Autoconhecimento Convivendo

Covid-19, a oportunidade

Mulher negra usando máscara azul.
dmbaker / 123rf
Escrito por Vander Luiz Rocha

O atual momento sombrio, que se mostra esperançoso porquanto vacinas acenam salvação, contrapõe-se com exemplos danosos de desobediência civil que quem assim agir colocará o corpo na fila dos que esperam por covas, sendo responsabilizados como suicidas; e aquele que incentivar a não observância das normas sanitárias à contenção viral será tido por assassino ou até por genocida. Será igualmente assassino quem não seguir o rigor exigido e contagiar pessoas que por isso morrerão.

Não falo de justiça pela lei terrena, falo da lei transcendental de causa e efeito, a qual nos responsabiliza por nossos atos.

A situação mundial é grave, a brasileira é gravíssima. O descalabro atingiu tal ponto, que estamos nos acostumando ao número diário de mortes sem nos atentarmos que cada uma delas corresponde a uma vida ceifada, uma oportunidade de aprendizado tolhida.

Não imaginemos que exista um deus sentado num trono a julgar pessoas. Entendamos que levamos conosco o nosso histórico. O que fizemos não está catalogado no além, está anotado em nós, espírito, e por onde formos seremos vistos por todos como realmente somos, nos enxergarão pelo que fizemos.

As alegorias de céu e inferno, anjos tocando harpas e capetas fazendo diabruras, pode até ter efeito didático aqui ou ali, porém sabemos que são figuras folclóricas, porquanto céu e inferno são estados de consciência que perduram após a morte do corpo.

Logo, temos o ensejo de usar da peste atual a nosso favor, criando o nosso céu ao compreendermos que a atualidade exige reflexão, pede tolerância, induz a indulgência, promove a confraternização, é propícia à reforma íntima.

Mulher branca com bebê no colo.
Marcin Jozwiak / Unsplash

Inversamente virá a ser nosso inferno, se nos entregarmos à indisciplina, às críticas, ao desalento, às lamentações, à inobservância do rigor para com a saúde do corpo, à desobediência, à revolta.

Crer em Deus não é suficiente, pois, como está escrito, “até os demônios creem”. Esperar em Deus não é oportuno porquanto também foi dito que “será julgado cada um segundo as suas obras”.

A atualidade nos favorece produzir obras por ser necessário agir Deus, e agir Deus não é se dedicar ao pieguismo religioso, nem às beatices, nem aos rituais. Agir Deus é viver Deus, não destruindo a natureza, não poluindo a água.

É não sujar as ruas, respeitar e obedecer às leis, acatar as autoridades, não se prestar a qualquer tipo de promiscuidade, preocupar-se com a própria consciência e não com a consciência alheia. É sorrir para quem está triste, é tolerar o idiota, é compreender o inquieto, o desajustado. É respeitar as árvores, os animais, os pássaros, os vermes, os peixes e o ser humano; e, principalmente, cada um respeitar a si como emanação divina.

A covid-19 faz com que nos vejamos nus, sem as vestimentas da aparência que o mundo nos pede.

Abrimos o guarda-roupa e vemos roupas sobrando, calçados a mais, bolsas amontoadas. Usamos tudo isso sem que tenhamos percebido que não precisamos de tanto. Até o nosso jeito de falar está mudando.

A humildade, a simplicidade passou a ser nossa, não dos outros. O egoísmo quedou-se ao altruísmo; a ganância deu passagem à generosidade; a malícia se enfraqueceu frente à candura; a desesperança, ao ver o novo amanhã que se avizinha, transforma-se em coragem.

Não percamos a oportunidade que a pandemia nos oferece para nos reformar em espírito e interagir com o hausto divino que inunda o planeta e que sempre foi a contrapartida de todas as enfermidades.

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Obrigado por me ouvir.

Sobre o autor

Vander Luiz Rocha

Vander Luiz Rocha, nascido na cidade de Conselheiro Lafaiete, no estado de Minas Gerais, Brasil, em 1939.

Criado dentro dos princípios da tradicional família mineira, teve no catolicismo a sua primeira religião.

Na adolescência, dos 7 aos 14 anos, fez, como interno, o Seminário Menor da Ordem dos Redentoristas, na época em Congonhas do Campo, MG. Naqueles momentos o cenário de vida foi o barroco e o fundo musical o canto gregoriano.

Deixando o seminário, tornou-se não religioso e se dedicou aos estudos e ao trabalho em Belo Horizonte. Inicialmente se formou em contabilidade e, posteriormente, graduou-se em administração, com o título de bacharel. A sua vida privada foi alimentada por essas profissões.

Em 1973, mudou-se com a família, esposa e três filhas para São Paulo, indo residir no ABC Paulista, em São Caetano do Sul, trabalhando em empresas da região, tendo se interessado pelo espiritismo e adotando-o em 1976 como escola de vida.

Após preparar-se em cursos feitos sob supervisão da Federação Espírita de São Paulo, SP, tornou-se servidor, no segmento palestrante, e expositor de cursos em casas de socorro espiritual, e com os socorridos muito aprendeu.

Nos dias atuais, continua a se dedicar à filosofia espiritualista, adaptando as palestras para textos escritos.

Possui várias obras editadas e ganhou prêmios literários.

Vide seus livros em: https://nossosliteratos.com.br/livros-vlr.html

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