Autoconhecimento Convivendo

PIEGAS, GRAÇAS A DEUS!

reflexões
Escrito por Benedito Milioni

Deixe-me, mundo moderno ou quem nele mande, que eu continue a ser piegas! Imploro que não seja condenado ao embrutecimento e muito menos ao entorpecimento dos meus sentimentos, porque são tudo que tenho de bom, que dispensa um dinheiro que não tenho para que seja comprado e que possa até ser mais feliz como quem tem muito dinheiro e compra tudo!

Ando meio cansado da luta entre represar a emoção e ter que representar farsa de mostrar cara de forte. Não tenho cara de forte, tenho cara mesmo é de quem teima em seguir adiante, choramingando hora da topada bem na renitente unha dolorida dos tempos de futebol em ruas de paralelepípedos. 

E por de forte não ter nadica, opto por deixar que irrompam as águas há muito guardadas nos cantos dos olhos e que me lavem a alma da poeira rascante que vem junto dos olhares para o que se diz ser a realidade da vida. E, não sendo forte, eis que me permito ser piegas!

Aprecio as delicadezas, assim como vejo arte e labores complexos em coisas simples como um gentil e-mail de uma editora a me acenar com a beleza de estar quieto em um canto, junto de seres doces e suaves, até dispensando, vejam que desprendimento, uma honesta cervejinha como companhia! Por inesperado e certamente imerecedor, esse e-mail me chegou e tomou-me em sabores ditos piegas: comoveu-me e encheu-me o amanhecido peito com os ares da manhã primeira pós horário de verão!

reflexões

Quero continuar a ser piegas, ainda que volta e meia seja quase perfurado pelos olhares de censura de um outro membro do esquadrão dos fortes e insensíveis. Quero continuar envolvido por minha alma piegas, que me leva a quase entrar em órbita de estrela a zilhões de anos-luz de distância, apenas porque me chegou discreto e quase silencioso manifestar de saudades da parte de ser tão amado que chega a ser quase alado! 

É bom ser piegas, acredite o(a) paciente leitor(a) dessas linhas prenhes em pieguices e que se compadeça de mim, caso me veja como perdido e desconectado dos tempos que seguem: não tive competência para me deixar embrutecer e me assumo, feliz como passarinho tomando banho em uma pocinha de ida e refrescante chuva de meio de tarde. Vendo-o, eu o tomo como um pequeno anjo humanizador.

É humanizador, se não estiver derivando para sentimentos de autopiedade, entender que ser piegas significa balbuciar levezas ao invés de poluir o mundo com impropérios e raivas. E a humanização nada mais é que nos trazer de volta a pureza dos anos em que escrevíamos que a pessoa que nasce no Brasil é “brasioleiro” e poder perguntar ao pai porque que tartaruga não tem bunda! 

Quero seguir piegas, submetendo o troglodita que ainda me habita cantos dos espaços ainda não purificados da alma. Não dou mais importância para os olhares e as censuras dos que não me perdoam a pieguice e os deixo ao largo dos meus caminhares, porque preciso de pieguice para, em uma dada manhã da rua Alexandre Dumas, no bairro da Granja Julieta, bonito espaço residencial-comercial dessa São Paulo onde habito, deparar com uma cena para lá de comovente, coisa que só um olhar piegas é capaz de captar. Explico, não sem antes engolir um nozinho salgado na garganta, que vem junto com a lembrança: uma mulher supergrávida, linda, andando no sentido contrário ao meu, com aquele andar parecido com a de graciosa nau a dançar com as águas de oceano de águas virgens, a mão direita espalmada sobre o ventre, quase encostando naquela região em que termina a curva superior daquela casinha de milagres e um brilho nos olhos que deve ser igual ao acendedor dos sóis pelo universo afora! Desci da calçada, estreita demais, cedi o espaço para a passagem tranquila e segura daquele ser maravilhoso e lhe disse: “A senhora está linda!”, ao que ela me respondeu: “Obrigada, que Deus NOS abençoe!”. Preste muita atenção no pronome na primeira pessoa do plural!

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Naquele momento, a minha pieguice instalou-se de vez em todos os espaços em que guardo as poucas virtudes de que sou portador, sob a minha jura de me manter piegas… Graças a Deus! 

Sobre o autor

Benedito Milioni

Graduado em Sociologia e Administração, 46 anos de carreira executiva e técnica em Desenvolvimento de Pessoas, autor de 32 livros, autor de 5 e-books, co-autor de 15 livros e autor de 25 manuais técnicos.

Dirigiu treinamento para mais de 3.349 grupos (cerca de 81.000 treinandos), dos quais 36.760 da área de RH, cerca de 24.736 Gestores e Líderes, 18.610 na área Comercial e 3.318 em Competências de Negociações . Formou cerca de 2.450 Instrutores e Multiplicadores Internos e 610 Consultores Internos Participa, regularmente, como conferencista sobre Tecnologia de Gestão em T&D em eventos nacionais e internacionais.

Apresentou mais de 2.104 conferências e palestras para mais de 200.000 pessoas. Prestou serviços a mais de 440 empresas, no Brasil e no exterior (América Latina, América Central, África e Europa). Júri de prêmios de Excelência na Gestão de Pessoas.

Publisher da GESTÃO DE PESSOAS EM REVISTA.

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