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Talvez você não seja terapeuta, apenas alguém que estudou terapias

No foco da imagem, há uma psicóloga anotando em uma folha, enquanto seu paciente fala.
SHVETS production / Pexels / Canva
Escrito por Giselli Duarte

Você já pensou que estudar terapias não significa, necessariamente, ser terapeuta? Teoria sem vivência pode soar convincente, mas será que sustenta o cuidado real? Descubra no artigo a reflexão que pode mudar sua forma de enxergar o caminho terapêutico!

Nos últimos anos, as formações em terapias complementares se multiplicaram. Cursos de psicanálise, bioenergética, Reiki, Kundalini, constelações, entre tantos outros, atraem pessoas em busca de conhecimento, novas profissões ou até respostas pessoais. O fenômeno é positivo, pois amplia o acesso a práticas de cuidado. Mas há uma questão que precisa ser encarada de frente: muitos concluem formações sem nunca terem vivido, de fato, aquilo que se propõem a oferecer.

É comum encontrar psicanalistas que nunca passaram por análise, reikianos que nunca receberam uma aplicação, terapeutas de Kundalini que evitam as vivências durante a própria formação. Esse comportamento revela uma contradição difícil de ignorar. Porque, sem se deixar atravessar pela experiência, a pessoa permanece apenas no campo da teoria. E teoria, por mais fascinante que seja, não transforma ninguém em terapeuta.

O cuidado exige prática vivida. Quando alguém recusa esse contato, a relação com a técnica se torna estéril. O que resta é repetir conceitos, sem compreender a profundidade do processo. É como tentar ensinar natação sem nunca ter entrado na água. O discurso pode soar convincente, mas carece de enraizamento.

Formar-se em qualquer abordagem terapêutica não é apenas acumular conhecimento. É também aceitar o desconforto de se colocar no lugar de cliente, de permitir que outros toquem feridas, de se expor às próprias contradições. Essa travessia constrói maturidade. É nela que o terapeuta aprende a respeitar limites, a reconhecer fragilidades e a cultivar humildade. Sem isso, o risco é atuar como repetidor de técnicas, e não como cuidador consciente.

Uma paciente está sentada em um sofá ao lado de sua terapeuta. Ela está em uma sessão de terapia e elas conversam.
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Recusar vivências durante a formação pode até parecer um detalhe, mas revela algo maior. Se uma pessoa evita a experiência em si, como poderá oferecer esse mesmo caminho com segurança a outros? Como sustentará um campo que ela mesma nunca explorou? O terapeuta que se limita à teoria cria uma distância entre o que fala e o que pratica. Essa distância mina a confiança, a qual é a base de qualquer relação terapêutica.

Viver o processo é também um exercício de ética. Quem passa pela experiência entende que cada prática tem impacto emocional, físico e simbólico. Percebe que não se trata de aplicar protocolos de forma automática. Aprende que o cuidado envolve escuta, presença e responsabilidade. E só quem atravessa isso sabe reconhecer quando é hora de avançar, quando é hora de pausar e quando é hora de encaminhar.

A postura de evitar vivências pode nascer do medo. Medo de acessar dores próprias, medo de perder o controle, medo de ser visto em vulnerabilidade. Mas é justamente esse mergulho que oferece profundidade à atuação terapêutica. Fugir dele é escolher permanecer em um lugar raso, onde o certificado vale mais do que a experiência.

Ser terapeuta não é um título. É uma prática que se renova a cada sessão, em cada escuta, em cada limite reconhecido. Não se aprende apenas em apostilas ou videoaulas. Se constrói na relação com o outro e, antes disso, na relação consigo mesmo. Quem se forma mas não vive o processo, permanece como estudante. E não há problema algum em ser estudante. O problema é se apresentar como terapeuta sem ter atravessado o caminho que pretende oferecer.

