Autoconhecimento Psicanálise

Será que eu me aceito como sou?

Smiling beautiful young woman looking at herself in the bathroom mirror at home
Escrito por Ana Racy

Há algum tempo venho prestando atenção na forma como as pessoas se comportam em relação a elas mesmas. Percebo que existe uma preocupação muito grande em mostrar aos outros algo diferente daquilo que realmente são.

Muitos são os motivos que levam uma pessoa a agir ou se “caracterizar” como alguém a quem admiram. Uma das razões que eu gostaria de abordar está ligada à necessidade de aceitação que temos, a enorme necessidade de agradar a tudo e a todos. A pergunta que fica é: será possível agradar a todos ou será isso uma grande ilusão? E mais cedo ou mais tarde acabamos nos frustrando com a descoberta da realidade.

A não conformidade com aquilo que somos e com aquilo que temos faz com que usemos máscaras que nos representem em diferentes situações e, de acordo com as máscaras usadas, esperamos receber o reconhecimento que preencherá as nossas expectativas. Toda vez que agimos como os outros esperam, contrariando a nossa essência, estamos atrasando a nossa própria evolução.

É importante compreender que as  máscaras são necessárias em nossas vidas, pois os diferentes ambientes que frequentamos, pedem um comportamento coerente com a situação. Por exemplo: ambiente de trabalho, religioso, familiar, afetivo, entre outros.

No entanto, o que pode causar conflito não é essa adequação, mas o fato de usarmos as máscaras para sermos vistos como pessoas perfeitas, adequadas, bacanas, inteligentes, assim receberemos muitos aplausos e teremos um nível alto de aceitação.

A idealização, que é ilusória e irreal, pode trazer um grande sofrimento, pois criamos expectativas de que o outro nos fará feliz, nos dará segurança, nos elogiará e suprirá as carências que, muitas vezes, nem pensamos ter.

São desejos expressos do inconsciente. Enquanto vivemos na espera de que todos esses desejos se realizem, não percebemos a vida real passar. E quando nos damos conta disso, chega a decepção para nos assombrar. Mas por que queremos ser ou parecer ser aquilo que não somos?

Porque dessa maneira estamos realizando aquilo que o nosso inconsciente deseja, apenas não sabemos disso.

Segundo Carl G. Jung: “Até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir sua vida, e você irá chama-lo de destino”. Por isso, quanto mais conhecermos a nós mesmos e entendermos qual o nosso propósito na vida, menos necessitaremos de máscaras que escondam a nossa essência para mostrar quem não somos para agradar a quem quer que seja!

Gostaria de encerrar com uma frase de La Rochefoucauld, príncipe de Marillac – Paris – século XVII, no livro La Fontaine e o Comportamento Humano:

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“Tão acostumados estamos a nos disfarçar para os outros que acabamos nos disfarçando para nós mesmos”.

Que essa frase sirva de inspiração para o conhecimento de nós mesmos, para aquela viagem interna que nos propusemos a fazer no primeiro artigo, “Psicologia do Relacionamento Humano”. Autoconhecimento sempre vale a pena!

Sobre o autor

Ana Racy

Psicanalista Clínica com especialização em Programação Neurolinguística, Métodos de Acesso Direto ao Inconsciente, Microexpressões faciais, Leitura Corporal e Detecção de Mentira. Tem mais de 30 anos de experiência acadêmica e coordenação em escolas de línguas e alunos particulares. Professora do curso “Psicologia do Relacionamento Humano” e participou do Seminário “O Amor é Contagioso” com Dr. Patch Adams.

E-mail: anatracy@terra.com.br