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Sintomas de intolerância à lactose

Imagem de uma jarra e um copo de vidro com leite puro. Ao fundo uma plantação e uma flor de girassol.
Foto por Couleur no Pixabay
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Costuma sentir mal-estar, desconforto abdominal ou inchaço após a ingestão de leite e derivados? Se a resposta for afirmativa, é provável que você esteja sentindo os sintomas de intolerância à lactose, no entanto não se preocupe. Essa condição é mais comum do que parece e, embora não exista tratamento ou cura, é possível fazer uso de suplementos ou então optar pela versão sem lactose de certos alimentos.

O que é a intolerância à lactose?

A intolerância à lactose foi descrita por Hipócrates, o “pai da medicina ocidental”, por volta de 400 a.C. Trata-se de uma disfunção gastrointestinal que se manifesta cerca de 30 a 120 minutos após a ingestão de alimentos ou bebidas à base de lactose. Isso ocorre pois as pessoas afetadas por essa condição sofrem com a insuficiência da produção da enzima lactase, responsável pela digestão da lactose no intestino.

De acordo com um estudo finlandês publicado em 2002, a origem da intolerância à lactose estaria associada a uma mutação genética ocorrida cerca de 10 mil anos atrás. Durante o período conhecido como revolução neolítica, os seres humanos teriam começado a consumir o leite das vacas. Porém, devido a essa mutação, somente alguns foram capazes de produzir a enzima lactase, a qual teria sido herdada posteriormente por seus descendentes.

Atualmente, estima-se que entre 60% e 70% da população mundial sejam afetados em algum nível por essa condição. A maior prevalência de pessoas intolerantes à lactose ocorre nos continentes africano e asiático.

Tipos de intolerância à lactose

A literatura médica reconhece três tipos de intolerância à lactose: primária, secundária e congênita.

A intolerância à lactose primária, também conhecida como hipolactasia primária, é causada pela redução da quantidade da enzima lactase no intestino conforme a pessoa vai envelhecendo. Dessa forma, sua incidência é maior entre pessoas de idade mais avançada.

Imagem de duas garrafas plásticas de leite sobre uma bancada.
Foto por Foundry Co no Pixabay

Já a secundária está associada a alguma cirurgia, infecção, inflamação intestinal ou outros agravantes que fazem com que o intestino delgado reduza a produção da enzima lactase. Certas condições gastrointestinais podem também ser responsáveis pela intolerância secundária, por exemplo doença de Crohn, gastroenterite e doença celíaca.

Por fim, a intolerância congênita acontece pela herança genética transmitida entre gerações. Ela ocorre quando tanto o pai quanto a mãe passam para o filho o gene da intolerância à lactose.

Sintomas de intolerância à lactose

Normalmente os sintomas têm início entre 30 minutos e duas horas após a ingestão de bebidas ou alimentos produzidos à base de lactose. Os mais comuns são diarreia, náuseas, desconforto abdominal com cólicas e flatulência. Algumas pessoas ainda relatam sentir inchaço na região do abdômen, vômitos, indigestão e sensação de mal-estar.

A intensidade dos sintomas de intolerância à lactose pode variar de pessoa para pessoa. Fatores como o grau de insuficiência da enzima lactase no organismo, bem como a quantidade de laticínios presente na dieta diária, determinarão o nível de desconforto pelo qual o intolerante à lactose passará.

Quando devo procurar ajuda?

Estima-se que no Brasil aproximadamente 40% da população tenham algum grau de intolerância à lactose. Entretanto, de acordo com pesquisa Datafolha, apenas 4% dos entrevistados que apresentaram algum dos sintomas de intolerância à lactose foram atrás de auxílio médico. Dessa porcentagem, somente 1% foi diagnosticado com essa condição.

Embora a intolerância à lactose seja facilmente diagnosticada pela própria pessoa, é necessário ir em busca do diagnóstico de um especialista. Dessa forma, é possível descartar doenças secundárias ou até mesmo uma possível confusão com a alergia a leite e seus derivados.

