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Os perigos da cesariana desnecessária

Barriga de uma mulher grávida
freestocks.org / Pexels
Escrito por Eu Sem Fronteiras

O nascimento de um bebê é um dos momentos mais marcantes na vida de uma mulher que aguardou pela chegada de um filho. As emoções ficam à flor da pele, o medo e a insegurança se manifestam e o desejo de que tudo dê certo é maior do que tudo.

Com o auxílio de profissionais competentes, o parto pode ocorrer de forma segura e tranquila, prezando pela boa saúde da mãe e da criança. Não existe uma só maneira de realizar esse processo, mas em todas essas possibilidades devem ser seguidas recomendações de higiene e de segurança.

Infelizmente, não são todas as mães que possuem todo o conhecimento disponível sobre a hora do parto. Sem acesso à internet, sem o acompanhamento de profissionais qualificados e com outras preocupações em mente, muitas mulheres se tornam reféns da indústria hospitalar.

Uma das consequências disso é a realização do parto cesáreo mesmo quando ele não é o mais indicado para um nascimento. Nesse caso, os riscos que ele oferece superam quaisquer benefícios que a mãe e o bebê poderiam obter com a cirurgia. Para desvendar o que está por trás disso e quais são os detalhes desse problema, continue lendo!

Como funciona a cesariana?

Realizada pela primeira vez na Suíça, em 1500, por um castrador de porcos, a cesariana tinha como objetivo encerrar o sofrimento de uma mãe em trabalho de parto. Na época, o homem simplesmente cortou a barriga da mulher, mas desde então o processo passou por uma série de melhorias, tornando-o mais seguro e indolor.

Instrumentos cirúrgicos
Cedric Fauntleroy / Pexels

Assim, o parto cesáreo caracteriza-se por uma cirurgia nas paredes abdominal e uterina, para remover o feto do útero materno. O procedimento é realizado com anestesia e faz com que o bebê venha ao mundo a partir da barriga da mãe, e não a partir do canal vaginal, como é o caminho natural.

Em casos específicos, a cesariana é a melhor opção para a mãe e para o bebê. Embora cada situação deva ser analisada por um profissional, há algumas condições que levam à indicação da cesárea.

Quando o parto cesáreo é indicado?

A seguir, você encontrará algumas das situações em que o parto cesáreo é indicado para uma mulher. Destacamos que cada caso deve ser analisado por profissionais e que o acompanhamento pré-natal é essencial para isso.

1) Placenta sobre o colo do útero

Se a placenta estiver posicionada sobre o colo do útero, bloqueando a passagem do bebê para o canal vaginal, o risco de hemorragias com o parto normal é muito alto.

2) Infecções que podem ser transmitidas ao bebê

Caso a mãe do bebê tenha sido diagnosticada com alguma doença altamente transmissível, como HIV com alta carga viral ou herpes genital ativo, somente o parto cesáreo impedirá o contágio da criança.

Criança nascendo por meio de uma cesariana
Jonathan Borba / Pexels

3) Cirurgia prévia no útero

Se a mulher que vai parir já tiver realizado cirurgias no útero, talvez ela precise realizar um parto cesáreo em vez de um parto normal, para evitar problemas. Isso, no entanto, não é uma regra.

4) Diminuição do batimento cardíaco do feto no trabalho de parto

Caso os batimentos cardíacos do feto estejam diminuindo exatamente antes de ele nascer, pode ser necessário realizar um parto cesáreo, para que o trabalho de parto encerre e seja possível atender a criança.

Perigos da cesariana desnecessária

Como observamos, a cesariana não é um parto que deve ser realizado normalmente, visto que é preciso que haja alguma condição médica que o torne a única possibilidade para o nascimento. Isso porque o parto cesáreo é uma cirurgia que, como qualquer outra, oferece uma série de riscos. Entenda quais são eles:

1) Risco de morte materna

De acordo com dados divulgados pelo Projeto Parto Adequado, em 2015, o risco de morte materna aumenta em três vezes com o parto cesáreo não indicado em relação ao parto normal.

2) Problemas respiratórios para o bebê

Ainda segundo informações transmitidas pelo Projeto Parto Adequado, em 2015, o risco de o bebê apresentar problemas respiratórios com o parto cesáreo não indicado é 120 vezes maior do que com o parto normal.

Macaco de pelúcia com uma inalador
Meine Reise geht hier leider zu Ende. Märchen beginnen mit / Pixabay

3) Risco de hemorragias e de infecções

Por ser um procedimento cirúrgico, o parto cesáreo pode causar o desenvolvimento de infecções e provocar hemorragias. Nesses dois casos, a saúde da mãe estaria seriamente em perigo.

