Autoconhecimento Constelação Familiar

Constelação Familiar comentado por quem já fez

Silhueta de pais e crianças com sol ao fundo
123RF | Tatiana Kostareva
Escrito por Giselli Duarte

Olhar para o passado me fez perceber que as experiências iniciais na constelação familiar foram necessárias para amadurecimento. Nem sempre estamos prontos de imediato, mas ao persistir, encontramos profissionais que tornam o processo transformador. Com o terapeuta certo, a experiência pode ser profundamente significativa.

Hoje, gostaria de compartilhar minhas experiências com a constelação familiar, pois acredito que, de alguma forma, isso possa contribuir para quem ainda tem dúvidas sobre esse método poderoso. Espero que minha trajetória possa ajudar você a se abrir para algo que talvez precise, mas ainda não tenha encontrado.

Eu quis começar contando minha história desde o início para mostrar que, muitas vezes, o que encontramos de imediato pode não ser exatamente o que imaginávamos. No entanto, se nos permitirmos abrir para o desconhecido, podemos descobrir aquilo que realmente precisávamos.

A Primeira Constelação: Estranheza

Minha primeira experiência com a constelação aconteceu em 2009. A terapeuta era uma conhecida, e eu estava ali participando sem saber absolutamente nada do que se tratava a técnica. Não tinha ideia do que eu precisaria fazer, nem de como a dinâmica funcionava. Estava, literalmente, mergulhando de olhos fechados.

Mão segurando recorte em formato de família com recortes atrás
CanvaPro / Sal73it

De repente, lá estava eu, representando o pai de alguém que eu nunca havia conhecido. Era uma sensação estranha, um misto de curiosidade e confusão. Não fazia a menor ideia do que estava fazendo, mas segui o fluxo da experiência. A princípio, senti uma certa desconexão com o processo. Havia algo ali, mas parecia que eu não conseguia compreender completamente.

A Segunda Constelação: Incômodo

Em 2016, surgiu uma nova oportunidade. Dessa vez, fui de forma consciente, atendendo ao convite da proprietária do estúdio onde eu ministrava aulas de yoga. Decidi me abrir novamente para essa experiência, ainda que a primeira não tivesse sido muito clara para mim.

Desta vez, havia muita gente participando, um número expressivo mesmo, e a terapeuta explicou como funcionaria a dinâmica. Ela mencionou algo que me chamou a atenção: que, mesmo que a maioria das pessoas presentes não fosse constelada diretamente, apenas estar ali, vivenciando e observando, já traria benefícios para suas vidas, pois se trata de uma terapia energética. Essa perspectiva me instigou a querer entender mais, a mergulhar um pouco mais fundo.

Grupo de pessoas de mãos dadas vistas de cima
CanvaPro / Shironosov

Passados uns 30 minutos de constelação, comecei a notar as reações ao meu redor. Algumas pessoas estavam emocionadas, chorando, passando por uma espécie de catarse. De repente, fui escolhida para representar um familiar no campo. Senti um certo desconforto, uma vontade de sair dali. Não era um lugar familiar, e as emoções estavam à flor da pele. Ainda assim, decidi ficar. Ao sair, senti um cansaço físico muito grande, como se a experiência tivesse drenado parte da minha energia.

A curiosidade para compreender mais

Apesar do incômodo, algo dentro de mim ainda queria compreender melhor o que era essa tal constelação. Comecei a assistir vídeos sobre constelação sistêmica no YouTube. Foi assim que conheci a Elza Carvalho, uma terapeuta cujo trabalho me tocou profundamente. Em 2018, decidi buscar alguém experiente para fazer uma constelação, mas não consegui encontrar informações sobre a possibilidade de realizar uma sessão à distância com a Elza.

Acabei encontrando outra terapeuta, que estava em evidência na época. Pensei comigo mesma: “Agora vou fazer isso do jeito certo.” Lembro-me claramente de que o valor da sessão foi significativo para mim naquele momento, mas resolvi investir, já que haveria um retorno depois de seis meses. A constelação durou cerca de 30 minutos, mas, ao final, ainda senti que não havia feito sentido para mim. Para minha decepção, o retorno prometido também não aconteceu.

Desistência

Foi aí que, após várias tentativas e desilusões, decidi que constelação familiar não era para mim. Parei de seguir Bert Hellinger e me afastei desse universo. Embora muitas coisas fizessem sentido na teoria, a prática simplesmente não estava funcionando para mim. A sensação era de que eu não conseguia acessar aquilo que outras pessoas pareciam experimentar com tanta intensidade.

Mais uma tentativa

Então, em 2020, algo mudou. Durante uma conversa com uma nova terapeuta, senti que era hora de tentar mais uma vez. Foi como se uma nova porta se abrisse para mim. Essa terapeuta conduziu a sessão de forma amorosa e cuidadosa. Havia uma clareza no trabalho dela, algo que me tocou profundamente. Ela colocava realmente o coração em tudo o que fazia, e isso fazia toda a diferença.

