Convivendo Educação

Tecnologia, educação e inclusão

Smiling school kids using a digital tablet in classroom at school

Queria muito escrever sobre algo inovador, algo que pudesse encher as pessoas com necessidades especiais e seus familiares de esperança de melhores condições de acessibilidade, segurança, educação e qualidade de vida, mas só conseguirei mesmo escrever sobre a necessidade de inovarmos a cada manhã, quando acordamos e descobrimos que temos o privilégio de ter mais uma chance de trabalhar e ajudar pessoas especiais.

Por isso, acho que esse texto é para você professor, que tem em 2017 mais um grande desafio, especialmente diante das propostas de mudanças na organização da educação brasileira.

Passamos o ano de 2016 ouvindo falar de tantas inovações tecnológicas, em especial nos meios de comunicação. Da explosão de usuários do WhatsApp, dos recursos de acessibilidade virtual, da importância da audiodescrição, da necessidade dos intérpretes de Libras para os alunos surdos e também em outros setores da sociedade, do direito dos deficientes de terem profissional de apoio em sala, etc.

Para quem lida com educação especial e inclusiva, são infinitas as possibilidades, basta uma busca pelos sites e blogs disponíveis na internet para conhecer o vasto mundo de possibilidades e técnicas de ensino para estes alunos

Pudemos ler sobre as novas metodologias de ensino, como a sala de aula invertida, metodologias ativas, o uso dos tablets no auxílio ao ensino, educação à distância cada vez mais mediada pelos meios digitais, currículos com carga horária virtual… Sim, muitas formas de reduzir os custos, encurtar distâncias e alcançar outro público.

Para quem lida com educação especial e inclusiva, são infinitas as possibilidades, basta uma busca pelos sites e blogs disponíveis na internet para conhecer o vasto mundo de possibilidades e técnicas de ensino para estes alunos. Entretanto, o que não é infinito são os investimentos das políticas públicas na implantação e gerenciamento de tantos recursos, bem como na formação continuada de professores e gestores para mudarem seus discursos e práticas com esses alunos.

São muitos os relatos de professores com alunos especiais que conseguiram algum avanço, o que é fantástico, dadas as condições de nossas escolas públicas por esse Brasil afora. Essa é a grande inovação e a esperança para milhares de crianças especiais: a vontade de fazer a diferença de muitos educadores e gestores.

Recentemente ao proferir uma palestra sobre tecnologia, educação e inclusão em uma diretoria de ensino do interior de São Paulo, pude ajudar os professores e gestores a refletirem sobre a importância de olharem para os recursos de que dispõem na escola, como a tecnologia. Afinal, os poucos computadores que funcionam nas escolas públicas, o retroprojetor que anda guardado por ser encarado como obsoleto, os livros didáticos e paradidáticos, televisão, rádio, etc., são recursos para inovar, basta pensar no seguinte: tecnologia significa pensar na técnica, neste caso, técnica de ensino.

Infelizmente, nunca pensamos na tecnologia como ferramenta ou meio para ensinar, mas como um fim em si mesmo, ou seja, desvalorizamos o que podemos fazer com os materiais que temos, e em uma atitude de espera pelo que não chega na escola, os alunos perdem, especialmente os alunos com necessidades especiais. Não se trata de uma postura conformista, ou melhor dizendo, vamos quebrar o galho com o que temos. Não. Trata-se de inovar, de buscar a cada dia uma forma de lidar com as dificuldades de ensino-aprendizagem.

Como professora, sei que o novo ano traz inúmeros desafios, por isso quero dizer que não podemos desanimar, afinal a escola que temos, ainda não é a que queremos, mas o que será dela se desistirmos?

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“Só existem dois dias do ano em que não podemos fazer nada: o ontem e o amanhã.”

Mahatma Gandhi

Referências

Os desafios da inclusão escolar no século XXI
As tecnologias nas práticas pedagógicas inclusivas
Tecnologias na educação especial
Inclusão: o que as escolas precisam mudar?

Sobre o autor

Prof.ª Dra. Ruth Maria Rodrigues Gare

Doutora em Educação com pesquisa na área de letramento de surdos e formação de professores. Formação em Publicidade/Propaganda; Letras e Pedagogia. Especialista em Libras, Educação Empreendedora, Gestão Escolar, Design Instrucional EaD e Aperfeiçoamento em Atendimento Educacional Especializado. Pós-doutora em Educação pela Universidade São Francisco com pesquisa na área de educação de surdos em aspectos linguísticos textuais. Atuou como docente de Libras na Universidade São Francisco por 7 anos e como docente em curso de pós-­graduação de Libras com disciplinas voltadas ao ensino de português ao surdo e produção de material pedagógico na Faculdade de Jaguariúna. Atualmente é docente com dedicação exclusiva na PUC­ Campinas onde atua desde 2014, quando do regresso de doutorado sanduíche na Universidade do Minho em Portugal.