Mesmo quando a cesariana é necessária, ela ainda pode apresentar algumas consequências negativas para o corpo materno, como demora na cicatrização do corte da cirurgia, dor na região abdominal por dias após o parto e dificuldade para iniciar a produção de leite.

A epidemia da cesariana

Considerando que o parto cesáreo apresenta muitos riscos para as mães e para os bebês, a Organização Mundial da Saúde (OMS) define que as cesáreas devem representar no máximo 15% dos nascimentos.

Dados do Ministério da Saúde de 2016, entretanto, mostram que, no Brasil, 84% dos partos realizados em rede particular foram cesáreos. Na rede pública, eles representaram 40% dos nascimentos.

Uma das explicações para esse fenômeno é que o parto normal pode ser dolorido para as brasileiras. Isso porque, no país, esse procedimento é realizado da forma menos indicada, com a mulher deitada (recomenda-se que ela esteja em pé ou agachada) e sem uma equipe que não seja centrada no médico.

Ambiente hospitalar
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Esse, porém, não é o único motivo que justifica a epidemia da cesariana no Brasil. Como essa cirurgia é mais rápida do que o parto normal, podendo até mesmo ser agendada, é um procedimento mais vantajoso para a indústria hospitalar.

Afinal, se o parto for programado e puder ocorrer rapidamente, nenhum profissional da saúde será acionado com urgência ou precisará acompanhar o trabalho de parto por horas e, consequentemente, os ambientes do hospital serão liberados para mais pacientes.

O momento do nascimento de uma criança, o qual deveria ser de acolhimento para ela e para a mãe e com conforto e cuidado, torna-se, portanto, um processo automatizado, nada individualizado.

Em vez de as necessidades e as demandas de cada mãe serem fundamentais, a indústria hospitalar faz com que a maioria dos partos ocorra da mesma forma por uma questão de praticidade e para obter benefícios econômicos.

Nesse sentido, o qual desconsidera a natureza humana e o que é mais seguro e natural para mãe e bebê, a cesárea é o melhor caminho sempre. Será, porém, que essa realidade é imutável ou podemos lutar pela naturalização do parto normal, que está sendo deixado de lado, principalmente, por interesses financeiros?

Outras informações importantes sobre a cesárea

A cesariana é uma cirurgia que apresenta uma série de riscos, como foi apontado, incluindo a morte materna e só pode ser realizada em casos específicos. Ainda que tenhamos indicado alguns deles, somente um profissional da saúde pode analisar cada situação. Por isso é importante realizar o acompanhamento médico durante toda a gestação. Além disso, vale ressaltar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o tempo entre um parto e outro seja de no mínimo 24 meses, independentemente de ser normal ou cesáreo. Logo, reconheça a necessidade do seu corpo de se reconstruir e de se fortalecer antes de engravidar novamente.

Sala de cirurgia com duas enfermeiras
Vidal Balielo Jr. / Pexels

O parto ideal para você

Se você está grávida ou conhece alguém que está, já deve ter investigado sobre os tipos de parto. Na internet, em conversas com outras mães ou até por uma experiência anterior, talvez você já tenha definido até qual parto quer ter.

Muitas mulheres sentem medo do parto normal porque não querem sentir dor ou porque acreditam que não são capazes de realizá-lo. Por isso algumas delas podem decidir que farão cesariana, mesmo que não haja qualquer recomendação médica para esse procedimento.

Portanto, precisamos reforçar que a cesariana apresenta riscos sérios para a mãe e para o bebê e que ela sempre deve ser condicionada a um quadro de saúde específico. Ou seja, o parto cesáreo não deve ser escolhido. Na verdade, ele só deve ser realizado quando for o único meio de proporcionar um nascimento seguro.

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Por outro lado, o parto normal é o meio natural e seguro de dar à luz. Quando realizado de forma humanizada, por uma equipe que oferece apoio e instruções à mãe, pode ser indolor e com uma rápida recuperação. Entretanto, os procedimentos ideais para esse tipo de parto ainda não são uma realidade em todo o Brasil.

Sendo assim, durante o pré-natal, procure por uma instituição que realizará o parto ideal para você, levando em conta as suas condições de saúde e criando uma rede de apoio essencial para esse momento. Lembre-se de procurar por profissionais de confiança e que vão acompanhá-la em todo o processo.

A partir das informações apresentadas, é possível compreender que a cesariana só pode ser realizada quando houver necessidade disso. Do contrário, os riscos que o procedimento oferece podem comprometer a saúde e a qualidade de vida da mãe e do bebê, inclusive a longo prazo. Caso você precise fazer o parto cesáreo, certifique-se de que essa decisão foi tomada pensando no que é melhor para o seu corpo e para o corpo do seu filho!

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