Saúde Mental

O aumento de distúrbios e fobias pós-pandemia

Uma mulher sentada no chão, e apresentando um semblante de tristeza.
bialasiewicz / 123RF
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Em março de 2020, o mundo se viu diante de uma realidade que ninguém tinha presenciado em pleno século 21: uma pandemia de nível mundial, com um potencial letal altíssimo e uma rapidez assustadora na transmissão.

O planeta praticamente parou diante de um vírus de dinâmica desconhecida na contemporaneidade. Conhecemos uma nova e devastadora doença: a Covid-19. O contágio começou a se acelerar, o número de infectados crescia exponencialmente e os óbitos começavam a acontecer, um após o outro e após outro… até chegarem a níveis alarmantes.

Esse foi o retrato que o coronavírus desenhou em todos os países mundo afora. Diante do desconhecido, a única reação que o ser humano conseguiu ter foi medo. Medo de se infectar, medo de ser internado e intubado. Medo de morrer, medo de perder um familiar, um amigo.

Um idoso trajando uma máscara no seu rosto e olhando através de uma janela.
Creativa Images / Canva

A quarentena também trouxe uma sensação de impotência: teríamos que ficar praticamente isolados para não sermos vencidos pelo vírus. Até quando? O que os governos estavam fazendo para resolver? O que a população poderia fazer? Quanto tempo duraria esse infortúnio?

Eram perguntas que não traziam respostas, muito menos certezas. O que tínhamos eram as imagens de hospitais e cemitérios lotados, notícias de amigos ou conhecidos sendo acometidos pela doença. Aqueles que conseguiam sair dela diziam o quanto tinham sofrido, que tinha sido a pior doença pela qual passaram em suas vidas… Aliás, esses, muitas vezes, temeram por suas vidas.

A pandemia e os aspectos emocionais

Em meio a tanto temor, incertezas e isolamento social — que não só trazia a distância dos nossos amigos e entes queridos, como também a falta de segurança quanto ao emprego e às questões financeiras.

Tudo isso mexeu — e muito — com o estado psicológico de muitas pessoas. Os ditos males do século — depressão, ansiedade e síndrome do pânico — ganharam proporções estratosféricas desde que a pandemia se instaurou.

O que já era ruim piorou

Só no Brasil, 53% das pessoas tiveram uma piora na saúde mental. Foi o que revelou uma pesquisa do Instituto Ipsos, encomendada pelo Fórum Econômico Mundial. Já em outro estudo, publicado pela Fiocruz em julho de 2020, 40,4% dos brasileiros adultos relataram “sentimentos frequentes de tristeza e depressão”; 52,6% da população admitiu que se sentia mais nervoso ou ansioso. No mesmo estudo, 43,5% dos entrevistados demonstraram o surgimento de problemas para dormir. 48% relataram uma piora dos problemas com sono que já existiam antes.

Uma mulher solitária apresentando um semblante de preocupação.
FatCamera de Getty Images Signature / Canva

De fato, fomos tomados pelo medo de perder alguém próximo ou de ficar doentes ou incapacitados pelas sequelas do vírus, e até mesmo tememos perder o emprego e não ter uma fonte de renda para o sustento.

Em outubro de 2020, o evento “Depressão, saúde mental e pandemia”, realizado pelo Instituto do Legislativo Paulista da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ILP-Alesp) e pela FAPESP, trouxe números sombrios: 34% dos fumantes admitiram aumento da quantidade de cigarros consumidos por dia, contra uma queda significativa na prática de atividade física semanal: de 30,4% para 12,6%. O exercício físico é um atenuante de transtornos mentais.

O consumo de TV e outras telas também teve mudanças: aumento médio diário de 1 hora e 45 minutos para a primeira e aumento de 1 hora e 30 minutos para celulares e tablets. É mais do que sabido que o acesso a telas também pode ajudar no aumento de quadros de ansiedade e outros transtornos psíquicos. É uma bola de neve ladeira abaixo.

O que esperar do pós-pandemia

Se formos continuar pesquisando, encontraremos centenas de pesquisas e estudos que corroboram o agravamento das doenças psíquicas graças a quase dois anos de pandemia pelo mundo.

Hoje já temos a ação das vacinas, um quadro diferente daquele que vimos em 2020, porém não podemos dizer que é absolutamente o fim. Resta a esperança, que hoje em dia reside justamente nas doses vacinais e no uso da máscara. Mas o longo período de mortes, perdas e reveses certamente está deixando um passivo emocional na humanidade.

A pandemia pode acabar em breve — tomara que seja em breve mesmo —, mas ainda teremos que lidar com as questões emocionais represadas e o “legado” de uma série de perdas em nossas vidas. O luto, a impossibilidade de se despedir dos parentes — quando, na época, não era possível nem chegar perto dos nossos mortos — ainda residirão em nossas emoções por um bom tempo.

E como lidar com isso

Não existe uma fórmula para lidar com tantas emoções negativas se atropelando e nos atropelando também. Quanto ao luto, por exemplo, cada pessoa tem sua forma de elaborar e lidar com ele.

Um homem de máscara.
Engin Akyurt de Pexels / Canva

O sofrimento e o medo vieram se acumulando ao longo dos anos, então poderemos demorar um pouco para digerir o fim da pandemia, para entender que já passou e que não estamos mais em perigo.

Mas, inevitavelmente, estaremos com um sinal de alerta aceso: se formos pegos de surpresa por uma virose letal, quem garante que não haja outras por aí esperando a oportunidade para se esparralharem novamente pelo planeta?

Além dos nossos medos reais, a pandemia também trouxe os medos imaginários — porém possíveis — e uma dor de longo prazo que vai precisar ser trabalhada com ajuda profissional adequada.

Se você está passando por momentos de ansiedade e acredita que possa estar acometido por algum distúrbio, como depressão, agorafobia, transtorno do pânico ou qualquer outro problema psíquico, procure o auxílio de um psicólogo e/ou psiquiatra. Somente o profissional poderá diagnosticar a doença e apresentar o melhor tratamento para trazer uma cura para aquelas doenças que podem ser curadas ou tratar adequadamente aquelas que não podem.

Esperança sempre

Mas uma coisa é certa: a humanidade é feita de esperança. E já podemos ver uma luz no fim do túnel, graças aos esforços da ciência e dos profissionais de saúde, que trabalharam — e ainda trabalham — incansavelmente para salvar nossas vidas de todos os modos: cuidando dos pacientes, buscando soluções medicamentosas e desenvolvendo vacinas.

E nós, fazendo a nossa parte — hoje, por exemplo, com os protocolos de segurança e higiene —, conseguiremos vencer mais essa adversidade. Olhe para trás, olhe para a História. Vencemos pandemias, epidemias… estamos aqui!

Você também pode gostar

Sabemos que muitas perdas aconteceram e que a nossa dor precisa ser ouvida e ter seu tempo respeitado. Mas não podemos jamais perder a esperança de dias melhores. Vemos você logo, logo no pós-pandemia, no novo normal… até que tudo se torne simplesmente vida novamente.

Sobre o autor

Eu Sem Fronteiras

O Eu Sem Fronteiras conta com uma equipe de jornalistas e profissionais de comunicação empenhados em trazer sempre informações atualizadas. Aqui você não encontrará textos copiados de outros sites. Nossa proposta é a de propagar o bem sempre, respeitando os direitos alheios.

"O que a gente não quer para nós, não desejamos aos outros"

Sejam Bem-vindos!

Torne-se também um colunista. Envie um e-mail para colunistas@eusemfronteiras.com.br