Espiritualidade Religiões

Espiritualidade e religião

Silhueta de mulher num campo com as mãos juntas.
Pop Nukoonrat / 123rf
Escrito por Vander Luiz Rocha

Encontramos por aí oportunistas que se autointitulam religiosos, explorando paixões, mantendo pessoas na ignorância, tirando-lhes a oportunidade de progresso e gerando seguidores que alardeiam inverdades, apenas para se nutrirem pela ganância financeira que tal procedimento lhes proporciona. Negociam a esperança, então tratada como mercadoria; navegam na sombra ao colocarem de lado a filosofia esclarecedora que eleva o espírito.

Essa postura é encontrada em todas as épocas. No início do século passado, para exemplo, tivemos os beatos.

Com essa exposição, pretendo mostrar que, com o rótulo do espiritual, a boa intenção é explorada objetivando o ganho, e é necessário nos acautelarmos contra isso.

As vítimas desses expedientes são também responsáveis, pois os que vão aos templos o fazem por egoísmo, colocando Deus a seu serviço, querendo d’Ele saúde, proteção, sucesso, dinheiro e mais coisas materiais; os espertos exploram exatamente isso e apresentam Deus como mercearia e a si como orientadores ou guias.

Havemos de nos ater ao serviço da iluminação interior por nosso próprio discernimento, não pelo que nos é oferecido.

A religiosidade se torna importante quando usada para encontrar o sentido da vida, o conforto e a força para prosseguir no caminho do esclarecimento, para darmos conta do desígnio a que nos propomos, ao aceitar virmos nos aperfeiçoar pela vivência terrena.

O que diferencia o comodismo religioso do espiritualismo é a abertura mental. Não é necessário se singularizar pelo comportamento ou pela aparência, a questão está em viver normalmente a vida participando dos eventos, torcendo pelo time favorito, amando. Este é o ponto: amar.

Pessoa branca sentada na escada segurando bíblia.
Priscilla Du Preez / Unsplash

Vemos pelas divulgações midiáticas a troca de valores ao dizer fazer amor em vez de dizer fazer sexo. O sexo é sublime quando for feito em complemento do amor entre duas pessoas e assim sendo não é transgressão a nenhuma lei e quando, pelo empenho, se perde a noção do tempo por se dedicar a alguém ou atividade, então se está fazendo amor.

O chamamento divino é pelo amor resultando na evolução de si próprio como divindade, já que espiritualmente somos a imagem e semelhança de Deus; por esse entender, estarão corretos aqueles que, no cotidiano, tiverem a ação consciente do bem tendo como guia a misericórdia, independente do que se crê ou no que se acredita.

É oportuno a esse tema revermos o diálogo entre o teólogo Leonardo Boff e o líder budista Dalai Lama:

“― Santidade, qual a melhor religião? – Perguntou Leonardo Boff.
― A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus, do Infinito. É aquela que te faz melhor – Respondeu-lhe o religioso.
― E o que me faz melhor? – Voltou a perguntar o teólogo.
― Aquilo que te faz mais compassivo. – Respondeu ele.”
E Leonardo Boff nos elucida dizendo que “Ser compassivo é aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável…Mais ético… A religião que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião…”

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Conclui-se, portanto, que independente do nome que a crença possa ter, alheios a locais, insubmissos a rituais ou cerimônias, a religiosidade é uma das maneiras de nos elevar a Deus transformando os de pedintes de bênçãos em indulgentes, conduzindo os devotos ao espiritual pelas ações do amor espontâneo para com tudo e para com todos.

Obrigado por me ouvir.

Sobre o autor

Vander Luiz Rocha

Vander Luiz Rocha, nascido na cidade de Conselheiro Lafaiete, no estado de Minas Gerais, Brasil, em 1939.

Criado dentro dos princípios da tradicional família mineira, teve no catolicismo a sua primeira religião.

Na adolescência, dos 7 aos 14 anos, fez, como interno, o Seminário Menor da Ordem dos Redentoristas, na época em Congonhas do Campo, MG. Naqueles momentos o cenário de vida foi o barroco e o fundo musical o canto gregoriano.

Deixando o seminário, tornou-se não religioso e se dedicou aos estudos e ao trabalho em Belo Horizonte. Inicialmente se formou em contabilidade e, posteriormente, graduou-se em administração, com o título de bacharel. A sua vida privada foi alimentada por essas profissões.

Em 1973, mudou-se com a família, esposa e três filhas para São Paulo, indo residir no ABC Paulista, em São Caetano do Sul, trabalhando em empresas da região, tendo se interessado pelo espiritismo e adotando-o em 1976 como escola de vida.

Após preparar-se em cursos feitos sob supervisão da Federação Espírita de São Paulo, SP, tornou-se servidor, no segmento palestrante, e expositor de cursos em casas de socorro espiritual, e com os socorridos muito aprendeu.

Nos dias atuais, continua a se dedicar à filosofia espiritualista, adaptando as palestras para textos escritos.

Possui várias obras editadas e ganhou prêmios literários.

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