Autoconhecimento

Carpe Diem: o presente do presente

Mulher de braços abertas em um campo aberto
Iam Anupong / Getty Images / Canva
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Aproveitar a vida. É isso, afinal, que todos queremos em nossas caminhadas, não é? Quem não gosta de chegar ao fim de um dia e pensar que viveu intensamente e desfrutou momentos que ficarão marcados, fazendo a vida valer a pena?

E esse desejo não é algo recente, que surgiu na era das redes sociais. Há milênios que os homens buscam sempre aproveitar a vida ao máximo, e uma prova disso é o ditado latino “Carpe diem”.

Você já ouviu essa expressão? Sabe o que ela significa? Tire todas as suas dúvidas neste artigo que preparamos!

Significado de “carpe diem”

“Carpe diem” é uma expressão em latim, cuja tradução mais aproximada é “Aproveite o dia”. Esse significado esconde uma mensagem profunda e poderosa: aproveitemos o presente ao máximo e tudo que pudermos no hoje, porque em breve ele termina, e a vida passa rapidamente.

Muito importante na época do Renascimento e presente até hoje como tema de livros e filmes, a expressão “carpe diem” nos lembra que a vida é um sopro e todos os momentos chegam ao fim. Então nos resta aproveitá-los ao máximo para que, quando terminem, pensemos: “Pude aproveitar tudo que foi possível!”.

A origem de “carpe diem”

O primeiro registro que temos dessa expressão foi feito pelo poeta romano Horácio (65 a.C. a 8 a.C.), em seu livro “Odes”. Aconselhando sua amiga Leucone, ele escreveu a seguinte frase: “Carpe diem quam minimum credula postero”. Traduzida, significa algo como: “Aproveite o dia de hoje e confie o mínimo possível no amanhã”.

Confiar o mínimo possível no amanhã significa fazer o que for preciso hoje, porque nem sabemos se haverá mais um dia após o fim deste que estamos vivendo.

Em seus textos, Horácio defendeu que a vida é breve; por isso, tem uma beleza perecível. Sua ideia de “carpe diem” foi baseada no epicurismo, filosofia criada por Epicuro, filósofo que viveu no século IV.

Epicuro defendia que devemos fazer todo o esforço possível para eliminar de nossas vidas toda e qualquer dor – tanto física como emocional – para evitar que atrapalhem a única busca possível: a busca pela felicidade.

O presente do presente

Muitos dizer que esta é a melhor definição para “carpe diem”: o presente do presente. Porque viver de acordo com essa espécie de filosofia seria aproveitar o que há de mais real e atual acontecendo no momento presente. Então seria o mais presente possível no presente.

Sabe quando você está vivendo um momento e percebe, ainda enquanto está ali, que é isso que faz a vida valer a pena, que é isso que dá cor à vida? Isso é “carpe diem”.

Outra forma comum de falar sobre “carpe diem” é “estar presente no presente”, um jogo de palavras que brinca com a ideia de presença e do tempo presente. Cada minuto que desperdiçamos remoendo o passado ou projetando o futuro representa 60 segundos que não focamos o presente. Por isso é que essa ideia pede que estejamos presentes unicamente no presente, não em outro tempo.

“Carpe diem” e “A Sociedade dos Poetas Mortos”

É impossível falar sobre essa expressão sem citar o filme “A Sociedade dos Poetas Mortos” (1989), no qual o ator Robin Williams (1951-2014) interpreta um professor de poesia e literatura inglesa que chega para lecionar em um colégio interno masculino de elite que tem um rígido código de moral e exige disciplina e retidão de seus alunos.

Cena do filme "Sociedade dos Poetas Mortos"
Reprodução / Warner Bros. France / AdoroCinema / Sociedade dos Poetas Mortos

Em meio ao comportamento “quadrado” da instituição, o professor vai fazendo os alunos tomarem gosto pela poesia e pela arte, enquanto ensina outras maneiras de ver a vida.

Na cena mais conhecida do filme, o professor leva os alunos para verem fotos de ex-alunos, estudantes que se formaram há décadas e sussurra: “Carpe diem. Façam da vida de vocês algo extraordinário”.

O professor queria, com isso, dizer: “Esses “ex-jovens” hoje são adultos ou velhos. Vocês também serão um dia, então aproveitem o tempo que têm enquanto não são!”.

“Carpe diem” e consumismo

Há muitos críticos da maneira como a expressão “carpe diem” vem sendo usada atualmente. Um deles é o filósofo e escritor australiano Roman Krznaric, autor do livro “Carpe Diem – Resgatando a Arte de Aproveitar a Vida”.

De acordo com ele, muitas marcas têm se aproveitando dessa ideia de aproveitar o hoje para incentivar o consumismo, como se dissessem “Gastem/comprem hoje”, em vez de “Viva hoje”.

“Quando a Nike diz ‘Just do it’ em seu slogan, está tentando dizer que aproveitar o dia é comprar alguma coisa. Achei importante lembrar que não devemos deixar nossa liberdade de escolha ser uma liberdade de escolher entre marcas”, diz ele, em entrevista à revista Trip.

Mulher deitada no parque com chapéu de palha sobre o rosto
vladans / Getty Images / Canva

Além disso, ele critica o excesso de tecnologia e de horas passadas nos smartphones e computadores como “vilões” do “carpe diem”: “O ‘carpe diem’ sempre foi sobre ter experiências diretas do mundo. Claro que pela tela é possível sentir coisas reais, chorar e rir, mas existe uma diferença entre jogar tênis e assistir a uma partida de tênis. A gente começa a virar observadores da vida dos outros, e isso também é roubar o espírito do ‘carpe diem’”.

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Agora que você entendeu o que é “carpe diem” e o que significa essa expressão, vêm novas dúvidas: o que é aproveitar a vida, e como aproveitá-la? Essas respostas, só você poderá encontrar dentro de si. Busque aí dentro aquilo que te faz bem e dedique-se a isso.

“Descubra o que você ama e deixe que isso te mate”, escreveu Charles Bukowski. Mas não leve isso tão literalmente. Faça o que ama, mas viva relações saudáveis, inclusive consigo mesmo. Carpe diem!

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