Comportamento

Não caia na positividade tóxica

Jovem branca balançando lenço colorido.
kegfire / 123rf
Escrito por Joyce Muzy

Ao escrever esse artigo, eu não sei quem é você que estará aí do outro lado, quais são as suas dores e as suas angústias e quais foram as suas perdas nesses tempos de pandemia.

Seja como for, eu lhe digo que sinto muito.

Emoções positivas x negativas

As emoções não são positivas ou negativas, mas sinais que indicam o que está acontecendo no nosso mundo interno, tanto para nós mesmos como para quem se relaciona conosco.

Negativas e positivas são formas de classificação para nos auxiliar. Portanto, de forma bem resumida, as emoções positivas são aquelas que favorecem o nosso bem-estar e as negativas são as que nos causam desconforto e/ou dor emocional.

Cada emoção tem a sua função. A raiva nos move, por exemplo, impulsionando-nos para a ação; a tristeza pode nos levar ao recolhimento e a introspecção e o medo nos protegem. Elas se tornam um “problema” quando se tornam extremas e persistentes, interferindo em nossas relações e na vida diária.

Como é difícil, para a maioria de nós, lidar com sentimentos que nos causam dor e incertezas, tanto os nossos como os de outras pessoas.

Como forma de buscar uma saída para essa situação, pode-se, muitas vezes, recorrer à busca do lado positivo da situação.

Qual o problema com a visão positiva da vida?

Não há problemas em se ter uma visão positiva, em ser otimista ou em cultivar emoções positivas.

O otimismo é saudável quando reconhecemos as emoções dentro de nós. Quando as negativas surgirem, devem ser acolhidas, aceitas e lidadas da melhor maneira possível, sem reprimi-las, simplesmente.

Focar os aspectos positivos de uma situação pode ser terapêutico. O problema passa a existir no excesso e na permanência dessa visão positiva, fazendo com que se negue emoções desconfortáveis, gerando uma pressão sobre si mesmo e sobre o outro.

Silhueta de mulher num campo.
Jackson David / Unsplash

Quando isso acontece, entramos no campo da tão falada positividade tóxica.

Na positividade tóxica, existe uma pressão para não sentirmos emoções negativas, focando apenas as positivas, escondendo de nós mesmos e dos outros como realmente estamos por dentro.

Essa postura de positividade extrema é tóxica quando está voltada para as próprias emoções e quando se posiciona em relação ao fato de como as outras pessoas se sentem.

Isso faz com que nos sintamos mal, envergonhados ou mesmo impotentes por nos sentir dessa forma.

Busca-se, de maneira constante, fugir ou inibir as emoções desconfortáveis, o que pode causar o sofrimento emocional.

As emoções negativas não vão “sumir” com um passe de mágica apenas por pensarmos positivamente. Elas continuam lá dentro de você e podem vir à tona de maneiras desarmônicas, buscando que você as reconheça.

Como lidar com as emoções negativas?

Para lidar com essas emoções, é preciso, primeiramente, reconhecê-las e aceitá-las.

Permita-se sentir. Não sufoque ou fuja das suas emoções.

Somos humanos, nem todo dia está tudo bem.

É importante salientar que, ainda que seja necessário validar essas emoções, não se prenda a elas, tornando-as referência da sua vida e indo, dessa forma, para o outro extremo.

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Em relação às emoções negativas de outras pessoas, uma boa forma de ajudar é aceitar, acolher e, principalmente, ouvir. Muitas vezes, as pessoas só precisam compartilhar como se sentem, sem se sentirem julgadas ou diminuídas.

E, para finalizar, quero dizer a você o seguinte: seja lá o que for que esteja acontecendo, você não precisa passar por isso sozinho. Busque a ajuda de um profissional da saúde mental, como psicólogo ou psiquiatra.

Sobre o autor

Joyce Muzy

Joyce Rojais Fernandes de Melo Muzy (CRP 06/73289) é psicóloga, com pós-graduação em saúde mental e em socioeducação.
Acredita que cada um de nós é um SER único e especial, com um papel importante a ser desempenhado nessa aventura incrível que é a VIDA.
Aprimoramento em psicologia transpessoal, arteterapia e é facilitadora licenciada em educação emocional positiva.
Tem formações em depressão e ansiedade, pautadas na terapia cognitiva comportamental.
É consteladora familiar e tem formação em diversas técnicas integrativas.
Livros em coautoria: "Mulher de Corpo e Alma", "Conectando Pais e Filhos", "8 passos para a Saúde da Mulher" e "Diário da Alma Feminina".

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