Imagem de um copo de vidro com um pouco de leite puro.
Foto por Devanath no Pixabay

Apesar de soarem parecidas, a intolerância à lactose e a alergia a leite são duas condições distintas, com diferentes implicações no organismo das pessoas. Diferentemente das pessoas intolerantes, o corpo dos alérgicos reage com uma resposta imunológica à presença do leite, isto é, ele identifica a proteína presente no leite como um corpo estranho, e sua resposta é a produção de enzimas para combatê-lo.

Além dos possíveis sintomas gastrointestinais – que fazem com que muita gente confunda a alergia com os sintomas de intolerância à lactose –, a pessoa alérgica pode sofrer de urticária, angioedema (inchaço dos lábios e dos olhos), dificuldade para respirar e até mesmo choque anafilático. Por isso é necessário prestar atenção às manifestações do seu corpo e sempre buscar o diagnóstico médico para confirmar se você sofre com essa condição ou não.

Como é feito o diagnóstico?

É comum que algumas pessoas sejam mais sensíveis a laticínios e sintam, depois de exagerar no queijo e no leite, os mesmos sintomas de intolerância à lactose. Porém a única maneira eficaz de saber se você tem essa condição é buscar o diagnóstico de um especialista. É possível que o médico solicite alguns exames. Os mais comuns entre eles são os de tolerância à lactose, de hidrogênio expirado e de medidor de ácidos presentes nas fezes.

No exame de tolerância à lactose, o paciente bebe um líquido rico em lactose. Em seguida, realiza-se um exame de sangue para verificar-se a quantidade de glicose presente na corrente sanguínea.

Imagem de um copo de vidro sendo abastecido com leite puro.
Foto por Devanath no Pixabay

Já para o exame de hidrogênio expirado, o paciente deve ingerir também um líquido com alto teor de lactose. Depois é analisada a quantidade de hidrogênio presente no hálito da pessoa.

Ainda é possível chegar ao diagnóstico a partir de um medidor de ácidos. Por meio de um exame de fezes, observa-se a presença de ácido láctico expelido pelo organismo.

Há ainda o teste de observação. Nesse caso, o paciente exclui, por um período não maior do que uma semana, alimentos com lactose em sua composição. Após esse período, realiza-se um teste: ele ingere um pouco de leite e aguarda a reação do organismo. Se os sintomas de intolerância à lactose se manifestarem novamente, é importante buscar um especialista.

Tenho intolerância à lactose. E agora?

Embora não exista um tratamento definitivo para a insuficiência de produção de lactase no organismo, a intolerância à lactose é facilmente controlada, além de haver algumas alternativas para contornar essa desagradável condição.

Em casos de recém-nascidos, em que o leite é essencial para sua formação e seu desenvolvimento, recomenda-se o uso do leite de soja, que não apresenta lactose em sua composição.

Já para crianças, jovens e adultos, além do leite de soja, há outras opções. Uma delas são as cápsulas de lactase, as quais são ingeridas antes do consumo de leites e derivados. Há ainda sachês com essa enzima, que podem ser dissolvidos no copo de leite. No entanto, antes de consumi-los, é necessário buscar a opinião de um especialista.

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Dependendo do nível de intolerância, a pessoa pode fragmentar a ingestão de lactose ao longo do dia. Ao optar pela ingestão de pequenas porções de alimentos ricos em leite (tais como alguns tipos pães, massas, bolachas, entre outros), não se sobrecarrega o intestino delgado com esse açúcar.

No entanto, vale ressaltar que isso depende de quão intolerante a pessoa é a essa substância. Em casos mais extremos, pequenas quantidades já são suficientes para desencadear todos os sintomas. Se esse for o caso, busque a opinião de um especialista. Ele irá te orientar da melhor forma possível, oferecendo alternativas, montando um cardápio a ser seguido e realizando um acompanhamento nutricional.

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