquétipos herdados da família e da sociedade em que a pessoa vive.

Sendo assim, Jung fala muito em suas obras sobre símbolos. Durante a terapia, o paciente fala mais do que o terapeuta. Durante a terapia também podem ser feitos desenhos e artes com massinha, areia, argila e os sonhos que a pessoa traz para a terapia, para que esse conteúdo do inconsciente possa ser acessado.

A psicologia analítica tem como seu principal objetivo fazer o ser humano chegar ao processo de individuação, que está ligado aos arquétipos e às suas identificações, e ao despertar para o melhor de si, e quando o ser humano melhora a si, também melhora a sua relação com os outros.

O que são os arquétipos do inconsciente?

Não podemos falar sobre sombra sem antes explicar um pouco o que são os arquétipos do inconsciente. Os arquétipos estão dentro do inconsciente pessoal e coletivo, sendo o pessoal o mais “fácil” de acessar. Eles estão ligados à forma como armazenamos as nossas experiências. Dentro do inconsciente, elas se manifestam em alguma brincadeira, desenho e, principalmente, símbolos em sonhos. Sim, os nossos sonhos com elefantes verdes que voam fazem muito sentido quando pensamos nos arquétipos.

Menina fazendo diversas caretas.
Andrea Piacquadio / Pexels

Ou seja, os arquétipos são símbolos que nosso inconsciente cria. Como exemplo, podemos trazer o arquétipo de persona, self, ego — e o principal desse artigo o arquétipo da sombra.

O que é a sombra para a psicologia?

A sombra é um arquétipo que está no inconsciente pessoal, ou seja, é adquirida de acordo com as nossas experiências de vida. A sombra está ligada a tudo o que enxergamos no outro; é o que está dentro de nós e muitas vezes não percebemos porque é inconsciente.

Partindo desse pressuposto, é possível pensar que a sombra pode ser um lado “sombrio” do ser humano. Mas o que pouco se sabe é que no arquétipo de sombra existe aspecto positivo e negativo.

Aspecto positivo da sombra: Quando temos admiração por alguém e não sabemos o porquê. Quando uma pessoa é muito corajosa, nós temos uma admiração muito grande por aquela pessoa; pode ser a sua sombra te mostrando que você é da mesma forma e não consegue ver isso.

Aspecto negativo da sombra: Esse aspecto é mais ligado a quando algo em alguém nos incomoda, algum defeito bem aparente. Será que nós não temos esse defeito e não conseguimos enxergar transferindo isso ao outro?

O que é preciso fazer para conviver bem com tudo isso é, em primeiro lugar, aceitar a sua sombra, conviver com as suas qualidades e, por fim, defeitos e entender o que é seu e o que é do outro.

Todo mundo tem uma sombra?

Sim, todas as pessoas possuem a sombra. Muitas vezes desconhecemos isso porque reprimimos a nossa sombra no nosso inconsciente, e ela vai se manifestando por meio da transferência que fazemos com as outras pessoas. Mas a sombra é um aspecto muito importante para aprimorar a personalidade do ser humano.

Então não precisamos ter medo das nossas sombras, e sim podemos convidá-las para ter uma conversa e compreendê-las de maneira mais abrangente. Quando compreendemos as nossas sombras, conseguimos olhar mais adequadamente para dentro de nós, obtendo mais autoconhecimento e amor-próprio.

Como encontrar a minha sombra?

Para encontrar a sua sombra, é preciso se atentar mais aos detalhes, à forma como você enxerga as outras pessoas e si mesmo, perguntando-se, por fim: quais são as características daquela pessoa que eu tenho em mim? E entendê-las. É importante compreender que todos somos seres humanos individuais e que cada pessoa é única.

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Sendo assim, é possível também fazer mais leituras sobre o assunto. Recomenda-se o livro “Ao Encontro da Sombra”, escrito em 1994 por Connie Zweig e Jeremiah Abrams, que traz muitas informações sobre o arquétipo da sombra e sobre como podemos identificá-la dentro de nós.

Por fim, não precisamos ficar com medo das nossas sombras. Precisamos acolhê-las. Sim, é mais difícil acolhermos as coisas de que não gostamos em nós do que aquelas de que gostamos. Mas todas as pessoas têm aspectos positivos e negativos, assim como a sombra.

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