Mulher vista de perto segurando flor próxima ao rosto usando chapéu
CanvaPro / Tan Danh

Pela primeira vez, senti que alguém estava traduzindo com clareza as informações do meu campo mórfico. A leveza com que ela conduziu o processo me ajudou a enxergar tantas coisas que estavam escondidas, além do véu da ilusão. Ela me explicou cada detalhe do que estava acontecendo, como se fosse uma aula, e eu saí daquela sessão me sentindo verdadeiramente esclarecida.

Concluindo

Olhar para trás me faz perceber que todas essas experiências foram necessárias para que eu entendesse a profundidade da constelação familiar. Acredito que precisei passar por esse caminho para compreender a importância da empatia e da conexão com o terapeuta. Talvez, nas minhas primeiras experiências, eu ainda não estivesse completamente pronta para mergulhar na dimensão que a constelação atinge.

Olhando para isso agora, vejo como é fácil desistir de algo quando não vemos sentido imediato ou quando as coisas não acontecem como imaginávamos. Mas, se nos permitirmos tentar de novo, podemos encontrar profissionais que realmente fazem tudo se encaixar de uma forma única para nós.

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É isso que eu gostaria de compartilhar com você: não desista de algo só porque as primeiras experiências não foram como esperava. Às vezes, precisamos de tempo para amadurecer, para estar prontos. E quando esse momento chega, podemos finalmente enxergar tudo com mais clareza e permitir que as mudanças aconteçam de verdade. A constelação familiar, quando conduzida com amor e compreensão, pode ser uma experiência transformadora. E, se você sente que há algo ali, mesmo que sutil, siga sua intuição e se permita explorar mais uma vez.

Espero que minha história tenha ajudado você de alguma forma a entender que, para cada um, o processo é único. E que, se estivermos abertos e conectados com o terapeuta certo, a experiência pode ser muito mais significativa do que imaginamos.

Sobre o autor

Giselli Duarte

Nunca fui alguém que se contenta em observar a vida passar. A inquietação sempre pulsou em mim, guiando-me a atravessar caminhos diversos, por vezes improváveis, mas sempre significativos. Não se tratava de buscar respostas rápidas, mas de me deixar ser moldada pelas perguntas.

Meu primeiro contato com o trabalho foi aos 14 anos. Não era apenas sobre ganhar meu próprio dinheiro, mas sobre entender como o mundo se movia, como as relações de troca iam além de cifras. Com o tempo, percebi que meu lugar não seria apenas cumprir horários, mas criar algo próprio. Assim, aos 21, nasceu meu primeiro negócio, registrado formalmente. Desde então, empreender tornou-se tanto profissão quanto paixão.

Mas, por trás dessa trajetória profissional, sempre existiu uma busca interior que muitas vezes precisei calar para priorizar o mundo exterior. Foi somente quando o cansaço me alcançou na forma de burnout que entendi que não podia mais ignorar a necessidade de olhar para dentro. Yoga e meditação não foram apenas escapes, mas verdadeiras reconexões com uma parte de mim que havia sido negligenciada.

Foi nesse espaço de silêncio que descobri o quanto a curiosidade que sempre me guiou podia ser dirigida também para dentro. Formei-me em Hatha Yoga, dentre outras terapias integrativas, e comecei a dividir o que aprendi com outras pessoas, conduzindo práticas e compartilhando reflexões em plataformas como Insight Timer e Aura Health. Ensinar, percebi, é uma das formas mais puras de aprender.

A escrita foi um desdobramento natural desse processo. Sempre acreditei que as palavras possuem a capacidade de transformar não só quem as lê, mas também quem as escreve. Meus livros, No Caminho do Autoconhecimento e Lado B, são registros de uma caminhada que não se encerra, mas que encontra sentido na partilha. Participar de antologias poéticas também me mostrou a força do coletivo, de somar vozes em algo maior.

Cada curso que fiz, cada desafio que enfrentei, trouxe peças para um mosaico em constante formação. Marketing, design, gestão estratégica – cada aprendizado me preparou para algo que, na época, eu ainda não conseguia nomear. Hoje, entendo que tudo se conecta.

Minha missão não é ensinar verdades absolutas, mas oferecer ferramentas para que cada pessoa possa encontrar suas próprias respostas. Seja através da meditação, da escrita ou de uma simples conversa, acredito que o autoconhecimento é um processo contínuo, sem fim, mas cheio de significado.

E você, o que tem feito para ouvir as perguntas que habitam em você? Talvez nelas esteja o próximo passo para um novo horizonte.

Curso
Meditação para quem não sabe meditar

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