Câncer é uma doença que atinge o mundo todo. Existem tratamentos avançados para esse problema e campanhas para estimular a prevenção de formas da doença, mas o esforço principal da ciência e da tecnologia se volta a encontrar a cura para esse mal. Nesse processo de busca por métodos mais eficazes de tratamento e de identificação da doença, está o desenvolvimento de um novo dispositivo para detectar o câncer no organismo de uma pessoa.
Por meio da nanoengenharia 3D (três dimensões), um instrumento semelhante a um chip consegue identificar a presença de partículas cancerígenas a partir de uma gota de sangue de qualquer pessoa. Esse processo é possível por alguns motivos.
Em primeiro lugar, o sangue carrega informações sobre o organismo de uma pessoa (níveis de açúcar, de gordura, de vitaminas, presença de doenças, características genéticas, etc.). O câncer provoca uma alteração no organismo, atingindo as células sanguíneas (exossomas) com moléculas ativas de tumores, criando os neoplásicos, que são exossomas tumorais (células sanguíneas infectadas com tumores).
Dessa forma, o dispositivo separa as células saudáveis dos neoplásicos (cancerígenos), identificando a presença ou a ausência do câncer em um organismo.
Para que fosse possível essa captação de informações pelo dispositivo, ele foi desenvolvido em formato de espinha de peixe, que, cientificamente, é um padrão biomolecular fascicular facilmente encontrado na natureza. Por um processo chamado transferência de massa, todos os exossomos são conduzidos até a superfície de detecção do chip, sendo pressionados.
O professor de Química da Universidade de Kansas (EUA), Yong Zeng, é um dos responsáveis pela criação desse dispositivo. Ele esclareceu como funciona o processo de identificação do câncer: “Desenvolvemos uma estrutura em formato de espinha de peixe, porosa, capaz de drenar o líquido que ficaria no espaço (geralmente ocupado por líquido entre o sensor e as moléculas) e trazer as partículas em contato direto com a superfície, onde as sondas são capazes de reconhecê-las e capturá-las”.
Mais do que uma teoria, o funcionamento do chip já foi comprovado a partir de um teste que utilizou gotas de sangue de mulheres que sofrem de câncer de ovário. A proposta dos pesquisadores é ainda mais promissora em relação à disseminação desse dispositivo.
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Zeng explica o baixo custo de produção do chip da seguinte forma: “O que criamos aqui foi um método de nanopadrões de impressão 3D, sem necessidade de nenhum equipamento sofisticado de nanofabricação — em meu laboratório, um estudante de graduação e até de ensino médio consegue fazer. É tão simples e barato que tem grande potencial de chegar nos equipamentos clínicos de hospitais mundo afora”.
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