Pegando carona na semana da música no mês de novembro, vou usar esse artigo para resumir uma palestra que tenho realizado com o tema: “Música, Corpo, Mente e Alma”.
Sempre tive uma fascinação e uma curiosidade sobre a enorme influência que a música tem em nossas vidas. De onde vem o poder que uma determinada música tem, instantaneamente, em nos remeter à momentos incríveis vividos no passado, ou então nos colocar na fossa ou elevar o nosso astral?
Tem músicas que, quando começam a tocar, já nos primeiros acordes, mexem com nossa emoção e fazem com que nosso corpo reaja conforme o ritmo.
Desde jovem já tive aulas de piano, violão, teclado e cheguei a participar, por pouco tempo e sem sucesso, de uma banda de baladas na adolescência. Mas foi aos 50 anos de idade, no auge da carreira executiva, que percebi que precisava de uma atividade musical para equilibrar os desafios de uma agenda insana de trabalho executivo, que poderia me levar a um descontrole emocional, físico e mental. Foi então que decidi voltar a estudar música num Conservatório Musical e escolhi o Saxofone como instrumento principal, me obrigando a tocar com partituras e assim exercitando outras partes do meu cérebro que estavam pouco utilizadas, o que me trouxe um ganho na qualidade de vida excepcional.
Mas foi após o início de uma nova fase na minha vida profissional, que alguns chamavam antigamente de aposentadoria, é que decidi investigar mais a fundo a causa da influência da música na nossa vida, quando decidi então fazer um curso de pós-graduação em Musicoterapia.
Na literatura especializada, encontra-se uma grande variedade de matérias sobre o assunto, indicando claramente que a música, ou efeitos sonoros, acompanham o ser humano desde o início de seu primitivismo, com os tambores que eram usados para comunicação e também em rituais de dança e cura. Fala-se que o Rei Saul, considerado o primeiro rei do antigo reino de Israel, cerca de 1.000 anos AC, já usada a música da harpa para curar suas dores de cabeça. Passando pela Grécia antiga, Roma, Renascença, Guerras Mundiais e chegando até os dias de hoje, a música é parte integral dos nossos momentos de vida, seja nas festas sociais, nas religiões, nos esportes, nos momentos de alegria ou tristeza, ela está sempre lá.
Através dos estudos avançados na área de Neurociência e dos equipamentos modernos tais como Tomografia Computadorizada, Eletroencefalograma, Ressonância Magnética, entre outros, pode-se comprovar cientificamente hoje os efeitos que a música tem em nosso cérebro, nos mostrando quais partes são afetadas emocionalmente quando ouvimos determinados tipos de música.
A própria Organização Mundial da Saúde já identificou que a Musicoterapia se vincula estreitamente com as ciências que estudam o ser humano em seus aspectos biopsicosocioespirituais.
A Musicoterapia é muito usada atualmente em Clínicas e Hospitais no alívio de diversas patologias, e tem efeitos cientificamente comprovados nos nossos corpos físico e mental, tais como alterações na temperatura corporal, nos níveis de endorfina, nos hormônios do estresse, no estímulo da atividade imunológica, na percepção do tempo, na memória e reforço de aprendizagem, na produtividade no trabalho, no rendimento muscular e diversos ritmos internos (respiração, batimento cardíaco e etc.)
Ela não tem o poder de curar as doenças, porém ameniza comportamentos agressivos, ajuda na recuperação da linguagem verbal, na coordenação motora, na integração social e etc.
Tudo isso sem falar nos efeitos que a música provoca em nossa alma. Independentemente de religião, qualquer um que acredite que temos uma alma ou um espírito que transcende nosso corpo físico, tem a certeza que somos afetados por efeitos musicais.
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Num de seus livros, Léon Denis cita a seguinte frase:
“O som, o ritmo e a harmonia são forças criadoras. Se pudéssemos calcular o poder das vibrações sonoras, avaliar sua ação sobre a matéria fluídica, chegaríamos a um dos segredos da energia espiritual. Quando a música é sustentada por nobres palavras, a harmonia musical pode elevar as almas até as regiões celestes. Porém, unida a palavras imorais, a música torna-se um instrumento de perversão que precipita a alma na baixa sensualidade e é uma das causas da corrupção dos costumes da nossa época”.
Simples assim, só depende de cada um de nós aprendermos a usar a música favoravelmente em nossas vidas, e, aproveitando a oportunidade, parabéns aos músicos.