Convivendo

Duas Rãs

Escrito por Carlos Curado

Era uma vez duas rãs, que caíram em uma tigela de leite, cada qual em uma vasilha. Uma aceitava o destino, tinha por opção a resignação de que não havia saída ou como nadar contra a corrente, que lutar por um ideal era perca de tempo. Já a outra, mais animada, tinha um ponto de vista otimista, era de bem com a vida, não se deixava abalar pelos imprevistos, que não costumam mandar avisos. Ela tinha disposição, possuía a força para reverter o problema. Tinha uma atitude mental positiva.

Por isso, resolveu se esquivar da fatalidade, seguia o lema: “Hei de Vencer”, o lema do professor Arthur Riedel. Então, movimentava-se, mexia, não parava de pensar que haveria de vencer. Enquanto a outra, por sua vez, rezava e aceitava que aquele infortúnio era a vontade de Deus. Por sua vez, a rã que tinha disposição não parava nenhum instante para reclamar, apenas lutava pela sua sobrevivência.

Todo esse esforço despertou a atenção da colega, a rã resignada, que não compreendia aquela atitude. Se esforçar para quê? Não havia como sair dali. Não havia como escapar do inevitável, a morte que se anunciava.

Sendo assim, cheia de convicção, com a aparente calma do conformismo dizia: “Irmãzinha, por que tanto esforço? Não adianta se cansar à toa”. Todavia, a rã se mexia, freneticamente, parecia ter pressa para sair daquela enrascada, para se livrar daquela situação crítica.

“Saio daqui, sim”, disse para a irmã. “Não sei como, nem de que jeito, mas isso não importa, sei que vou conseguir” e continuou a se debater para fugir do iminente calvário. Tudo parecia perdido, mas o inusitado, o que não se esperava, aconteceu. Ocorreu que de tanto se mexer, tentando sair dali, a rã, cheia de otimismo, fez o leite virar manteiga, mudando a consistência, se tornando algo mais pastoso, o suficiente para se equilibrar, o que a possibilitou sair da vasilha.

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A outra, resignada, por sua vez, apesar da oração, da certeza da vontade divina, sustentada pela convicção de que não haveria nada de fazer diante do infortúnio, não agiu. Como consequência de sua falta de atitude, encontrou o seu fim no fundo da tigela.

Sobre o autor

Carlos Curado

Carlos Pompeu, 52 anos, bacharel em Direito e formação em Letras, tendo sido redator publicitário e colunista em jornais e revistas, escreve em blogues, sobre entretenimento e cultura, na internet, sendo autor de livros virtuais de ficção, no qual adota o pseudônimo Boris de Pedra. Começou, ainda nos anos 1990, com esse nome artístico,”Boris”, em uma banda de Rock, na qual tocava baixo e cantava, além de compor as músicas e letras.

Já no século XXI, migrou para a Literatura, não tendo ainda nenhuma publicação, mas com a esperança de ter sua obra editada. No entanto, sabe que essa possibilidade encontra-se na formatação de um público leitor, o que vem fazendo, escrevendo na internet.

Atualmente tem suas atenções voltadas para a Terapia Holística, sendo sua especialidade o Reiki, com a graduação Nível III, o que o inspirou a escrever textos com a temática esotérica, que abordam a espiritualidade, pensamentos positivos e a autossugestão mental.

E-mail: ccarlospompeu@gmail.com
Site: tecnocibernetico.wordpress.com/