Convivendo

Dia do Riso – uma reflexão sobre o poder da risada

Mulher negra rindo.
mimagephotography / 123rf
Escrito por Dulcineia Santos

Papaji, um dos devotos do mestre indiano Ramana Maharishi, conta a história de um mestre zen japonês que estava muito doente e viajou do Japão à Índia para visitá-lo, procurando a cura.

Ao chegar lá, primeiro teve que enfrentar os assistentes de Papaji, dizendo-lhe que ele era muito ocupado e não poderia descer para vê-lo. O segundo obstáculo, quando conseguiu convencê-los, foi subir as escadas, já que ele tinha apenas um pulmão.

Papaji colocou-o sentado à sua frente, e então o mestre zen começou a rir. Não teve nenhum ensinamento, nada, ele só riu o tempo todo.

Quando voltou para sua casa e as pessoas perguntaram qual foi a lição que aprendeu com Papaji, ele disse: “o ensinamento é apenas rir”.

Em sua entrevista para David Godman, Papaji explica que quando rimos não há “mente, não tem pensamento, não tem problema, não tem sofrimento.” E, para provar, pede à Godman que observe pessoas muito mentais: como normalmente estão sérias, não riem, “porque para cada problema, sofrimento, você precisa da mente. É a mente que sofre.”

O mestre zen japonês disse que sentiu que assim que começou a rir ,seu pulmão tinha sido curado. Mais que isso, sentiu que o pulmão tinha sido “substituído”.

Acho que um dos nossos grandes problemas é a falta de humor nas nossas vidas. Se você liga o streaming, as ofertas de séries de humor são infinitamente menores que as de drama. Aliás, estava observando um outro dia sobre como até as séries de humor, a um certo ponto, viram dramáticas. E quando você está assistindo a algum filme em que tudo está bem, automaticamente fica esperando algo ruim acontecer. É como se achássemos que não existe o direito à felicidade.

No meio do autoconhecimento também vejo muito a falta de humor, com pessoas levando as coisas muito a sério. Se você pensar nos grandes mestres budistas, ou em Eckhart Tolle, por exemplo, estão sendo fazendo piadas. Há até uma imagem muito famosa do Buddha que ri! Isso me faz pensar que a falta de bom humor está ligada à ignorância, à falta de consciência.

Amigos brancas abraçadas.
Matheus G.O / Unsplash

Outro dia, tentando entender o conceito de vacuidade, pensei num sino tibetano. E então veio a clareza: “Se colocarmos sopa nele, não é mais um sino”. Pronto, comecei a rir. Onde há consciência, há riso.

Numa rara ocasião, durante uma discussão com o meu marido, pensei: “Ele, como eu, está sofrendo”. Imediatamente sorri. Se você tem um insight – o tal do “a-há moment”, como chamamos em coaching, a primeira coisa que faz é sorrir.

Se há duas pessoas raivosas e uma delas começa a rir, pode ter certeza de que a briga termina na hora. Às vezes faço o teste com meu marido: estamos no meio de uma discussão, um acusando o outro. Se ele me diz, por exemplo: “Você é irracional”, respondo, como uma criança: “Você é irracional primeiro”. Começamos a rir, vimos o quanto aquilo é ilusório e voltamos ao que é real.

Há até uma terapia do riso, criada pelo médico americano Hunter Doherty Adams, que é a base do trabalho dos Doutores da Alegria. Sua vida é retratada no filme “Patch Adams”, e a terapia foi criada porque ele viu como o bom humor tem efeito no tratamento de doentes.

Portanto ria! Procure ficar atento ao que você consome como entretenimento. A mente é poderosa, mas não vê muita diferença em coisas que a gente assiste ou realidade.

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Também se lembre de que, mesmo no campo da espiritualidade e do autoconhecimento, há alegria! Que o nosso crescimento seja feito de forma leve e alegre. Ainda, que isso não seja tudo com que a gente se ocupe: vejo muitas pessoas deixando de encontrar os amigos, de participar de momentos importantes da vida de outras pessoas para fazerem mais um curso, mais uma terapia, sendo que muitas vezes a cura está em rir com os nossos semelhantes. Afinal, nos encarnamos para viver a experiência de aprendermos uns com os outros.

Que a gente dê mais importância ao milagre do riso.

Sobre o autor

Dulcineia Santos

Dulcinéia Santos é consultora de desenvolvimento para a maturidade, praticante certificada da ferramenta MBTI® de tipos psicológicos e coach. É também autora do livro “A Namorada do Dom”, em que conta as lições que aprendeu nos relacionamentos e na sua jornada até a Suíça.

Acredita que a vida é cheia de lições e que se não as aprendemos não passamos pro próximo nível do jogo. Saiu de casa cedo e foi morar no mundo – agora está na Suíça, onde estudou antroposofia por três anos. Gosta de tomar cerveja no boteco enquanto papeia, de aconselhar, da língua portuguesa, de cozinhar, de ficar só e de flexibilidade de horários. É esotérica, mas acha que estamos encarnados para viver as experiências terrenas com o pé no chão – de preferência dançando.

Formações:

Bacharel em línguas aplicadas

Brain Based Coaching Certification
NeuroLeadership Group – Londres

MBTI® – Myers-Briggs Type Indicator – Step I and Step II
Myers-Briggs Foundation – Florida, USA

Antroposofia
Goetheanum – Dornach, Suíça

Terapia Multidimensional
Genebra – Suíça

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