Autoconhecimento Psicanálise

Dor e Sofrimento

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Escrito por Ana Racy

Hoje gostaria de falar sobre o significado das palavras dor e sofrimento. No entanto, mais importante que o significado de cada uma, é começarmos a compreender a aplicação desses conceitos em nosso dia a dia.

A dor é real, ela existe. Por exemplo, uma dor de estômago, uma dor de dente, bater a cabeça em um armário, isso é dor. Já o sofrimento é psíquico, é uma escolha. É a forma como escolhemos passar por uma dor.

Percebo em conversas com amigos, familiares e, também em consultório, que esses dois conceitos se confundem, especialmente pela dificuldade que a maioria das pessoas tem em aceitar o sofrimento como sendo uma escolha.

Grande parte das pessoas entende que o sofrimento é imposto a elas, que não tem como não sofrer na perda de um ente querido, por exemplo. É absolutamente natural que nos sintamos tristes nessa situação, mas o sofrimento não é necessário. Tristeza é uma emoção, existe nela uma certa perda de energia e podemos ficar mais abatidos. Mas, quando escolhemos passar por essa perda do ente querido com sofrimento, significa que não queremos mais a alegria em nossas vidas, pois ela será substituída pela revolta, pela não aceitação do fato, pela raiva.

Muitas vezes, a pessoa se revolta contra Deus, porque Ele não poderia ter feito isso com ela, que ela não merecia esse castigo. Nessa condição, não há possibilidade de evolução, a pessoa começa a criar uma energia mais densa ao seu redor e emitir pensamentos mais negativos. Ela passa a viver como se tudo estivesse contra ela. E, de fato, outras coisas negativas passam a acontecer em sua vida, pois essa é a lei: aquilo que emanamos é aquilo que recebemos. É a lei física de atração e repulsão.

Se escolhemos passar por determinada situação com raiva e como coitados é exatamente isso que receberemos de volta do mundo: situações onde de alguma maneira a raiva esteja presente assim como o olhar de pena das pessoas.

Taylor Deas-Melesh / Unsplash

Seria interessante começarmos a analisar aquilo que está acontecendo em nossas vidas e nos desagrada, buscando a origem desse desagrado. Talvez, consigamos perceber que as nossas atitudes perante os fatos é que irão gerar consequências mais ou menos agradáveis.

Reclamar, se revoltar com aquilo que não gostamos, não traz solução e gera sofrimento. Muitas vezes escolhemos o sofrimento para viver toda e qualquer situação que seja diferente daquilo que gostaríamos que fosse e, nesses casos, é importante lembrar que isso não é evolutivo. Sabemos que podemos não gostar de alguma coisa porque na dualidade que existe em todos nós, o lado egocêntrico está ali, presente. Porém, devemos nos lembrar que como dualidade que somos, o lado empático também está ali, nos impulsionando a compreender os fatos da vida como instrumentos para evolução. E é justamente na compreensão dos porquês que acontece a evolução.

O sofrimento nos impede de caminhar e até quando queremos ficar nessa situação? Se escolhemos não mudar é porque ainda não sofremos o suficiente. Então, vamos sofrer mais!! Somos os únicos que podemos colocar um ponto final na vitimização, no “coitadinho de mim”, “nossa, como eu sofro”. Apenas nós podemos escolher a nossa forma de viver. Passar pelas adversidades com sofrimento ou com compreensão. Onde há um, não há o outro.

Existe uma ideia antiga de que precisamos sofrer para nos tornarmos seres melhores. O sofrimento, porém, nada tem a ver com a nossa transformação interior.  

A dor nos oferece a possibilidade da mudança, ela ainda é necessária para o nosso crescimento e praticamente inevitável. Mas, a transformação interior não está ligada nem ao sofrimento nem ao martírio.

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Quando compreendemos a diferença entre dor e sofrimento e aceitamos a dor que nos chega como oportunidade de evolução, mudamos nosso padrão vibracional, criamos ao nosso redor uma atmosfera de amor e resignação e, efetivamente, iniciamos o nosso processo de individuação.

Segundo Sigmund Freud: “Quando a dor de não estar vivendo for maior que o medo da mudança, a pessoa muda”.

Que tal usarmos alguns minutos do nosso dia para fazermos as seguintes reflexões:

  • Até quando quero sofrer?
  • Até quando serei o maior empecilho para minha própria evolução?

Sobre o autor

Ana Racy

Psicanalista Clínica com especialização em Programação Neurolinguística, Métodos de Acesso Direto ao Inconsciente, Microexpressões faciais, Leitura Corporal e Detecção de Mentira. Tem mais de 30 anos de experiência acadêmica e coordenação em escolas de línguas e alunos particulares. Professora do curso “Psicologia do Relacionamento Humano” e participou do Seminário “O Amor é Contagioso” com Dr. Patch Adams.

E-mail: anatracy@terra.com.br