Uma psicóloga está em uma sessão de terapia com um paciente. O paciente fala e ela escreve algumas notas no seu caderno.
Polina Zimmerman / Pexels / Canva

Essa incoerência gera consequências sérias. Os clientes percebem quando a fala não tem lastro. Sentem quando a presença é superficial, quando as orientações soam decoradas. O cuidado perde força. A confiança se quebra. E, em casos mais graves, pessoas vulneráveis podem sair ainda mais fragilizadas de um encontro terapêutico.

A responsabilidade, portanto, começa na formação. Aceitar cada vivência, ainda que desconfortável, é parte do aprendizado. É nesse espaço que se aprende a lidar com resistências, medos e dores que também estarão presentes nos futuros clientes. Fugir disso não protege, apenas adia a confrontação. E, quando a confrontação vier, será durante um atendimento, colocando outra pessoa em risco.

O caminho da terapia não é confortável. Envolve expor-se, rever crenças, reconhecer contradições, olhar para fragilidades. Mas é exatamente por isso que ele transforma. E só quem atravessa esse campo pode se oferecer, com seriedade, para caminhar junto com outro ser humano.

Se você fez uma formação e nunca se permitiu viver a prática, talvez seja a hora de se perguntar: estou preparado para cuidar de alguém? Ou apenas acumulei informações? Essa reflexão não diminui ninguém. Pelo contrário, pode abrir a chance de escolher com mais clareza se o caminho terapêutico é de fato o seu.

Não basta estudar. É preciso se deixar atravessar. É nesse atravessamento que nasce o terapeuta. Sem ele, resta apenas um certificado na parede.

Sobre o autor

Giselli Duarte

Sempre fui movida pela busca por novos aprendizados.
Minha trajetória percorreu diferentes áreas, desde a carreira corporativa até experiências pouco convencionais, como um curso de DJ. Essa diversidade ampliou minhas perspectivas e me trouxe a compreensão de que cada fase contribui para o trabalho que realizo hoje.

Com espírito empreendedor desde cedo, comecei a trabalhar aos 14 anos como jovem aprendiz e, aos 21, legalizei meu primeiro negócio. Desde então, criei e participei de projetos diversos, sempre unindo consistência e visão estratégica.

Atuei como profissional PJ em projetos para empresas de diferentes setores, incluindo engenharia, startups, agências de comunicação e administração de condomínios, conciliando o empreendedorismo com projetos fixos. Essa experiência trouxe visão prática sobre diferentes modelos de negócios e a capacidade de orientar profissionais em diversos momentos da carreira.

A experiência com o burnout transformou a forma como conduzo minha vida e minha atuação profissional. Encontrei no Yoga e na Meditação o caminho de reconexão, o que me levou à formação em Hatha Yoga e à especialização em terapias naturais.

Compartilho esse conhecimento como colunista no Portal Eu Sem Fronteiras e como instrutora de meditação nas plataformas Insight Timer e Aura Health, onde também atuo como podcaster, oferecendo práticas que ajudam a cultivar presença e equilíbrio.

Como autora, publiquei os livros No Caminho do Autoconhecimento e Lado B, registrando reflexões e vivências que me conduziram a um olhar mais consciente sobre a vida.

Sou graduada em Marketing, pós-graduada no MBA em Gestão Estratégica de Negócios, com especializações em Design Gráfico e Inteligência Artificial aplicada a Growth Marketing. No momento, estou concluindo duas pós-graduações, uma em Inteligência Emocional e outra em Psicanálise.

Concluí também a Formação de Instrutores de Yoga para Crianças, Jovens e Yoga na Educação, ampliando minha visão sobre o bem-estar em todas as fases da vida.

Hoje, à frente da Terapeutas Digitais, auxilio profissionais da área terapêutica a fortalecerem suas marcas e a se posicionarem no digital de forma consciente e coerente com seus valores. Atuo como mentora de negócios, incentivando e conduzindo profissionais no caminho do empreendedorismo ao longo da minha trajetória. Atualmente, também sou mentora da RME – Rede Mulher Empreendedora, ampliando esse propósito.

Acredito que negócios alinhados com quem somos têm mais impacto e significado. É assim que escolho atuar e é esse o caminho que sigo construindo.

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Meditação para quem não sabe meditar

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