Somos seres relacionais, vivemos uma vida baseada em relacionamentos, sejam eles de que nível forem — familiar, profissional, afetivo.
Os relacionamentos têm uma função: são instrumentos, ferramentas, oportunidades para que possamos desenvolver virtudes, para que o melhor de nós possa surgir, para que possibilidades de autoconhecimento se apresentem. São grandes escolas, proporcionando grandes aprendizados.
Mas, quando se pensa em relações, de um modo geral, o que primeiro vem a nossa mente? O outro.
Me relacionei, me relaciono, vou me relacionar com quem? Essas perguntas direcionam o nosso olhar para fora de nós.
Entretanto, não podemos pensar na relação com o outro antes de olharmos para a relação que temos conosco. E, diga-se de passagem, essa é a mais importante e sagrada que existe. A partir dessa relação, a qualidade da relação com o outro será determinada.
“Quando você olha para mim, não vê nada além de si mesmo.”
Nesse sentido, as relações são como espelhos refletindo a nós mesmos, o que está no nosso interior. Então, a partir do outro, nos vemos.
E se os relacionamentos espelham, através do outro, o que está dentro de nós… o que está dentro, afinal?
Para ficar mais fácil, compartilho agora algumas frases que escuto muito, principalmente nos atendimentos que faço.
“Quero alguém que me valorize e me reconheça”.
Primeira pergunta: você faz isso por você? Você confia no seu taco, assina embaixo das suas escolhas e decisões, assumindo as consequências por elas, porque acredita na sua capacidade e força para lidar com qualquer situação que se apresente na sua vida?
É você que se dá o seu valor ou fica esperando pela valorização que vem do outro?
“Quero alguém disponível emocionalmente para mim”.
Puxe para você o questionamento e se pergunte: eu estou disponível emocionalmente para mim? Eu presto atenção aos meus pensamentos, emoções, sentimentos, percebo o meu corpo físico, suas reações e necessidades ou ignoro meus limites tanto emocionais quanto físicos e passo por cima de mim que nem um trator?
Outra:
“Quero alguém que me dê o que eu mereço!”
(Essa é uma das campeãs das afirmações!)
Eu te pergunto: você se dá o que você merece? Você é capaz de ser justo e generoso com você? Você se acolhe, se perdoa, se cuida ou fica arrastando por sua vida afora o que já não te serve mais, sejam padrões de comportamento, crenças, situações ou pessoas, com medo de não ter nada melhor pela frente?
Mais uma:
“Quero alguém que me aceite e me ame do jeitinho que eu sou… É só isso que eu quero.”
Ok.
Todas essas afirmações valem uma reflexão.
O que queremos do outro devemos, em primeiro lugar, ser capazes de fazer por nós.
Torço para que a maioria das respostas seja afirmativa. Porque, se for, você já deu um grande passo em direção a você mesmo, que é por onde tudo começa. Mas, se ainda não, toda grande jornada começa pelo primeiro passo.
Simplesmente comece de onde você está.
Porque, sem dúvida alguma, a beleza do que refletirmos para nós mesmos é a beleza que o outro vai poder enxergar.
Aho Mitakuye Oyasin!
(Gratidão por todas as minhas relações)