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Entre o fetiche e a arte, poderes curiosos da mãe África

Na imagem, há várias máscaras feitas por um povo africano que estão penduradas na parede.
Aurigadesign / Getty Images / Canva
Escrito por Bruna Mac The Wall

Entre fetiche e arte, você já se perguntou que segredos os objetos africanos guardam? Que histórias de resistência e poder estão ocultas sob rostos europeus em marfins e máscaras? Descubra como a mãe África moldou identidade e sobrevivência. Continue a leitura!

Durante séculos, nossas raízes africanas foram não apenas silenciadas, mas também distorcidas e ressignificadas por interesses externos. Basta andar por qualquer feira de arte popular no Brasil ou visitar nossos museus para se deparar com objetos africanos, como máscaras ou esculturas de marfim. À primeira vista, parecem relíquias de um passado remoto; mas, quando olhamos mais de perto, encontramos marcas de poder, adaptação e, acima de tudo, estratégias para sobreviver à violência do apagamento.

Marfins: rosto europeu, mão africana

Nos séculos passados, artistas africanos, sob o jugo colonial ou pressionados pelo mercado europeu, criaram esculturas de marfim que traziam rostos de europeus. Esses objetos não surgiram por acaso: eram feitos, muitas vezes, sob encomenda, para agradar compradores estrangeiros fascinados por sua própria imagem — um exercício de vaidade e dominação simbólica. Eles carregam ainda, como sugere o pesquisador Rogério Brittes, uma ironia sutil que só quem conhece profundamente a resistência cultural pode captar: em muitos desses objetos, a expressão dos rostos europeus é ambígua, sugerindo zombaria ou desconforto, oculto sob uma camada de aparente obediência.

No foco da imagem, há a mão de um artesão esculpindo uma escultura de uma mulher em uma pedra.
Diego Tisoc / Pexels / Canva

Assim, marfins com traços europeus não apenas atendiam ao desejo do colonizador, mas também operavam como ferramenta de negociação de sobrevivência por parte dos artistas. Ao mesmo tempo que representam apropriação cultural e submissão, também narram, silenciosamente, a habilidade africana de manipular símbolos e encontrar brechas de resistência dentro da dominação.

Castigos, silenciamento e saberes subversivos

Por trás desses objetos e desse comércio, está uma história muito maior de castração de vozes. Em diferentes partes do Brasil — especialmente durante o período escravocrata e mesmo depois —, estratégias de castigo e silenciamento foram empregadas para que negros e negras parassem de compartilhar sua cultura, suas crenças e saberes. Não é por acaso que muitos objetos feitos durante e após a escravidão incorporam traços de melancolia, ironia ou distanciamento. Em outros casos, manifestações artísticas e objetos eram condenados ou caricaturados como superstição para que fossem menosprezados ou temidos.

Pense, por exemplo, nos instrumentos musicais africanos, nas máscaras cerimoniais e mesmo nas comidas que chegaram ao Brasil: tudo aquilo que ativava orgulho, pertencimento ou que servia para compartilhar saberes era marcado, perseguido e, muitas vezes, criminalizado — como se quisessem sufocar e “calar” qualquer grandeza ou singularidade dessas culturas.

Fetiche e o mito do exótico

No foco da imagem, há uma escultura de elefante feita com marfim.
PhilipCacka / Getty Images Signature / Canva

A palavra “fetiche”, usada para classificar muitos desses objetos, revela bem o quanto os olhos ocidentais projetaram neles um misto de fascínio e medo. No fundo, há sempre um desejo de domesticar aquilo que escapa ao controle, atribuindo valor apenas quando serve ao gosto ou à curiosidade do outro. Por isso, tantos marfins e tecidos de ráfia passaram a ocupar lugar de destaque em coleções europeias, convertendo símbolos de autonomia e espiritualidade em peças de fetiche, envoltas em orgulho colonial e, também, em inveja velada da potência que esses objetos representavam para seus povos de origem.

O reflexo no autoconhecimento brasileiro

No Brasil, entendermos a história desses artefatos — desde os marfins com rostos estrangeiros até os batuques que ecoam nas comunidades de axé — é fundamental para um percurso real de autoconhecimento. Não existe identidade sem memória, e não existe memória sem enfrentamento honesto das violências que moldaram (e moldam) nosso olhar.

Esses objetos são portadores de mensagens subliminares sobre adaptação, resistência e negociação. Saber reconhecer, interrogar e valorizar a africanidade no nosso dia a dia é um antídoto para o silenciamento coletivo e um convite para que cada um de nós conte sua própria história, sem medo de ser grandioso — mesmo quando tentaram nos fazer calar ou nos convencer do contrário.

Sugestões para sua jornada de autoconhecimento

  • Investigue as origens dos objetos e costumes à sua volta.
  • Valorize a arte afro-brasileira presente em sua cidade.
  • Busque rodas de conversa sobre a verdadeira história da África no Brasil.
  • Questione todo discurso que minimize a importância da cultura negra.
  • Reflita sobre o que ainda não lhe foi contado — os silêncios também são parte da nossa história.

Para saber mais:

Mudimbe, V.Y. – “The Invention of Africa”
Appiah, Kwame Anthony – “Why Africa? Why Art?”
Rogério Brittes – Pesquisas sobre fetiche
Benedict Savoy – Estudos sobre devolução de arte africana

Sobre o autor

Bruna Mac The Wall

Graduada em Hotelaria e Turismo pela Anhembi Morumbi, especializada em Lazer e Bem- Estar, Pós Graduada em Naturopatia pela Humaniversidade, com cursos de extensão em Terapias Vibracionais Bioenergéticas EMF e Sound Healing.

O autoconhecimento pela troca de energia no trabalho com outro ser humano, de fato faz nossa sabedoria expandir, a medida que nos colocamos como observadores quânticos onde a resposta para tudo está em todas as coisas ao nosso redor.

A proposta de escrever e expandir é uma forma de tornar aspirações e experiências disponíveis a outros seres humanos que estão dispostos a compartilhar também a medida que estão abertos a novos insights e conhecimento, possibilitando essa troca.

Atuo com atendimentos individuais com massoterapia ( Shiatsu, Thai Massagem , Ayurvedica, Thiyur, Detox ) , acupuntura ( com e sem agulhas) , consultas Florais e Fitoterápicas, sessões individuais e coletivas de Sound Healing, Bioenergética, Yoga, Meditação, eventos de Bem - Estar em espaços e empresas, Retiros Detox Zen.

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