Autoconhecimento Psicoterapia

Seu proposito é sua natureza

Homem caminhando em estrada com mala de costas
Escrito por Andrews Amoramar

A criança que habita em mim saúda a criança que habita em você.

Deus quando era criança brincava de burquinha, lançando aquelas pequenas esferas brilhantes umas contra as outras, movendo aquelas pequenas esferas de um lado a outro. Hoje ele crescido move as orbes planetárias e as grandes estrelas pelos vastos sistemas deste grandioso Universo.

Nas brincadeiras e prazeres de quando se é criança reside muitas vezes o próprio sentido da vida. O sentido da vida de quem a vive. O tal do propósito.

Quando criança eu tentava desenhar tudo o que via no meu quintal, colocando em um caderninho surrado imagens rabiscadas de pequenos seres que encontrava. Hoje registro as diferentes personalidades com as lentes de minha câmera fotográfica.

Faço uso dessa breve introdução para adentrar em assunto bastante delicado e de interesse de muitos. Nosso propósito de vida.

O sentido de qualquer substantivo é o verbo, poderíamos assim resumir. Verbo é ação, sendo que a única ação (verbo) relativo à vida é viver. O verbo sagrado é “viver”. Aí reside o sentido da vida. Simples assim, como uma brincadeira de criança.

Mulher de braços abertos em ponte com montanhas e céu azul ao fundo

Assim deixemos de lado toda a complicação de debates e mais debates acerca do que a vida nos pede. A resposta é e sempre foi simples. Viva.

“Ok, mas eu vivo”! – você deve estar dizendo.

Talvez no sentido puramente biológico você realmente viva. Mas puramente biológico. Sim, você respira, come, dorme, se reproduz, morre como qualquer animal. Isso para um animal talvez bastasse, mas nem eles mesmos se conformam apenas com isso. Cada animal segue seu extinto e seu papel no ambiente em que nasce e cresce, em que vive. Um pássaro voa, canta, semeia. Um cavalo corre, serve de montaria ao cavaleiro, embeleza os montes. Abelhas voam polinizando e mantendo a primavera. Urubus e abutres limpam os corpos mortos dos que já se foram. Cada pequeno ser tem seu papel na natureza em harmonia com todo o ambiente.

Folha com gostas de chuva escorrendo

Assim eles vivem

Um ser humano nasce, cresce, estuda, trabalha e morre. Faz outras coisas nesse meio-tempo, mas no geral sua energia de vida é gasta apenas no descrito acima. A maioria de nós estuda e trabalha pensando em ter uma vida melhor para si, e nesse processo esquece o que é de fato o significado de viver. Esquece que o que importa na vida é viver, e ignora por total que para viver é necessário ter seu papel no todo.

E que papel seria esse?

Sua profissão? Uma renda alta? Comprar o que precisa e/ou deseja?

Isso tudo pode sim ter seu papel de importância na sociedade. Mas e no Todo? O que você faz auxilia na harmonização do ambiente?

Uma abelha nasceu para voar de flor em flor, colhendo o pólen, ela o faz com maestria e foco total. Jamais passa por sua pequena cabeça fazer outra atividade, ela não pensa “estou aqui colhendo pólen, eu amo isso, mas e se eu tentasse voar alto como uma águia e caçar alguns roedores? Isso parece tão mais promissor”. Uma abelha faz o que é feita para fazer e o faz com maestria sem jamais se desviar dessa tarefa. Esse é o segredo.

Abelha em flor

Um homem, uma mulher seguem no geral tarefas impostas e se obrigam a seguir por caminhos que na maioria absoluta das vezes vão contra a sua real natureza.

Se todo animal vive em plenitude por seguir sua real natureza, como faríamos nós para seguirmos nossa própria natureza? Que natureza seria essa? Como saber?

A real natureza humana

Como ser humano você e eu nos diferimos de qualquer animal por um único atributo, a autoconsciência. E como um ser consciente de si mesmo você se torna um indivíduo em meio a uma massa de indivíduos, cada um com sua própria responsabilidade sobre si.

Garoto sentado em trilho de trem com cabeça abaixada

Uma abelha responde ao extinto de sobrevivência da espécie, uma pessoa responde ao paradigma de sobrevivência da humanidade.

Porém o ser humano possui a autoconsciência, o que o individualiza como ser único. Sendo que qualquer ser individualizado que se coloque na obrigação de seguir um sentido de vida criado e disseminado pelas massas como a única verdade se encontrará em um processo que o afastará gradativamente de sua real natureza.

E qual é essa natureza?

O atributo da autoconsciência dá ao animal humano o caráter de ser único, sendo que isso lhe dá uma natureza única. Desse modo pode se dizer que a natureza de cada homem e mulher neste mundo é ser única e exercer essa natureza de maneira autêntica e individual.

É aqui que complicamos tudo, pois o indivíduo por algum motivo que não cabe explorarmos neste texto tende ainda a seguir o padrão de comportamento de manada.

Homem caminhando em deserto

Neste padrão comportamental busca-se imitar os demais e replicar “vidas”. “Fulano de tal deu muito certo no ramo imobiliário, veja como ele prospera, eu deveria fazer o mesmo.” ”Meu primo se formou em advocacia e ganha muito dinheiro, vou me matricular no mesmo curso.” “Meu pai obteve muito êxito com sua clínica veterinária, vou segui-lo.”

