Convivendo

E se for o fim do mundo?

Foto de estrada vazia e cidade ao fundo
BenGoode / Getty Images / Canva
Escrito por Juliana Ferraro

Hoje eu sonhei que o mundo ia acabar. Era certo. Um meteoro viria de encontro à Terra e não teríamos a menor chance.

Em meio a certo caos onírico, eu estava paralisada e só conseguia pensar: qual o sentido de tudo isso? Por que eu fiz tantos planos e vivi me projetando no futuro? Por que eu fiquei brigando para defender ideologias – em nome do bem comum – se no final todo mundo vai morrer mesmo?

Por que a gente conta histórias, escreve, deixa registros? Bens, propriedades, ideias: tudo isso ficou como um enorme vazio dentro do meu peito. A sensação de que nada que a gente criou e por que lutou como humanidade fazia o menor sentido. Tudo ia acabar. Não sobraria ninguém que pudesse ler nossas histórias, brigar por ideologias, entender o mercado financeiro.

Pronto. Qual o sentido disso tudo mesmo? Chegamos tão longe, evoluímos tanto!

Os animais mais frágeis – fisicamente – do planeta. Nossas unhas não são garras. Não corremos muito rápido. Nossa visão e olfato são limitados.

Nossa vantagem é sermos conscientes de que somos, de que existimos e de que morremos.

Dentro dessa vantagem de podermos criar tanto, inventar, fabricar e descobrir novas coisas, temos uma desvantagem agoniante, que é saber que, um dia, acabou. Pelo menos nossa existência física tem limite.

Foto de um meteoro chegando na Terra
Luisrsphoto / Getty Images Pro / Canva

Se vamos ressuscitar, ir para o céu, virar espíritos errantes ou anjos, disso não temos certeza. Tem gente que jura que é isso mesmo, sua alma não morre. Na verdade, a gente é parte do todo, então vamos voltar para ele e continuar infinitamente.

Mas com a mesma consciência que temos hoje? Com as mesmas experiências e sensações? Se tudo vai acabar mesmo, qual o sentido de trabalhar, pensar no futuro, casar-se e ter filhos?

Por isso somos mestres em criar histórias para abafar esse sofrimento e dar um norte. Algumas pessoas pensam no céu. Outras pensam em karma. Algumas pensam nos prazeres do corpo, mas sem sentido não tem vida. Não nos levantamos da cama.

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Eu acordei desacreditada e passei o dia achando razões para voltar a acreditar que vale a pena. E por quê?

Acho que depois disso vou abandonar algumas certezas e me ancorar em viver da melhor forma cada momento. É bom se questionar de novo e de novo qual sentido temos para a nossa vida, o que estamos criando dentro da gente com as atitudes e pensamentos que temos e como colaboramos – ou não – para o coletivo. Porque o coletivo nos afeta e vice-versa.

A gente busca um sentido. Tem de ter um motivo. Mas… e se não tiver um motivo?

Sobre o autor

Juliana Ferraro

Juliana Ferraro é psicóloga por formação e viajante por amor às coisas novas da vida. Seu contato com diferentes línguas e culturas começou quando ela ainda trabalhava no Club Méditerranée. Depois fez um mochilão pelo mundo em busca de autoconhecimento. Em pouco mais de um ano conheceu diversos países asiáticos, em especial a Índia, onde fundou uma paixão profunda pela yoga e pela meditação. No Brasil: morou, deu aulas de yoga e se formou como massoterapeuta, em Paraty, RJ. Foi nessa época que concluiu quatro cursos de dez dias de meditação Vipassana e se aprofundou na prática de Ashtanga Yoga. Hoje, ela está estudando Ashtanga Yoga no KPJAYI, em Mysore, Índia. E dá aulas de Ashtanga Yoga online.

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