A música “Como nossos pais” escrita por Belchior e eternizada na voz de Elis Regina, representa muito do que sentimos nessa relação com nossos genitores, com uma certa rejeição e depois aceitação de padrões de repetição das suas histórias, que vivenciamos na atualidade.
E, você já se pegou dizendo: “Não quero ser como meus pais”… e, depois, agindo como eles? Ou talvez tenha sentido um vazio estranho nos relacionamentos, uma sensação de que algo está sempre faltando e não sabe explicar o quê?
Essas repetições, dores que não têm lógica aparente e conflitos emocionais profundos podem ter uma raiz muito mais antiga do que você imagina. A boa notícia é: existe uma forma de olhar para isso com amor, clareza e, sobretudo, cura.
Essa forma se chama: Constelação Familiar Sistêmica.
O que é a Constelação Familiar?
Criada por Bert Hellinger, e amplamente difundida e aprofundada por pensadores como Idris Lahore, a Constelação Familiar é uma abordagem terapêutica breve que nos permite visualizar e curar dinâmicas ocultas que atuam dentro do nosso sistema familiar — mesmo que nunca tenhamos conhecido certas pessoas da família.
Ela se baseia em três leis sistêmicas, conhecidas como “Ordens do Amor”: pertencimento, hierarquia e equilíbrio de trocas.
Quando uma dessas leis é quebrada: alguém é excluído, um filho ocupa o lugar de um dos pais, ou há desequilíbrio entre dar e receber, surgem os conflitos, tais como: traumas emocionais, dificuldades financeiras, doenças repetitivas ou padrões de relacionamentos fracassados.
O interessante é que Idris Lahore, ao integrar conhecimentos da psicologia, terapias energéticas e tradições orientais, reforça o valor do campo de ressonância familiar e da postura do terapeuta como canal de cura e revelação.
A dor que não é sua, mas vibra em você. Muitas das dores que sentimos não nasceram com a gente. Elas são heranças emocionais não resolvidas, transmitidas de geração em geração. Não como culpa, mas como lealdade inconsciente.
Já atendi uma mulher que, mesmo amando profundamente seu parceiro e num momento em que estava formalizando a relação, sentia uma culpa absurda por ser feliz. Em sua Constelação, emergiu a história de sua avó, que perdeu o grande amor da vida em um acidente e nunca mais se relacionou. O sistema familiar carregava uma dor profunda de perda, como se fosse proibido ser feliz no amor.
Ao dar lugar à avó e reconhecer sua dor com respeito, essa cliente pode, enfim, liberar a lealdade inconsciente e permitir a si mesma viver o amor com liberdade.
Compreensão que transforma, cura que começa por dentro.
A Constelação Familiar não é mágica, mas seus efeitos podem parecer.
Apenas o ato de olhar para aquilo que estava oculto já inicia um processo de libertação. Pessoas que vivem anos em relacionamentos tóxicos, brigas com filhos, ausência de vínculos reais nos relacionamentos, muitas vezes não percebem que não estão vivendo o presente — estão respondendo a dores do passado.
E quando trazem à consciência essas histórias e sentimentos guardados, o comportamento muda. O coração se alivia. O corpo respira. A alma entende.
A reconciliação com sua origem.
Um dos maiores presentes da Constelação é o olhar para os pais.
Talvez você tenha raiva, mágoa, julgamentos… ou simplesmente uma ausência afetiva que parece impossível de explicar. Mas quando você entende que tudo começou ali, no sim que os seus pais deram à sua vida, algo se organiza por dentro.
“Tomar os pais” é um dos movimentos mais curadores que existem.
Não se trata de concordar com tudo o que eles fizeram e nem conviver com um tratamento que te faz mal.
Mas sim de aceitar que eles foram o canal da sua existência. E a partir daí, você pode tomar sua própria vida, com força, liberdade e amor, bem como seguir nas suas escolhas com mais fluidez na vida.
Tudo muda quando você muda o olhar.
Você pode continuar tentando mudar o outro, julgando suas dores, carregando culpas e repetições. Ou pode fazer diferente.
A Constelação Familiar Sistêmica é um convite a sair do papel de vítima e entrar no lugar de protagonista da sua história, de forma consciente.
É sobre parar de repetir e começar a viver.
É sobre dar lugar ao amor interrompido.
É sobre reconhecer suas raízes para, enfim, voar.
Porque quando você acolhe sua origem, o amor volta a fluir. E tudo muda.
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Dica prática para o leitor:
Para você que chegou até aqui e escolheu aprofundar seu autocuidado, responda:
Quais padrões estão se repetindo nos seus relacionamentos?
Você já se perguntou de onde vem esse comportamento?
O que você está tentando resolver que nem é seu?
Faça o seguinte exercício prático:
Escreva uma carta (que não será enviada) para seus pais ou avós, expressando tudo o que você sente. Depois, leia em voz alta e diga internamente: “Eu vejo vocês. E agora sigo com o meu próprio destino.”