Baseamos nossos propósitos usando o sucesso dos outros como parâmetro. Sempre os outros, focando sempre nos demais, excluindo sempre o conceito de autoconsciência, ignorando o fato de sermos indivíduos únicos. Assim não se vive, não se vive a própria natureza.

Claro que os motivos de uma pessoa ter um conjunto de escolhas como esse são motivados por uma série de fatores, mas no fim todos esses fatores levarão ao paradigma vigente.

Um paradigma é um conjunto de crenças vigentes que determina o comportamento de toda uma sociedade. Essas crenças são passadas e reproduzidas de geração a geração e são em geral fruto de falácias e ilusões. Essas ilusões são ensinadas às crianças pelos próprios pais, pois os pais tendem a reproduzir o modo como foram criados em seus próprios filhos com alguma ou outra variação, mas com um resultado muito semelhante. Assim uma crença arcaica e limitante é mantida por séculos.

Mulher sentada em frente a janela de olhos fechados

Essas crenças têm como base manter o sistema vigente em funcionamento, e usam como sustentação as necessidades básicas de sobrevivência do ser humano, implantando em todos um falso senso de escassez, afirmando que o mundo não oferece o básico para a sobrevivência de todos, obrigando assim cada um a lutar contra o outro para garantir o mínimo para sobreviver.

Assim temos seres humanos dotados de grande capacidade criativa e analítica lutando por sobrevivência, do modo como fazem nossos irmãos animais, com a diferença de que um animal ao menos segue sua natureza.

Vemos então que a maioria das pessoas não vive, mas sim sobrevive. Isso é lutar para existir, para não morrer. Uma sobrevida. Menos que um animal, que luta, sim, para sobreviver, mas que ao menos segue sua natureza.

Tiremos então de nosso vocabulário essa palavra, passemos a viver para assim darmos sentido à nossa vida.

Mulher meditando entre a natureza com braços abertos e olhos fechados

Voltemos à nossa natureza. Como encontrar minha natureza?

Simples, encontre aquilo que lhe dá grande prazer ao fazer, mas obviamente não falo dos prazeres efêmeros e fugazes, que não sustentam uma felicidade duradoura. Os prazeres dos quais falo são aqueles obtidos por meio de um trabalho. Trabalho aqui me refiro ao conjunto de atividades realizadas com o intuito de alcançar algum propósito, e esse propósito no geral te leva a crescer.

Vejamos uma pessoa que ama ilustrar, e busca com suas obras trabalhar as mais variadas emoções no público trazendo às outras pessoas uma mensagem sobre elas mesmas ou aspectos profundos da vida. Essa pessoa busca sempre o aprimoramento de seu trabalho, e a cada nova obra terminada ela sente um estado de satisfação e puro êxtase, partindo com mais motivação e amor para a próxima.

Isso vale para qualquer profissão ou atividade. No geral a verdadeira natureza da pessoa deve trazer benefìcios para o todo em que ela está inserida, pois esse é o equilíbrio natural da vida, a natureza se mantém com a total harmonização dos seres que a permeiam e constituem, e assim deve ser conosco.

Logo devemos buscar aquilo que mais amamos fazer hoje, e encaramos com coragem o nosso compromisso para conosco, pois sim o compromisso de seguir a natureza é primeiro para consigo e depois para com os demais. Parece difícil encontrar a si mesmo, muitos pensam não serem bons em nada, pois a sociedade é moldada para que nos sintamos pequenos e incapazes. A boa é que essas crenças podem ser facilmente removidas com determinação e paciência (terapias como Thetahealing ajudam muito).

Mulher de costas meditando em montanha com montanhas e céu azul ao fundo
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O fato é que enquanto não estiver vivendo sua natureza, será como uma árvore plantada em um pequeno pote. Jamais crescerá tudo o que pode. Será sempre infeliz, tentando se distrair ou se enganar com prazeres pequenos, que são bem-vindos, sim, mas que não trarão a felicidade que você merece.

Para ajudar a encontrar sua natureza, medite sobre o que te faz profundamente feliz, aquilo que você pode fazer por horas sem jamais se cansar, aquilo do qual jamais enjoa, aquilo que te deixa elevado por muitos dias (não que te traz dores de cabeça no dia seguinte ou um grande vazio a ser preenchido), aquilo em que você é muito bom fazendo. E, se não faz ideia do que pode ser, assista e leia sobre a vida dos grandes que seguiram sua natureza, isso te ajudará a entender o sentimento de que falo.

Bom, por hoje finalizo aqui, espero que tenham gostado desta breve descrição de minha sincera visão sobre um assunto tão debatido. Eu mesmo tenho vivido o “desafio” de aceitar minha natureza e vivê-la, sendo parte dela ajudar aos demais a encontrar a sua própria.

Fiquem bem e vivam!

Sobre o autor

Andrews Amoramar

Anos atrás surgia por estas terras um pequeno garoto, um garoto que amou logo de cara o que viu. Um pequeno sonhador, explorador do quintal de casa, curioso pelas coisas afora. Esse pequeno amava desde cedo criar, e explorava sua criatividade com uma folha e lápis na mão, desenhando seus personagens preferidos.

Os anos passaram e o pequeno esticou em tamanho, porém a curiosidade e a ânsia em criar se mantiveram as mesmas. Hoje o garoto tem novas ferramentas e conhecimento para explorar mais e mais. Hoje o quintal é maior, relativamente maior. As experiências muito mais desafiadoras e às vezes assustadoras, mas o desafio maior é manter viva a alegria do garoto, mesmo em meio a tantos obstáculos.

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